Alerj aprova lei que estabelece peso máximo de material na mochila de estudantes

Além de causar desconforto, o excesso de peso transportado por estudantes em suas mochilas pode causar danos à postura e problemas na coluna a curto e longo prazo. Na última terça-feira, 26 de março, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou o projeto de lei nº 2.772/97, com a proposta de assegurar o máximo de peso a ser transportado por estudantes, abrangendo alunos da creche ao ensino médio. A lei anterior restringia o limite de peso apenas para alunos da pré-escola e do ensino fundamental.

De autoria do ex-deputado Paulo Ramos, o projeto de lei prevê que o peso máximo do material escolar transportado por alunos das escolas públicas e privadas passa a ser limitado a 5% do peso corporal do estudante, no caso de alunos de creches e pré-escolar, e 10% para os dos ensinos fundamental e médio.

Segundo o ortopedista Paulo Sérgio dos Santos, o excesso de peso pode causar fadiga muscular na região cervical e dorsal alta e na musculatura dos ombros, quando o peso é colocado em um só lado do ombro; fadiga muscular no braço (ou braços), no cotovelo, punho, mão e dedos quando a mochila pesada é levada pela mão.

“Essa fadiga manifesta-se como cansaço muscular que, com a progressão, evolui para dor, podendo causar posturas viciosas, que podem culminar com a piora da dor”, afirma.

No entanto, para Paulo Sérgio, a falha na lei é que ela não atentou para a biologia e fisiologia de cada indivíduo, por se ater apenas ao peso corporal do estudante.

“É uma visão muito simplista restringir a lei ao peso do estudante. O fato do indivíduo ser mais pesado não significa que ele seja mais forte. A gordura aumenta o peso mas não dá mais força, isso é trabalho da musculatura. Uma pessoa com peso normal para a estatura tem a massa muscular maior, com menos gordura, então, obviamente, tem mais resistência e mais capacidade de carregar peso, embora seja mais leve. O mais pesado, normalmente não tem essa capacidade. A massa é substituída por gordura e isso não é sinônimo de força. A lei precisaria considerar outras variantes. Podem haver casos também do jovem ser magro, com peso normal, mas ter alguma patologia ou deficiência que, por algum motivo anatômico, possa fazer com que ele não tenha capacidade e não deva pegar peso. A lei está genérica, não poderia ser relativa ao peso, cada caso deveria ser julgado individualmente”, diz.

De acordo com o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), o uso inadequado de mochilas ou bolsas pode causar um desvio lateral da coluna chamado de escoliose. A postura inadequada ao sentar com os ombros para frente, sem encostar a coluna na cadeira, também pode ocasionar um desvio postural chamado de hipercifose dorsal. Então, quando os pais observarem algum tipo de desvio ou queixa da criança ou do jovem, devem procurar um ortopedista.

O projeto de lei nº 2.772/97 segue para o governador Wilson Witzel, que tem até 15 dias úteis para sancionar ou vetar a iniciativa.

Dicas para diminuir o peso das mochilas

• Arrumar a mochila diariamente, levando apenas o básico a ser usado no dia de aula;

• Substituir o caderno grosso de dez matérias por um para cada matéria ou utilizar fichário;

• Dar preferência aos modelos de mochilas com alças acolchoadas largas e que não excedam o tamanho do dorso da criança e com altura sobre a região da cintura;

• As mochilas de rodinhas são as mais adequadas, mas também precisam ser escolhidas com cuidado. As rodinhas precisam ser grandes e a alça segurada pelas crianças deve estar na altura do punho para evitar inclinações na postura;

• Procure saber se na escola há um armário para que possa ser deixada parte do material;

• Algumas escolas já estão adotando um livro por bimestre, com todas as matérias, para diminuir o peso dos alunos.