Março tem maior inflação em quatro anos e os alimentos são os vilões da vez
Gerente de supermercado e produtora rural da Região Serrana falam sobre os impactos. Especialista explica o motivo para o aumento
10/04/19 - 17:05
A inflação do mês de março no Brasil foi de 0,75% segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado nesta quarta-feira, dia 10 de abril, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esta foi a maior taxa para um mês de março desde 2015, quando chegou a 1,32%.
O preço dos alimentos foi um dos grandes influenciadores para o resultado. O setor sozinho teve alta de 1,37% no período. E esse reajuste foi pressionado pelo aumento no valor do tomate (31,84%), da batata-inglesa (21,11%), do feijão-carioca (12,93%) e das frutas (4,26%).
Segundo o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves, em razão de problemas na safra e dos estoques baixos, o preço do feijão carioca, por exemplo, mais que dobrou no primeiro trimestre, a maior alta desde o Plano Real para esse período. “São produtos importantes na mesa do brasileiro e que têm grande peso no índice de inflação”, ressalta Fernando.
O resultado da inflação do mês março mostra também que o índice acumulado em 12 meses avançou para 4,58% acima da meta central de inflação do governo para 2019, que é de 4,25%, e é o maior índice para o período de 12 meses desde fevereiro de 2017 (4,76%).
Do campo ao supermercado
O tomate foi o grande destaque entre os aumentos ocorridos apenas no mês de março. Esse sobe e desce afeta bastante a Região Serrana do Rio, conhecida por ter no setor agrícola um dos pilares de sua economia. Margarete Ferreira, que é produtora de tomate no distrito de Campo do Coelho, zona rural de Nova Friburgo, diz que o período de frio é de entressafra, pois o fruto se desenvolve no calor, o que deve trazer novos impactos ao preço.
“Este período de frio é de entressafra, pois o tomate prefere o calor. Então, este momento é de baixa produção e, por isso, os preços aumentam e a oferta diminui. Esta temporada de clima mais ameno costuma trazer mais doenças, além do que, o uso indiscriminado de agrotóxicos ajuda na propagação de pragas. Quem ainda possui o produto é porque apostou em uma produção de risco”, explica.
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O gerente de um supermercado no bairro de Olaria, também em Nova Friburgo, Leandro Araújo, destaca que essa baixa produção afeta na hora do mercado comprar os produtos e acaba gerando impacto nas vendas.
“Estamos comprando pelo preço de custo de R$ 6,75 por quilo. Tentamos colocar uma pequena margem e vendemos para os consumidores por R$ 7,99. A batata-inglesa também teve um aumento de preço recente e agora está se estabilizando novamente. Outro fator que contribui para este aumento é que muitos produtores estão vendendo esses alimentos para fora do estado e a demanda para a região acaba ficando reduzida”, destaca Leandro.
Dá para aliviar o bolso dos consumidores?
O mestre em economia, Frank Sanglard, explica o impacto que o aumento no preço desses itens tem na inflação.
“Como esses itens estão na nossa cesta básica de consumo e em um período de baixa produtividade, o preço flutua. O tomate, principalmente, é mais volátil, pois depende de vários fatores, como o climático. O governo pode tentar segurar a inflação, atuando para diminuir os preços de outros itens da cesta básica”, conclui.