MPRJ cobra medidas de combate à dengue em cidades da Região dos Lagos e outros municípios
Números seguem em alta e prefeituras afirmam que vêm trabalhando com ações de prevenção
Os casos de dengue seguem em alta em todo o estado. Por conta disso, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) expediu uma série de recomendações a diferentes municípios para cobrar a adoção de medidas de combate ao aumento dos casos da doença.
Os documentos, foram encaminhados aos municípios de Araruama, Arraial do Cabo, Armação dos Búzios e Cabo Frio, além das seguintes cidades: Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Tanguá, Maricá, Silva Jardim, Rio Bonito, Itaguaí, Japeri, Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, Seropédica e Saquarema.
As recomendações feitas na última semana foram elaboradas após reuniões realizadas pela coordenação do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Saúde (CAO Saúde/MPRJ) com equipes da Secretaria de Estado de Saúde (SES/RJ) e os Promotores de Justiça.
Segundo o MPRJ, os dados da SES/RJ mostram que o estado do Rio mantém tendência de aumento na transmissão de casos de dengue, tendo sido registrados, até o final de janeiro, 17.437 casos prováveis da doença, quando o resultado esperado para as quatro primeiras semanas do mês.
Cidades na Região dos Lagos vêm intensificando combate à doença | Foto: Divulgação/Prefeitura de Araruama
Entre as medidas recomendadas estão a intensificação das ações sanitárias de prevenção e controle da dengue, a realização de campanhas de educação destinadas à população, a instalação de salas de situação para integração das ações preventivas e monitoramento de áreas com maior índice de circulação.
O MPRJ também recomenda a apresentação do déficit atual de agentes de combate de endemias, além da sua concentração no desempenho das ações de controle, o que implica a realocação daqueles que, eventualmente, se encontrem no exercício de outras funções de vigilância em saúde.
Outras ações sugeridas são a disponibilização de equipamentos de proteção individual e de aspersão de inseticidas e a investigação ativa dos óbitos que vierem a ocorrer, aplicando-se o protocolo elaborado pelo Ministério da Saúde e a implantação de Comitê Municipal de Investigação de Óbitos por dengue.
Números no estado
Dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), registram que, até a semana passada, ocorreram 31.133 casos prováveis de dengue e três óbitos. Uma análise do Centro de Inteligência em Saúde (CIS-RJ) mostra que se mantém a tendência de aumento na transmissão, com circulação acima do limite máximo esperado para o momento.
Em todo o ano de 2023, foram contabilizados 51.479 registros prováveis da doença, com 32 mortes. Essa tendência de crescimento ocorre por mais de oito semanas consecutivas no estado e se intensificou nas primeiras semanas de janeiro.
De acordo com a SES-RJ, a Região Serrana e a Região Metropolitana I são as que mais apresentam excesso de casos, isto é, quantas vezes o número de casos registrados excede o limite máximo previsto, seguidas das regiões Centro-Sul e Baía de Ilha Grande.
Desde a primeira semana de fevereiro, as atualizações passaram a ser divulgadas duas vezes por semana: às segundas-feiras e às quintas-feiras, para melhor acompanhamento do panorama da doença no estado do Rio.
Enfrentamento nas cidades da Região dos Lagos
As Secretarias de Saúde e de Educação do município de Arraial do Cabo lançaram um material educativo, visando orientar a comunidade escolar sobre os cuidados necessários para o enfrentamento das arboviroses na volta às aulas.
Com o avanço da doença, o secretário de Saúde Jorge Diniz reforçou a preocupação em manter sob controle o avanço da doença no município. Para isto, ele disse que aposta em ações coordenadas entre as secretarias municipais, associações e entidades organizadas.
Em Araruama, mais de 70 profissionais da Secretaria de Obras fizeram a retirada de entulho e lixo dos quintais de várias casas, que também podem se transformar em criadouros do Aedes aegypti, como latas, pneus e garrafas.
Ações de conscientização e prevenção ocorrem nas cidades | Foto: Divulgação/Prefeitura de Búzios
Os agentes de saúde fizeram o trabalho de orientação com os moradores para que continuem a prevenção contra o mosquito no dia a dia, não deixando água parada em locais que podem se tornar criadouros, como por exemplo um simples pratinho de vaso de planta.
Já em Búzios, a Vigilância Ambiental da cidade realizou uma ação com foco em conscientizar sobre a importância de combater a proliferação do mosquito. A iniciativa visa a prevenção devido ao aumento significativo de casos da doença.
Em Cabo Frio, os agentes de endemias estão percorrendo vários bairros nas últimas semanas para coletar informações sobre a proliferação do mosquito, buscando nortear as estratégias e prevenção e combate à dengue na cidade.
Mudanças climáticas podem ampliar infestação
Um estudo realizado pelos pesquisadores Antonio Carlos Oscar Júnior, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), e Francisco de Assis Mendonça, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), mostra que mudanças climáticas vão aumentar a frequência de dias mais quentes no Rio de Janeiro, nos próximos anos, e isso tem o potencial de ampliação da população do Aedes aegypti.
A pesquisa, publicada em 2021, utiliza modelos de previsão climática para as próximas décadas e uma avaliação sobre o potencial impacto à eclosão de ovos do mosquito Aedes, e ao ciclo de vida do inseto, para estimar a ocorrência da doença até 2070.
Segundo a pesquisa, um dos principais fatores para o aumento da proliferação do mosquito é a temperatura.
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