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Nova Friburgo segue em destaque na produção de cerveja artesanal

Segmento cresce intensamente na cidade, desde a produção do lúpulo à comercialização final

Por Bernardo Fonseca
04/09/19 - 14:42
Nova Friburgo: do lúpulo à cerveja gelada Nova Friburgo, na Região Serrana, se destaca na produção de cervejas artesanais. Município conta com 11 fábricas e cerca de 30 marcas | Foto: Banco de Imagem

As cervejas artesanais já se tornaram marca registrada da Região Serrana do Rio de Janeiro. Mais precisamente a produção cervejeira de Nova Friburgo. Cercada por vales e montanhas, a cidade possui item importante para uma boa cerveja: abundância de água limpa. Mas isso não é o fator principal, nem é tão imprescindível como no passado, para justificar o crescimento do setor.

Nos últimos anos, tanto a cidade quanto o estado do Rio têm buscado iniciativas como a aprovação de leis, a implementação de incentivos e a criação de rotas, que facilitam a instalação e formalização de fábricas. É o caso da Cervejaria Pontal. A empresa iniciou a produção há dois anos e hoje faz cerca de 10.000 litros de cerveja por mês, com capacidade para expandir para até 100 mil litros mensais.

“O que nos fez vir para cá foi a facilidade que a gente teve em se instalar na região. Todo o trâmite burocrático foi facilitado, tanto por parte da prefeitura quanto dos órgãos de vigilância, e até mesmo por parte do Ministério da Agricultura”, diz Ney Bermudes Filho, sócio proprietário da cervejaria, que afirma ainda produzir mais de dez rótulos diferentes.

Três cervejarias de Nova Friburgo participam a partir desta quarta, 4 de setembro, de festival internacional de cerveja, no RioTrês cervejarias de Nova Friburgo participam a partir desta quarta, 4 de setembro, de festival internacional de cerveja, no Rio | Foto: Divulgação/Mondial de la Bière

Outra cervejaria que abriu as portas há pouco tempo é a Alpendorf, que funciona há cerca de um ano e meio. Hoje, são produzidos cerca de 5.000 mil litros de cerveja a cada mês, num total de 15 rótulos, fora os sazonais, criados especificamente para eventos e determinados períodos do ano.

Leonardo Thuler, diretor financeiro da cervejaria, comemora o bom momento do setor em Nova Friburgo. “São 11 fábricas em funcionamento na cidade e cerca de 30 marcas. O mercado não está saturado, mas em franca expansão”, diz.

Assim como a Cervejaria Pontal, a empresa se prepara para participar do Mondial de la Bière – um dos maiores festivais de cerveja do mundo –, que tem início nesta quarta-feira, 4 de setembro, no Rio de Janeiro.

“Vamos levar 23 estilos diferentes para o mundial, incluindo alguns lançamentos. A gente espera dar um boom e expandir ainda mais a produção após a participação no evento”, diz.

Equipamentos de produção de cerveja na fábrica Born 2 Brew, em Nova FriburgoEquipamentos de produção de cerveja na fábrica Born 2 Brew, em Nova Friburgo | Foto: Reprodução/Redes Sociais

Wanderson Balonecker produzia em pequena escala, de forma doméstica, como diversão. Hoje, embarcando no fenômeno das cervejarias, está à frente da marca Born 2 Brew. A fábrica produz 5.000 litros de cerveja atualmente e leva sete rótulos ao Mondial de la Bière.

“Não consigo enxergar como uma moda. Cerveja sempre foi uma bebida muito querida por todos e com a chegada das cervejas artesanais, o leque de estilos diferentes traz infinitas possibilidades de agradar o paladar até mesmo de quem não gosta de cerveja”, finaliza Wanderson, complementando que o mercado de Nova Friburgo ainda tem enorme potencial.

Rota Cervejeira do Rio de Janeiro movimenta turismo na região

Fundada em 2014, a Rota Cervejeira do Rio de Janeiro é uma associação que reúne atualmente 19 marcas de cerveja de quatro municípios da serra fluminense: Guapimirim, Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis.

