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O que é o Fascismo?

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Por Ricardo Lengruber
12/08/19 - 09:33

Estamos assistindo a emergência de governos conservadores (e mesmo reacionários) pelo mundo afora, e com isso o termo fascismo voltou a ocupar nosso vocabulário. Mas, afinal, o que é fascismo?

O primeiro teórico do fascismo foi o jurista alemão Carl Schmitt, que na década de 1920 criticava a incapacidade de democracias para lidar com momentos de crise.

Schmitt criou uma proposta de sistema que compatibilizava o liberalismo econômico com o antiliberalismo político.

Outra autora importante pra gente compreender o fascismo e Hanna Arendt. Um conceito observado por ela é a “banalidade do mal”, que aparece por exemplo na indiferença ou na adesão à violência policial contra excluídos, na censura às artes, na perseguição ao conhecimento e à pesquisa na academia.

Uma série de autores, hoje, neste momento em que uma onda de direita com tons radicais começa a alcançar democraticamente o poder em vários países, propõe novas leituras. Dois, em especial, ajudam na compreensão: Jason Stanley e Madeleine Albright. Ambos chegam a conclusões parecidas.

“O fascismo é um método de fazer política”. “É uma técnica para chegar ao poder.” “Oferece soluções simples para questões complexas em tempos de crise”. “Fascistas subvertem, desacreditam e eliminam as instituições liberais da sociedade”.

Para esses autores, o fascismo constrói uma narrativa de que parte da sociedade se enxerga como vítima; baseada na mentira, numa tentativa de obscurecer a verdade; são movimentos extremamente masculinizados, carregados de símbolos ligados à hombridade, às armas; e são muito mobilizados em torno do que consideram ser uma decadência sexual.

Além dessas características, vale a pena lembrar do pensador italiano Umberto Eco que aponta para o fato de que há uma tendência, uma mentalidade fascista permanente, que ele chama de "fascismo eterno". Eco descreve características do que são recorrentes: culto da tradição; rejeição do modernismo; culto da ação pela ação; todos são educados para se tornarem heróis; discordância é traição; medo da diferença; apelo à frustração social; obsessão pela conspiração; o inimigo é ao mesmo tempo forte e fraco; o pacifismo é visto como conluio com os inimigos; desprezo pelos fracos; machismo e porte de armas; populismo; e linguagem pobre.

Além de tudo isso, é preciso destacar o aspecto psicológico do fascismo. A adesão não é meramente um gesto racional de repulsa ao sistema estabelecido. O fascismo tem, em sua estruturação, um forte acento psicológico, inconsciente, emocional e, mesmo, de irracionalidade.

Segundo Reich, “o fascismo é a atitude emocional básica do homem oprimido da civilização autoritária da máquina, com sua maneira mística e mecanicista de encarar a vida. É o caráter mecanicista e místico do homem moderno que cria os partidos fascistas, e não vice-versa.”

Pode parecer contraditório, mas Reich identifica nessas duas dimensões – no mecanicismo e no misticismo –a incubadora do fascismo. Não é uma questão de mais ou menos cultura formal acadêmica ou artística. Tem a ver com emoção, inconsciente, sentimento e instinto.

É isso, há que se manter a atenção. O fascismo, por mais improvável que pereça, ronda nosso tempo. Ronda nossa casa. Ronda nossa mente. E é um risco real.


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