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Dois anos após 1º caso do coronavírus no Brasil, o dilema: quando a pandemia acaba?

Queda rápida das contaminações, atualmente, pode permitir a liberação do uso das máscaras já em março

Por Bernardo Fonseca
01/03/22 - 08:52
Dois anos após 1º caso do coronavírus no Brasil, o dilema: quando a pandemia acaba? Após dois anos, máscaras ainda são necessárias para conter o coronavírus | Foto: Reprodução/Portal Multiplix

Dois anos após o primeiro caso do novo coronavírus no Brasil, em fevereiro de 2020, o país ainda trava uma longa batalha contra a Covid-19. Só na última semana foram registrados mais de 500 mil testes positivos e o total de casos conhecidos se aproxima dos 30 milhões, segundo o Ministério da Saúde.

Por trás dessa realidade, está a maior onda de contaminações de toda a pandemia, causada pela variante ômicron, cuja capacidade de propagação é 70 vezes maior que a delta, em alguns estudos.

O fato é que desde a chegada do vírus ao Brasil, houve avanços no entendimento sobre os efeitos do SARS-CoV-2 e a principal conquista da ciência: a aprovação das vacinas em tempo recorde e a aplicação dos imunizantes na grande maioria da população.

Primeiro friburguense a receber a vacina contra a Covid-19 em janeiro de 2021Primeiro friburguense a receber a vacina contra a Covid-19 em janeiro de 2021 | Foto: Reprodução/Portal Multiplix

Atualmente, 83% dos brasileiros com mais de 12 anos tomaram as duas doses ou a dose única, de acordo com o Ministério da Saúde. Isso permitiu a redução de casos graves da Covid-19 durante a atual onda de casos, cujo ritmo de contágio está desacelerando.

Fim da pandemia em breve?

Por esses e outros indicativos, o infectologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF), André Ricardo Araújo da Silva, aposta que a pandemia deve acabar ainda em 2022.

“É bem possível que o estado de pandemia seja revertido para endemia até o final do ano, quando você terá a circulação do vírus, mas alto percentual de vacinados, controle de casos, de pessoas internadas e de óbitos”, avalia.

Embora a transmissão da variante ômicron tenha perdido força em fevereiro diante do pico observado em janeiro, a quantidade de novas contaminações diárias ainda é alta, como evidenciado no começo da reportagem.

O mesmo vale para o número de mortes registradas: 4.500 óbitos em todo o país na última semana, de acordo com o Ministério da Saúde.

Em janeiro, explosão de casos provocada pela variante ômicron sobrecarregou locais de testagemEm janeiro, explosão de casos provocada pela variante ômicron sobrecarregou locais de testagem | Foto: Reprodução/Portal Multiplix

Outro fator importante é que a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou recentemente, com base em um estudo, que de 10% a 20% dos curados da Covid desenvolvem sequelas, que podem durar semanas ou meses, e muitas vezes podendo ser grave.

Obrigatoriedade das máscaras pode estar com os dias contados

Por isso, no momento as máscaras devem ser mantidas, mas tornar o uso desses itens de proteção opcional pode estar bem próximo, segundo o infectologista.

“Considerados os aspectos epidemiológicos e de circulação do vírus, é possível sim que a máscara deixe de ser considerada obrigatória entre os meses de março e abril”, afirma.

Impacto do Carnaval

Ainda de acordo com André, mesmo com festas privadas, muitas vezes em locais fechados, e aglomerações durante este período de Carnaval, ainda que haja um repique de casos, não deve ser suficiente para uma nova onda de infecções.

“Em todo evento que você tem circulação de pessoas sempre existe essa possibilidade de ter novos casos, especialmente em locais fechados, mas a princípio, uniformemente no mundo, a gente não está verificando (aumento), independentemente de ser Carnaval, então não deve ser significativo a ponto de ter uma nova explosão de casos”, diz.

Crianças com mais de 5 anos também estão sendo vacinadas contra a Covid-19Crianças com mais de 5 anos também estão sendo vacinadas contra a Covid-19 | Foto: Divulgação/Prefeitura de Teresópolis

No momento, a principal recomendação é para que quem não se vacinou ou não voltou para tomar a dose extra procure um posto para receber o imunizante.

“O esforço do governo agora deve ser de fazer uma busca ativa das pessoas que não foram vacinadas para que a gente tenha uma cobertura ainda mais elevada”, recomenda o infectologista.

Porém, André ressalta que se o vírus continuar em circulação daqui para frente, a imunização contra a Covid-19 poderá se tornar anual.

“Se o vírus continuar circulando, essa questão de contagem de doses talvez tenha que ser feita por ano, talvez com uma dose anual, como é a influenza. Mas isso depende muito de como estará a circulação”, conclui.

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