A maioria das empresas é de Petrópolis, mas Friburgo tem quatro cervejarias: Ranz Bier, Alpendorf, Pontal e Barão Bier. A expectativa é de que, em breve, mais duas novas marcas da cidade entrem para a associação, como conta Ana Pampillón, sommelière e coordenadora executiva da Rota Cervejeira.

“A rota foi criada para fomentar economicamente a região, através da oferta de experiências cervejeiras para turistas – disponíveis em agências e no site da rota –, por meio de visitações e degustações, integrada aos atrativos locais”, diz.

Ainda de acordo com Ana, a criação da rota tem gerado crescimento significativo no número de visitantes às fábricas, que também aproveitam a iniciativa para outros fins. “A rota também trabalha com o associativismo, onde as cervejarias integrantes cooperam, por exemplo, na compra conjunta de insumos e materiais, a fim de reduzir despesas”, explica.

Variedade de cervejas e chopes artesanais é um dos grandes atrativosVariedade de cervejas e chopes artesanais é um dos grandes atrativos | Foto: Banco de Imagem

Produção de cervejarias ciganas aumenta ainda mais tamanho do setor

Dados da Abracerva (Associação Brasileira de Cerveja Artesanal) mostram que 2018 teve recorde no número de cervejarias abertas no Brasil, totalizando 210 novas fábricas. Só nos primeiros cinco meses de 2019, foram abertas 111, o que dá uma média de duas cervejarias novas no país a cada três dias, e um total nacional superior a mil empresas.

Contudo, esse número mostra apenas um lado da realidade, já que muita gente faz em casa, em panelas, ou utiliza a estrutura existente de cervejarias para suas produções. É o caso das chamadas “cervejarias ciganas”.

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São produtores que têm sua própria marca e utilizam a infraestrutura de outras cervejarias para colocar em prática suas receitas. É uma relação de parceria, que ajuda a reduzir o custo com investimentos, facilita a troca de conhecimento e experiência entre produtores e movimenta o mercado.

“Nós começamos em 2017, com três cervejarias ciganas e mais a nossa marca. Hoje, são 25 cervejarias que fazem parceria com a fábrica. Depois, cuidam da venda e distribuição”, afirma Ney Bermudes Filho, da Cervejaria Pontal, que conta ainda que a maioria desses cervejeiros é de outros municípios do estado, como Rio e Niterói.

Cresce produção de lúpulo em Nova Friburgo

O crescimento da produção de cerveja artesanal ajuda a movimentar toda a cadeia produtiva. Algumas são inovadoras, como a do lúpulo. Ingrediente principal da bebida, a planta, originária da Europa, é cultivada em Nova Friburgo, de forma pioneira, há três anos.

A produtora Moema Cordeiro conta que ela e o marido começaram a fazer cerveja como hobby, para a família, e esbarram num problema: preço e qualidade do lúpulo vendido no país. “Visitamos um plantador de lúpulo em Gramado, no Rio Grande do Sul, e tivemos a ideia de plantar em Friburgo. No último dia 1º de setembro fez três anos que plantamos a primeira muda”, conta.

A produção ainda é pequena, mas já alcançou 300 plantas. De acordo com Moema, cada uma rende 1 kg de lúpulo por colheita, sendo duas por ano. Ao todo, são cultivadas 45 espécies diferentes.

Esse processo vem sendo acompanhado por pesquisadores de diferentes órgãos, como a Emater-Rio (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro). O órgão estima que, além de Moema, exista mais um produtor na cidade. Contudo, outros interessados se preparam para entrar no mercado. Dessa forma, a Emater prevê que o número de produtores pode chegar a dez até o fim deste ano.

“A gente começou com cervejeiros parceiros, daqui de Friburgo e de fora. Pessoas que abraçaram a gente desde o início, experimentando o uso desse lúpulo em suas produções. E, hoje, a gente já vende para qualquer lugar do Brasil”, afirma Moema.

Lúpulo do tipo cascade produzido por Moema Cordeiro, em Nova FriburgoLúpulo do tipo cascade produzido por Moema Cordeiro, em Nova Friburgo | Foto: Arquivo pessoal/Moema Cordeiro

“A tendência de você fazer o seu produto, no seu quintal – seja cerveja ou lúpulo –, ou de consumir produtos locais é mundial, é sustentável e é irreversível. É um fenômeno que veio para ficar”, conclui.


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