Impasse na Educação: estado anuncia reposição aulas, mas sindicato é contrário às datas

Após a greve de parte dos profissionais da educação estadual, a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) divulgou as datas para a realização da reposição das aulas perdidas durante o período entre maio e junho. A decisão não agradou o Sindicato dos Profissionais da Educação do Estado do Rio de Janeiro (Sepe-RJ).

Segundo a Seeduc, a reposição das aulas poderia ser realizada de forma híbrida, sendo cinco dias presenciais, durante o período de recesso escolar, entre essa segunda-feira, 10 e a sexta-feira, dia 14.

Outras dez aulas seriam realizadas aos sábados, feriados municipais ou pontos facultativos.

Nos demais dias letivos, o conteúdo iria ser aplicado de forma remota, com a utilização de material impresso ou Google Classroom.

A Seeduc reforçou que nem todos os alunos foram afetados com a greve:

É importante lembrar que a paralisação de parte de professores da rede atingiu cada unidade de forma diferente. Em algumas delas, nenhum profissional deixou de dar aulas. A Secretaria de Educação está fazendo um levantamento detalhado nas escolas para analisar, caso a caso, as demandas relacionadas à reposição de aulas.

Apesar dessas recomendações, o Sepe questionou a decisão e afirma que a reposição não poderia ser realizada nessa época:

Os profissionais de educação e a comunidade escolar foram surpreendidos com uma decisão unilateral da Seeduc de antecipar a reposição para o período de recesso escolar, já a partir desta segunda-feira, dia 10.

O Sepe ressaltou que essa escolha das datas impacta diretamente na vida dos alunos:

A Secretaria de Educação nega o direito ao recesso de meio de ano para os poucos alunos e alunas que se dispuserem a assistir a essas aulas, além de sonegar o direito à maioria deles às aulas repostas. Uma vez que, desde segunda-feira desta semana, eles e elas, na sua maioria, afirmam que não sacrificarão o recesso para assistir às aulas de reposição.

Por isso, os profissionais da rede estadual informaram que não irão iniciar a reposição no recesso escolar até que algumas medidas jurídicas e administrativas sejam tomadas.

Dessa forma, o Sepe divulgou um planejamento para que a reposição das aulas aconteça após o período de recesso escolar, a partir do dia 24 de julho - uma segunda-feira.

O planejamento completo está disponível no site oficial do sindicato.

Nova resposta do estado

A reportagem voltou a entrar em contato com a Seeduc nesta terça-feira, 11, para ter uma nova posição do governo. A secretaria afirmou que o cronograma foi comunicado e acordado com o Sepe:

A Secretaria de Estado de Educação informa que recebeu, no dia 30/06, sexta-feira, o cronograma proposto pelo Sepe-RJ. Por uma questão pedagógica, foi elaborado um cronograma com aulas presenciais e online. Logo em seguida, no dia 05/07, este plano foi enviado para o Sindicato. No fim da tarde da última sexta-feira (07/07), foi realizada uma reunião com o Sepe-RJ, acertando o cronograma desta reposição.

A Seeduc explicou que diante da perda imposta aos alunos pela pandemia e devido à recente paralisação de parte dos professores, constatou-se a necessidade pedagógica de que pelo menos parte das aulas repostas fossem presenciais:

Para que isso pudesse ocorrer, foi necessária implementar as aulas no período de férias e montado o cronograma de reposição de aulas - iniciada nesta segunda-feira (10/07). Apesar de alguns problemas pontuais, a maior parte da reposição ocorre sem intercorrências.

A nota finaliza informando que a minuta de decreto para abono das faltas já está sendo finalizada e, logo que o documento for publicado, será providenciada uma folha suplementar para restituir os valores aos professores.

Estudantes marcam protesto

Segundo informações do Sepe, entidades representativas dos estudantes secundaristas do Rio estão convocando na internet um ato de protesto contra a reposição das aulas durante o recesso divulgado pela Seeduc.

O ato está marcado para esta quarta-feira, 12, no Centro do Rio, a partir das 13h.

O lema do ato é 'Sem comida e transporte não tem reposição'. Os estudantes pretendem mostrar o caos em que se transformou a iniciativa da Seeduc, que ignorou a proposta dos profissionais de educação e tenta impor uma reposição que só traz prejuízos para a categoria e para os estudantes.

Greve durou 44 dias

Parte dos profissionais da educação estadual começou uma greve no dia 17 de maio no Estado do Rio de Janeiro.

Nas regiões Serrana e dos Lagos, alguns professores aderiram à paralisação.

Em maio, os profissionais saíram em caravana para participar de uma passeata no Rio, e pedir melhorias salariais e de condições de trabalho.

Em 29 de junho, a greve foi suspensa após 44 dias e as aulas foram retomadas no dia 30.

A decisão foi tomada após uma assembleia, que também decidiu manter o estado de greve para que suas reivindicações fossem cumpridas.

Na última sexta-feira, dia 8, foi realizada uma assembleia geral para falar sobre as reposições. No encontro, os profissionais decidiram por não seguir a orientação da Seeduc de compensar as aulas perdidas na data prevista.

Receba as notícias do Portal Multiplix direto no WhatsApp. Clique aqui para participar.