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Por que é importante comemorar o Dia da Mulher Negra?

Em Nova Friburgo, Movimento Império das Negas criou rede de apoio social com voluntários para essa população

Por Luisa Machado
25/07/19 - 12:43
Por que é importante comemorar o Dia da Mulher Negra? Dia Nacional da Mulher Negra é comemorado nesta quinta-feira | Foto: Divulgação/Império das Negas

No dia 25 de julho, é comemorado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e, no Brasil, o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Ambas as datas foram criadas para valorização das mulheres negras e de suas histórias.

No país, de acordo com dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), em 2019, 19,2 milhões de pessoas declaram-se negras (pretas).

Em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, não há dados atualizados, mas os do último censo demográfico realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontavam que quase 7,9 mil mulheres se autodeclaravam negras (pretas), o que representava pouco mais de 4% da população da cidade.

Quando analisados fatores como taxa de homicídio e desemprego, a mulher negra ocupa uma posição vulnerável na sociedade, seja na serra fluminense ou em todo o país.

Segundo dados do Atlas da Violência 2018, apurados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), mulheres negras são 50% mais suscetíveis ao desemprego do que outros grupos de pessoas.

Ainda de acordo com o Atlas, o índice de mulheres negras assassinadas no Brasil é de 5,3 a cada 100 mil. O número é 71% maior do que o de assassinatos de mulheres não negras: 3,1 a cada 100 mil habitantes.

Para enfrentar essa realidade, um grupo de mulheres de Nova Friburgo criou, em 2016, o movimento Império das Negas. O coletivo forma uma rede de apoio social e oferece, através de trabalho voluntário, atividades que colaborem na inclusão da população negra, principalmente jovens, na sociedade, através do resgate histórico da trajetória das pessoas afro-brasileiras.

Entre as atividades realizadas, estão palestras, rodas de conversa, eventos culturais, oficinas de maquiagem, corte de cabelo, confecção de tranças, entre outros.

Ensaio sobre matriarcado, realizado pelo Império das Negas, em maio de 2019Ensaio sobre matriarcado, realizado pelo Império das Negas, em maio de 2019 | Foto: Divulgação/Império das Negas

A modelo e fotógrafa Maiara Felício é idealizadora do projeto e conta que, em Nova Friburgo, sempre foi difícil ver a promoção de movimentos identitários raciais e esse foi o principal motivo pelo qual o Império das Negas foi criado. Para ela, o projeto é uma forma de oferecer a valorização da história e cultura do povo brasileiro e suas raízes negras, muitas vezes esquecidas e menosprezadas.

“Em maio deste ano, fizemos um ensaio fotográfico sobre matriarcado. Uma das modelos foi uma avó negra. Nós sabemos que a Lei Áurea foi assinada em 1888 mas que, para ser seguida em sua plenitude, levou um bom tempo. Até 1945 ainda tínhamos relatos de escravidão ativa no país. Ao ver a foto pronta, a neta me mandou uma mensagem, dizendo que o registro a fazia lembrar da avó mais jovem, sentada num beliche, ouvindo um rádio de pilha e dizendo “Que lei de ventre livre? Que filho é livre do ventre da mãe?” E ela contava que teve mais filhos do que dedos no corpo, mas não sabia por onde eles andavam porque, quando nasciam, eles eram livres, enquanto ela era escrava. Aquilo mexeu comigo e me deu orgulho de estar à frente do projeto, homenageando essas mulheres”, afirma.

Para que o projeto permaneça em atuação, o grupo conta com parceria firmada com a Secretaria Municipal de Assistência Social, que cede o espaço do Centro de Convivência do Idoso, no Clube Xadrez, no Centro da cidade, para a realização das atividades semanais.

Luana é psicóloga do movimento e tem realizado diversos projetos em prol da valorização da memória do papel do negro na sociedade friburguense e brasileira.

“Atuo na roda de conversa que acontece de 15 em 15 dias e, também, no encontro exclusivo para mulheres pretas que acontece todo mês. Na roda de conversa, debatemos a vivência do negro e suas problemáticas. É uma oficina aberta a todos os públicos, logo, uma linguagem mais universal com foco na negritude. E, no encontro de mulheres pretas, o trabalho é um pouco diferenciado. Temos como objetivo principal nesses encontros: compartilhar e apoiar. Debatemos alguns assuntos também, mas estamos mais focadas em escutar nossas irmãs.”

Voluntários do movimento Império das Negas promovendo atividades culturaisVoluntários do movimento Império das Negas promovendo atividades culturais | Foto: Divulgação/Império das Negas


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