Você já ouviu falar em Pancs?
Plantas não convencionais caem no prato – e no gosto – dos brasileiros
23/07/18 - 10:52
Quem quer comer bem em Nova Friburgo tem a seu favor uma tradição que nunca morre (ao contrário, ganha cada vez mais força): as feiras. A céu aberto, como na Avenida Campesina, ou em espaço fechado, como a Coopfeira da Vila Amélia, possibilitam o acesso fácil e barato a alimentos frescos, direto do produtor para a mesa do consumidor. Uma mistura de cores, sabores e aromas que acompanha os friburguenses da infância à vida adulta.
O que muita gente ainda não sabe é que nem só de couves, alfaces e tomates vive o homem. A gente nem sempre se dá conta, mas no cantinho do quintal ou em terrenos baldios, sítios, canteiros e até mesmo jardins podem haver plantas comestíveis crescendo espontaneamente, as chamadas Pancs (planta comestível não convencional). Elas não são aproveitadas no dia a dia muitas vezes pela falta de conhecimento a respeito das suas propriedades nutritivas e de como devem ser preparadas. Por isso, há anos muitos pesquisadores, biólogos e chefs de cozinha vêm se dedicando a descobrir o teor – e o sabor – dessas plantinhas. Por crescerem naturalmente, são as que mais conservam sua energia vital.
Todos querem Pancs
Chefs como Roberta Sudbrack, Alex Atala, Helena Rizzo e Paola Carossela – forte entusiasta desses ingredientes na alimentação – biólogos, botânicos, adeptos da vida natural, enfim, muitas pessoas vêm se interessando pelas descobertas e entendem na pesquisa uma forma de enriquecer a alimentação. Grupos no Facebook e outras plataformas estão, inclusive, ajudando a identificar novas espécies. Outro conceito que envolve o consumo de Pancs é a fuga da lógica de mercado. Comemos o que há em grande oferta; logo, nosso cardápio é pautado pelos interesses econômicos que privilegiam a produção de determinadas espécies – que, em grande parte, são cultivadas com uso de defensivos químicos.
Comer o que a natureza tem de disponível é uma maneira de ir contra essa lógica e, de quebra, diversificar o prato. Mas é preciso muito tempo de observação para aprender a identificar as plantas, conhecer seu comportamento, a maneira e a hora certa de colheita e a melhor forma de consumi-las.