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Renascimento: mais de 200 cavalos-marinhos são avistados na Lagoa de Araruama

Espécie está ameaçada de extinção. Pesquisadora explica retorno desses animais à laguna

Por Mateus Marinho
09/11/21 - 10:04
Renascimento: mais de 200 cavalos-marinhos são avistados na Lagoa de Araruama Mais de 200 cavalos-marinhos já foram vistos na Lagoa de Araruama em 2021 | Foto: Projeto Cavalos-Marinhos/RJ

A Lagoa de Araruama, na Região dos Lagos do Rio, recebeu um visitante ilustre. Um não, vários. Centenas de cavalos-marinhos foram avistados por especialistas e moradores nas últimas semanas em todos os municípios do entorno da lagoa.

A espécie não é habitualmente vista no local, principalmente por causa da qualidade da água, que há anos não tem sido própria para receber os cavalos-marinhos, que são animais ultrassensíveis e que só habitam águas limpas e livres de poluição.

Mas, de acordo com um relatório emitido em setembro deste ano pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), a lagoa está com 85% das praias com águas próprias para o banho.

Mesmo assim, essa aparição chama a atenção de especialistas. Pesquisadores do Projeto Cavalos-Marinhos, do Rio de Janeiro, que monitoram a Lagoa de Araruama, já catalogaram mais de 200 animais na área de maio até setembro desse ano. O monitoramento começou em maio.

O cavalo-marinho corre sério risco de extinçãoO cavalo-marinho corre sério risco de extinção | Foto: Projeto Cavalos-Marinhos/RJ

Os pesquisadores analisam requisitos como a quantidade de animais, a proporção de machos e fêmeas, e de adultos para jovens; o estágio reprodutivo e o tipo de comportamento que eles apresentam.

“Esse conjunto de fatores nos mostra como está a saúde dessa população. Também fazemos uma marcação visual de cada um, por meio de fotografias do topo da cabeça dos animais, onde fica uma estrutura óssea chamada de coroa. Elas são como a nossa impressão digital, ou seja, são únicas”, explica Natalie Freret-Meurer, coordenadora do Projeto Cavalos-Marinhos.

A espécie cadastrada é o Cavalo-Marinho do Focinho Longo, muito comum na costa brasileira e no litoral do estado do Rio de Janeiro.

Além da análise do animal, também é feita a coleta da água. A lagoa, que parece mais limpa em alguns pontos, permanece recebendo dejetos.

“Analisamos parâmetros como: salinidade, temperatura, PH, amônia e nitrito. Fazemos o acompanhamento da água de junho até hoje e ela está com nitrogênio alterado, o que caracteriza a entrada de esgoto na água, apesar da água estar cristalina em alguns pontos”, detalha Natalie.

De acordo com a pesquisadora, fenômenos climáticos podem estar influenciando no aparecimento dos cavalos-marinhos na lagoa:

“O fenômeno “La Niña” pode estar influenciando na entrada desses animais na Lagoa de Araruama. Mas só o tempo vai poder esclarecer essas questões, ainda é muito cedo para podermos afirmar, o estudo ainda está no início. Mas pra gente está bem claro que eles acharam um nicho disponível, se adaptaram e estão até se reproduzindo na lagoa” – ressalta Natalie.

A Lagoa de Araruama, cuja terminologia mais precisa seria "laguna”, é a maior lagoa hipersalina do mundo. Ela banha seis cidades da Região dos Lagos: Araruama, Saquarema, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Arraial do Cabo e Cabo Frio.

O cavalo-marinho

Existem três espécies de cavalos-marinhos no Brasil, o cavalo-marinho de focinho-longo (hippocampus reidi), o cavalo-marinho-de-focinho-curto (hippocampus erectus) e o cavalo-marinho (hippocampus patagonicus). Esses animais podem ser encontrados em manguezais, recifes de corais, recifes rochosos e bancos de gramas marinhas.

No estado do Rio, a distribuição desses animais é bem ampla, podendo ser encontrados na região da Costa Verde (Angra dos Reis e Parati) até a Costa do Sol (Arraial do Cabo e Armação de Búzios).

Os cavalos-marinhos machos têm uma bolsa ventral que incuba os filhotes. O Projeto Cavalos-Marinho já registrou mais de 1.800 filhotes nascendo de um mesmo macho. A incubação dura cerca de 20 dias.

Os filhotes nascem através de contrações da bolsa incubadora e sua aparência se assemelha bastante a um cavalo-marinho adulto. O tamanho desses animais varia muito, mas já houve registro de um animal com 21cm em Búzios.

A pesca acidental e a coleta para criação em aquário são as maiores causas do desaparecimento do animalA pesca acidental e a coleta para criação em aquário são as maiores causas do desaparecimento do animal | Foto: Projeto Cavalos-Marinhos/RJ

Animais ameaçados de extinção

Os cavalos-marinhos são peixes ósseos muito comuns em toda a costa brasileira, mas eles estão ameaçados de extinção. Isso porque a espécie é considerada por alguns como uma iguaria e também é usada para fins medicinais por comunidades locais do litoral (acreditam que o cavalo-marinho supostamente poderia aliviar sintomas da asma).

Outros fatores que colocam em risco a espécie é a perda de habitat natural, além da poluição e acidificação dos oceanos (que é a redução do pH dos oceanos). Além disso, a espécie sofre com a aquariofilia, que é a prática de capturar animais marinhos para criação em aquários.

Natalie explica que o cavalo-marinho não é propriamente alvo de pesca:

“Ele é o que chamamos de fauna acompanhante. Ele acaba vindo associado nas redes de pesca destinadas a outros animais. Só em 2020, cerca de 30 milhões de cavalos-marinhos foram coletados dessa forma no mundo, o que é um número assustador em se tratando de um animal ameaçado de extinção."

A pesquisadora finaliza ainda com um alerta:

No Brasil, os cavalos-marinhos são protegidos pela portaria 445 do Ministério do Meio Ambiente, o que torna a captura ilegal, sendo crime ambiental a coleta e o transporte dele.

Veja outras notícias das Regiões Serrana e dos Lagos do Rio no Portal Multiplix.


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