Documentário sobre vida e obra da artista cantagalense Rogéria ganha trailer
Filme terá depoimentos de pessoas importantes na carreira da atriz e cantora, e será lançado nas telonas no dia 31 de outubro
22/10/19 - 08:00
Você conhece o senhor Astolfo Barroso Pinto? Assim era chamada a cantora, atriz e performista Rogéria, antes de se tornar uma estrela da televisão, em todo Brasil, durante os anos 1970. A artista transgênero nascida em Cantagalo, na Região Serrana do Rio de Janeiro, vai ganhar uma homenagem especial em forma de documentário, que conta um pouco sobre a vida e a carreira da profissional que conquistou as famílias brasileiras.
O trailer oficial do filme mostra trechos de depoimentos de pessoas importantes na carreira de Rogéria, além de contar com uma entrevista feita com a própria artista. A data de lançamento do documentário nos cinemas brasileiros também já foi divulgada: 31 de outubro.
Ainda antes de se descobrir performista, Astolfo mudou o nome para Rogério e passou a trabalhar como maquiador de artistas na extinta TV Rio. Em 1964, após sair vencedor de um concurso de fantasia vestido de mulher, adotou o nome feminino de Rogéria. Daí, sua carreira como artista começou, com a participação em programas, novelas e filmes, em diversas emissoras de TV e rádio.
Para o produtor de cinema e professor Leo Arturius, o filme abre caminho para a visibilidade e o respeito a artistas, independente do gênero sexual.
“Muitas vezes o artista não consegue ser compreendido durante o seu momento histórico de vida, e tem reconhecimento depois de sua morte ou mesmo já no final de sua vida. Rogéria quebrou barreiras, conseguiu ser uma grande artista num dos momentos do Brasil sem espaço para ser diferente de heterossexual. Hoje, é possível ganhar notoriedade sem ser hétero, por isso o filme sobre sua vida se faz necessário. Mostrar essa grande artista para a nova geração que busca respeito, faz com que as conquistas sociais no âmbito do gênero não sejam regredidas”, comenta Leo.
A filha ilustre de Cantagalo
Rogéria, quando perguntada em entrevistas sobre sua cidade natal, costumava responder que "em Cantagalo, nasceu a maior bicha do Brasil – no caso, eu – e o maior macho do Brasil, Euclides da Cunha”. Para o produtor de cinema Leo Arturius, o filme também é uma boa chance para a região alcançar maior visibilidade.
“Esse filme reforça a ideia de globalização no aspecto da cultura, dando chance também para as cidades do interior e principalmente da serra carioca, que tem aspectos culturais e climáticos tão diferentes da capital. Aqui é possível ter pessoas com qualidade artística tão grande como aqueles que estão no Rio e, supostamente, tem acesso a melhores ambientes de cultura, educação e convívio com aspectos que envolvem o intelectual. Esse documentário mostra que é possível em uma cidade de 20 mil habitantes ter uma pessoa, e várias no caso de Cantagalo, que ganha representatividade de nível até mundial”, conclui o produtor de cinema.