Programa gratuito de saúde auditiva começa a ser implantado em escolas de Nova Friburgo

Uma dificuldade de aprendizado apresentada por algum aluno de qualquer escola pode ter muitas origens. E um dos motivos de um mau desempenho escolar é a perda auditiva, nem sempre tão fácil de ser percebida.

Com o objetivo de reduzir o problema, identificando as crianças com alguma deficiência na audição, a Secretaria Municipal de Educação de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, iniciou um projeto na rede municipal para capacitar e orientar os professores das escolas que fazem parte do Programa Saúde na Escola (PSE) com foco nesse tipo de problema, para encaminhamento do aluno para exames e tratamento.

Professores da escola municipal em Janelas das Andorinhas foram os primeiros a receber o projeto | Foto: Reprodução/Prefeitura de Nova Friburgo

O projeto gratuito está sendo realizado com a Secretaria de Saúde e em parceria com o Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal Fluminense (UFF).

A primeira unidade a receber o projeto foi a Escola Municipal Luiz Fonseca, em Janela das Andorinhas. A Secretaria de Educação, através da Coordenação de Educação Integral, tem o objetivo também de fazer atividades lúdicas com os estudantes, voltadas para a saúde auditiva. O coordenador da Educação Integral da Secretaria Municipal de Educação, Ronald Serafim, falou sobre a iniciativa:

Começamos esse trabalho na escola em Janela das Andorinhas, com a intenção de ajudar o professor a identificar possíveis dificuldades recentes a audição que o aluno apresente. Caso o professor considere necessária a intervenção de um profissional, o aluno poderá ser encaminhado à Clínica Escola de Fonoaudiologia da UFF.

Ronald Serafim informou que a equipe vai voltar nessa mesma escola na próxima semana para fazer atividades com os alunos de turmas da educação infantil ao quinto ano. O projeto, que está funcionando como um piloto, será desenvolvido em outras escolas.

Um dos responsáveis pelo curso de fonoaudiologia da UFF, o professor Gilson Saippa, explicou que o trabalho com os professores é para apurar a percepção dos educadores com o objetivo de identificar os possíveis marcadores de perda auditiva dos alunos. Saippa esclarece:

Não estamos falando de diagnóstico de problemas auditivos, mas do que aponta esse problema numa criança. Através dos indicativos que passamos para os professores nessa capacitação, o aluno é avaliado e se tiver algum sinal de que ele tenha algum problema auditivo, a escola faz contato com os pais.

Na clínica da UFF são feitos exames como audiometria, para medir o grau de perda auditiva da criança e saber qual a medida deve ser tomada. Caso haja necessidade de uso de aparelho auditivo, por exemplo, a criança é encaminhada para o Programa de Saúde Auditiva do município, que funciona na Subsecretaria de Vigilância em Saúde, atendendo crianças, jovens, adultos e idosos. A secretária de Saúde de Nova Friburgo, Nicole Cipriano, explicou o processo:

Ao ser identificada uma alteração de audição, a pessoa é encaminhada ao município de Natividade [ao hospital público para atendimento exclusivo de saúde auditiva] para avaliação e, se necessário, indicação de aparelhos de amplificação sonora, objetivando sua reinserção no ambiente escolar, de trabalho e familiar.

De acordo com a secretária, o Programa de Saúde Auditiva de Nova Friburgo apresenta aproximadamente 2.800 pacientes cadastrados, com uma média mensal de 50 pacientes encaminhados pela primeira vez. Além disso, são feitas consultas frequentes de manutenção e acompanhamento.

Secretária de Saúde explica como é feito o atendimento em Saúde Auditiva no município | Foto: Reprodução/Prefeitura de Nova Friburgo

Hospital de Natividade

O Programa de Atenção à Saúde Auditiva (Proasa) em Natividade, no Noroeste Fluminense, foi implantado em 1º de dezembro de 2005, constituindo-se no primeiro programa de saúde auditiva do estado do Rio.

Tem uma área de abrangência de 37 municípios das regiões Norte, Noroeste e Serrana, com uma população estimada de 1.963.818 habitantes.

Desenvolve, de acordo com o plano regional, um conjunto de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde auditiva, possibilitando para as pessoas - da criança ao idoso, o acesso a procedimentos desde os mais simples até os mais complexos como a prótese auditiva.

Organização Mundial de Saúde

A Organização Mundial de Saúde (OMS) informa que mais de 1,5 bilhão de pessoas experimentam algum grau de perda auditiva no mundo. A estimativa é que 430 milhões de pessoas tenham perda auditiva moderada ou grave no ouvido.

Na Região das Américas, cerca de 217 milhões de pessoas vivem com perda auditiva, ou seja, 21,52% da população. Espera-se que até 2050, esse número possa subir para 322 milhões. A maioria das pessoas com perda auditiva não tem acesso a intervenções.

A perda auditiva não tratada tem um impacto de longo alcance na vida das pessoas afetadas e de suas famílias.

Em nível social, representa um custo anual de US$ 262 milhões na região. Por isso, as ações são urgentes e necessárias, para prevenir e tratar a perda auditiva, a fim de atenuar o impacto que causa em todas as fases da vida nas pessoas com esse diagnóstico.

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