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Talento de Cabo Frio: bailarino de 10 anos enfrenta desafios e é selecionado para Escola Bolshoi no Brasil

Carreira de Calebe da Silva começou em um espaço de balé no Jardim Esperança, na periferia, lugar onde descobriu seu talento para a dança

Por Vinícius Pereira
11/11/21 - 14:09
Talento de Cabo Frio: bailarino de 10 anos enfrenta desafios e é selecionado para Escola Bolshoi Calebe busca realizar o sonho de se tornar um profissional no balé | Foto: Calebe da Silva

Cerca de 1.100 km separam as cidades de Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, e Joinville, em Santa Catarina. Uma distância que se tornou pequena diante do grande sonho do bailarino cabo-friense, Calebe da Silva Carneiro, de apenas 10 anos de idade.

Depois de enfrentar muitos desafios e candidatos, ele foi aprovado na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, a única filial do famoso Teatro Bolshoi de Moscou, na Rússia.

Morador do bairro Parque Eldorado II, na periferia de Cabo Frio, Calebe foi um dos 40 escolhidos em meio a 170 crianças de vários estados do Brasil. O menino conta que segue confiante na busca para realizar o sonho de se tornar um profissional no balé.

“Foi muito emocionante a sensação que eu senti. Foi como se todos os neurônios do meu corpo me dessem uma dose de felicidade na hora que recebi a notícia. É muita felicidade saber que agora eu sou um bailarino Bolshoi”, revela Calebe.

Orgulho para família e professora

A vitória quando é alcançada, se transforma em motivo de alegria para aqueles que acompanharam todo o processo de perto. Calebe é estudante de escola pública e bolsista no balé, orgulho para sua mãe, Rosilene Araújo da Silva Carneiro, uma grande incentivadora.

“Desde bebezinho ele sempre teve um ritmo, não podia ouvir uma música. Conforme ele foi crescendo, foi se aproximando das músicas clássicas. O Calebe mesmo me pediu para colocar ele na aula de balé. Ele chegou a fazer aulinhas de futsal e capoeira, mas não se identificou”, contou Rosi, como é conhecida.

Essa história esbarrou no preconceito. No início, o pai não aceitava a escolha do menino, mas aos poucos tudo mudou.

“O preconceito por ser menino foi uma barreira que tivemos que vencer. Ele chegou a pensar em desistir, parando com as aulas. Uma vez, na escola, os colegas falaram para ele que balé era coisa de 'bichinha'. Tive que conversar muito com ele para voltar. Eu tenho muito orgulho do meu filho, todo mérito é dele”, explicou a mãe.

O desenvolvimento do bailarino é um orgulho também para sua professora Jheniellen Lima, responsável pelo espaço Espaço Ballet, onde ele começou. Um verdadeiro anjo da guarda para o Calebe.

Há seis anos, a escola de dança que fica no Jardim Esperança realiza a formação de crianças, adolescentes e adultos. O trabalho tem o objetivo de levar arte e cultura para as famílias cabo-frienses, além de incentivar a profissionalização dos alunos por meio de projetos.

“O sentimento é de muita felicidade e orgulho, principalmente porque, às vezes, nosso trabalho foi olhado com falta de credibilidade por outros estúdios, pois estamos na periferia de Cabo Frio. Passamos por um momento muito difícil durante a pandemia e acredito que existe um propósito maior na construção cultural e artística”, afirmou a professora.

Jovem bailarino recebeu apoio da família e da professora Jovem bailarino recebeu apoio da família e da professora | Foto: Calebe da Silva

Superação

Há dois anos, a família passou por uma grande perda. O pai do Calebe faleceu vítima de um infarto. A mãe do menino contou que a dor foi muito grande, que o desânimo falou mais alto e, mais uma vez, ele saiu do balé. A força veio novamente da família e da professora, e o sentimento que era ruim se transformou em estímulo.

“Ele só ficava deitado. Queria que o pai assistisse sua primeira apresentação no teatro de São Pedro. Explicamos para o Calebe que o balé era uma coisa boa para ele se distrair e que o pai iria se sentir orgulhoso dele ter continuado na dança”, disse Rosi, emocionada.

Processo seletivo

A avaliação na primeira etapa foi feita através de um vídeo gravado pelo Calebe e sua professora, mostrando movimentos indicados previamente pela Escola do Teatro Bolshoi. Os melhores vídeos foram selecionados para a segunda fase, que seria presencial. Neste momento, os desafios se tornaram maiores.

“A passagem de avião muito alta para nossa condição, tinha a hospedagem, alimentação. Junto com a família, vendemos rifas, fizemos sorteios, fomos nas rádios, pedimos ajuda nas redes sociais. Tudo isso para arrecadar fundos para custear essa viagem. Conseguimos dinheiro para que ele fosse de ônibus”, detalhou Jheniellen.

A viagem foi longa e, após uma série de testes, veio a notícia tão esperada: Calebe passou em todas as fases, se tornando o mais novo aluno da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil.

Calebe começou a dançar em um espaço de balé no bairro Jardim EsperançaCalebe começou a dançar em um espaço de balé no bairro Jardim Esperança | Foto: Arquivo Pessoal

Falta de incentivo

A professora Jheniellen Lima também desabafou ao Portal Multiplix sobre a desvalorização da arte. Para ela, muitos talentos foram adormecidos por causa da falta de atenção e estímulo no município, principalmente porque o teatro está fechado.

“Estamos há três anos sem teatro e isso impacta diretamente à população e seu contato com a cultura”, relata a professora.

A reportagem questionou a Prefeitura de Cabo Frio sobre as instalações do Teatro Municipal Inah de Azevedo Mureb. Por meio de uma nota, o município informou que o local foi encontrado com uma grande infestação de cupins, sendo necessária a remoção de algumas estruturas de madeira do palco.

Além disso, foi detectada a necessidade de reparos em outros setores que não estavam dentro da planilha de reformas, já que o espaço está há mais de quatro anos fechado e sem ter recebido as devidas manutenções ao longo desse período.

Ainda segundo a prefeitura, a reabertura também depende da liberação do Corpo de Bombeiros, após aprovação do sistema de combate a incêndio.

Vida nova!

Escola do Teatro Bolshoi em Santa Catarina, no Sul do Brasil, dispõe de uma estrutura completa para bailarinosEscola do Teatro Bolshoi em Santa Catarina, no Sul do Brasil, dispõe de uma estrutura completa para bailarinos | Foto: Reprodução/Site do Teatro Bolshoi

Agora, um novo desafio se inicia. O menino e mãe terão que se mudar para Joinville. A vida dos dois vai mudar completamente, por isso, a família e a professora continuam buscando ajuda para que tudo aconteça da melhor forma possível na concretização deste sonho. Serão oito anos de estudos em Santa Catarina.

Quem quiser contribuir com qualquer ajuda financeira pode enviar um PIX para a mãe do Calebe: 07982904718 - em nome de Rosilene Araújo da Silva Carneiro. O banco é o Santander - agência: 3.918 - c/c 01053316-2. Outras informações podem ser obtidas ainda pelo telefone dela: (22) 9927-40301.

Apesar de tantos obstáculos pelo caminho, Calebe não perde a confiança e segue acreditando no futuro:

Tem que confiar em si mesmo para tudo dar certo.

Veja outras notícias das Regiões Serrana e dos Lagos do Rio no Portal Multiplix.


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