Nova Faol anuncia mudanças em horários de ônibus e Prefeitura de Nova Friburgo responde
Empresa comunicou novos horários alegando corte de gastos. Executivo questionou responsabilidade pelo transporte público na cidade
Empresa responsável pelo transporte público de Nova Friburgo anunciou mudanças em horários de 11 linhas alegando corte de gastos
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Foto: Reprodução/Portal Multiplix
A questão que envolve o transporte público de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, ganhou um novo capítulo neste final de semana. Isso porque a concessionária responsável pelo serviço, a Friburgo Auto Ônibus (Nova Faol) anunciou alterações de horários em onze linhas. Em seguida, a prefeitura respondeu à empresa através de pronunciamento do prefeito Johnny Maycon pelo Facebook.
A Faol informou, através das redes sociais, que em razão do aumento dos preços dos insumos, da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus e da queda de receita, a empresa passará por corte de gastos.
Assim, anunciou alterações nas seguintes linhas a partir desta segunda-feira, dia 15 de março:
- Cordoeira (micro)
- Tingly/Braunes
- São Cristóvão/Perissê
- Santo André/Marajói
- Maringá/Progresso
- Schuenck
- Alto do Mozer
- Alto de Olaria (micro)
- Vargem Alta
- Rio Bonito
- Rio Grande de Cima
Neste domingo, 14, o prefeito Johnny Maycon postou um vídeo em suas redes sociais falando sobre a situação do transporte público na cidade.
Segundo o chefe do Poder Executivo, a “Nova Faol ficou 28 meses sem contrato no governo anterior e passou 10 meses de pandemia nele. Nunca reclamou de ausência de contrato.”
“As coisas eram ditadas pela empresa, não pelo município. Tanto é que foi permitido no passado à empresa demitir centenas de funcionários e reduzir dezenas de ônibus, aumentando o seu lucro e comprometendo a qualidade do serviço. O atual governo está fazendo de tudo para regularizar esse quadro. Essa situação que se apresenta é resultado da falta de licitação no governo anterior, que tinha o dever e teve o tempo para fazê-lo. E não o fez. É impossível, nos termos da lei, regularizar uma situação da noite para o dia que não foi resolvida em mais de dois anos, até porque é necessário a realização de um estudo minucioso para garantir uma licitação de concessão de transporte coletivo moderno e de qualidade”, declarou o prefeito na postagem.
Além disso, o prefeito de Nova Friburgo destaca que nas tratativas para celebração de um novo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), a empresa está apresentando o valor de tarifa de R$ 5,90.
“É o cúmulo do absurdo, tendo obviamente a nossa rejeição quanto à proposta. Além disso, está se esquivando quanto à colocação de um dispositivo no TAC que garanta ao Município aplicação de penalidades, algo que infelizmente não é possível desde o vencimento do contrato, em setembro de 2018”, revela Johnny Maycon.
Entenda o caso
O contrato com a concessionária de ônibus terminou no dia 23 de setembro de 2018. Na ocasião, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi firmado entre o MPRJ, a prefeitura e a empresa responsável pelo transporte, dando continuidade aos serviços prestados pela Nova Faol, até que o novo edital fosse elaborado.
Uma versão inicial do edital foi liberada em janeiro de 2019 pela prefeitura, para consulta e envio de sugestões da população e das empresas interessadas em participar da licitação. Após análise das opiniões, a Prefeitura de Nova Friburgo organizou uma audiência pública, em março, para divulgação das informações coletadas.
A reunião recebeu pouca adesão da população e, por esse motivo, à época, a Comissão de Acompanhamento e Fiscalização dos Serviços Públicos e Concedidos e Apoio aos Usuários da Câmara de Vereadores da cidade agendou uma série de três audiências, dessa vez no fim do dia, para contar com a participação dos usuários do serviço, na sede do legislativo.
Após as audiências da Câmara, a Prefeitura de Nova Friburgo publicou no dia 27 de abril de 2019, no Diário Oficial do Município, o edital definitivo para a licitação do transporte público na cidade.
Poucos dias após a publicação, a Nova Faol protocolou um pedido de impugnação do edital do transporte público na Subsecretaria de Compras e Licitações. O pedido foi negado pela prefeitura na semana seguinte, alegando não ter encontrado as irregularidades apontadas pela empresa.
Além da suspensão do edital pelo TCE-RJ no dia 14 de junho, quase um mês depois, em 8 de julho, a Justiça aceitou pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) para que a licitação do transporte público da cidade ficasse suspensa por 60 dias.
A justificativa era que, para que a licitação ocorresse, o TCE deveria emitir um parecer contendo a análise do edital, o que ainda não tinha ocorrido.
No dia 17 de julho de 2019, a corte de contas estadual, em sessão plenária, manteve a suspensão do certame, por unanimidade, ao contestar 34 pontos do edital.
Já em novembro do mesmo ano, o TCE-RJ manteve o certame suspenso até que as irregularidades fossem sanadas.
Em 18 de março de 2020, em meio à pandemia do novo coronavírus, o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro liberou o edital de transporte público. O TCE destacou que a Prefeitura de Nova Friburgo adotou todas as medidas determinadas pelo órgão.
Licitação
Assim, o processo licitatório foi dividido em dois lotes pela gestão anterior. O primeiro teria um lance inicial de R$ 5.490.313,92 e o segundo lote de R$ 6.026.398,56, segundo as informações que estão no site da prefeitura na época.
O documento ainda determinava que o valor deveria ser pago em 108 parcelas mensais iguais, sendo a primeira parcela 30 dias após a assinatura do contrato.
O contrato com a empresa vencedora seria de dez anos.
Assim, nos dias 25 de agosto e 15 de outubro, foram realizadas sessões para escolher a empresa vencedora da licitação, porém, não houve apresentação de propostas e o certame seguiu sem acontecer.
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