Polícia vai investigar denúncia de cantora vítima de racismo em Friburgo: 'Racistas não passarão'

A polícia vai investigar uma denúncia de um caso de racismo, cometido na última segunda-feira, dia 20, em Nova Friburgo, Região Serrana do Rio. A vítima, a cantora Bruna Bento, fez um registro na delegacia da cidade na terça, 21.

Bruna recebeu diversos comentários em sua rede social. O perfil se apresentava como o de um homem, que chamava a cantora de 'macaca'. As injúrias também foram feitas em outras postagens dela.

Eu postei um ‘reel’ no Instagram e quando fui ver as notificações, os comentários já estavam lá, espalhados por várias postagens.

Bruna disse que na hora ficou em choque e muito envergonhada pelo conteúdo das frases, com medo e receio de falar sobre o assunto:

Mas, logo em seguida, eu entendi que as frases falavam mais sobre quem as escreveu do que sobre mim. Eu sei quem sou.

Bruna teve medo e vergonha de se expor com as postagens criminosas | Foto: Reprodução/Rede Social

Bruna Bento fez ‘prints’ de todos os comentários de racismo e relatou que, em um primeiro momento, teve medo e vergonha de se expor. Ela postou em sua rede social:

Pensei mil vezes antes de vir aqui falar sobre isso. Mas tenho que expor sobre esse ato. Quero deixar claro que qualquer ato de racismo feito contra mim ou qualquer outra pessoa preta vai ser exposto sim!

Ela também falou sobre ‘resistência’ e a necessidade de denunciar: “Falem, se possível, gritem!”. E concluiu com a frase que resume a luta contra a injúria racial: “Racistas não passarão”.

Bruna Bento contou também que divulgou nas redes sociais as reproduções dos comentários da pessoa que cometeu o crime.

As pessoas tiveram empatia para ir até a conta da pessoa na rede social. Temos que falar sempre sobre isso, porque racismo é crime e quem o pratica tem que ser punido.

O delegado Henrique Pessoa, responsável pela 151ª DP, informou ao Portal Multiplix que vai instaurar um inquérito policial para apurar o caso.

Hoje, existe uma nova visão legal da questão. Antes, tinham questionamentos sobre os artigos que esses casos poderiam ser enquadrados, mas agora não existe mais dúvida. A delegacia será muito rigorosa, porque o racismo precisa ser combatido de forma incessante.

Henrique Pessoa também foi enfático:

Não existe qualquer margem de tolerância em relação a esse tipo de comportamento.

A presidente do Centro Cultural Afro Brasileiro Ysun-Okê, Ilma Santos, foi categórica:

O problema aqui é o ‘racismo velado’, onde ninguém é racista. Porém, a todo momento, um ato racista é praticado - seja ele institucional, estrutural ou através da injúria racial, que hoje é inafiançável.

Ilma informou que o centro cultural tem o apoio da ‘Comissão contra o Racismo’, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Nova Friburgo, e de outros órgãos.

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