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Aniversário de Nova Friburgo celebra diversidade dos povos; colônia alemã se prepara para bicentenário

Colonizadores de país europeu tiveram papel fundamental para melhoria da infraestrutura e industrialização da cidade

Por Kessia Coutinho
16/05/23 - 07:00
Aniversário de Nova Friburgo celebra diversidade dos povos; colônia alemã se prepara para bicentenário Nova Friburgo completa 205 anos de história nesta terça-feira, 16 | Foto: Reprodução/Portal Multiplix

Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, completa 205 anos nesta terça-feira, 16, e, além dos suíços, diversos outros povos também foram importantes para o desenvolvimento cultural e econômico da cidade.

A colonização alemã, por exemplo, vai completar o seu bicentenário no próximo ano. As famílias vindas do país europeu tiveram um papel fundamental para a melhoria da infraestrutura e a rápida industrialização do município serrano.

Mas, para entender como esses colonos chegaram a Nova Friburgo é preciso lembrar da Independência do Brasil, como ressalta a historiadora Vanessa Melnixenco:

Em 1821, existiam alguns conflitos políticos lá em Portugal e que acabaram com o retorno de Dom Joao VI. Dom Pedro fica como príncipe regente aqui e as cortes portuguesas começam a questionar a autoridade dele. Por fim, Dom Pedro decide colocar em prática o projeto dos imigrantes.

Segundo Vanessa, a ideia de trazer os imigrantes para o Brasil foi pensada, inicialmente, para que, caso houvesse um conflito entre Brasil e Portugal, o país tivesse um exército. Mas a formação de um batalhão de estrangeiros foi proibida, diante das guerras que tiveram o comando de Napoleão, na Europa. Os colonos então foram trazidos apenas para colonização:

Quando o chefe [que comandava as expedições dos colonos] vai para a Alemanha, ele conhece algumas pessoas influentes, que já tinham experiência em angariar colonos e, na primeira leva, vem uma mistura de trabalhadores e soldados para o Brasil.

Colonos da Alemanha vindos de navio para o Brasil Colonos da Alemanha vindos de navio para o Brasil | Foto: Reprodução/Redes Sociais

O navio com colonizadores alemães chegou aqui ao Brasil em janeiro de 1824. Eles ficaram temporariamente em Niterói, porque a ideia era que esses estrangeiros fossem para o sul da Bahia.

O escalado por Dom Pedro para fazer toda a organização da viagem foi Monsenhor Miranda, que já tinha organizado a colônia de Nova Friburgo com os Suíços. Desta vez, ele também ficou responsável por trazer os alemães.

A historiadora diz que não se sabe ao certo o motivo real para que o destino mudasse da Bahia para Nova Friburgo:

Provavelmente, tenha tido a mão do Monsenhor Miranda. Vendo o tempo passar e para ter menos gastos, menos aborrecimentos, ele decide trazer os colonizadores aqui para Friburgo.

No final de abril, chegou um segundo navio e eles decidiram enviar esses colonos também para Friburgo. Cerca de 300 pessoas chegaram no dia 3 de maio de 1824, considerada a data inicial da colônia alemã na cidade e também do Luteranismo no Brasil:

Como esses alemães que chegavam eram protestantes, houve um conflito forte entre os representantes. O que a gente sabe através dos documentos é que havia sempre uma disputa entre o padre e o pastor. Então, os conflitos religiosos realmente existiram no início.

Antigo Templo da Igreja Luterana, em 1933Antigo Templo da Igreja Luterana, em 1933 | Foto: Acervo/Igreja Luterana

Vanessa explica que, em março, Dom Pedro outorgou a Constituição de 1824 e nela havia uma cláusula de que a religião oficial do Império era o catolicismo, mas que os outros cultos estavam liberados.

Os alemães quando chegaram aqui foram alocados nas casas da ‘Village’, o que hoje é o Paissandu. Por isso, o cemitério luterano foi instalado no local, assim como a antiga Igreja Luterana.

Cerca de 100 anos depois, por volta de 1911, a história começa a mudar e uma pessoa muito importante para o desenvolvimento econômico da cidade vem se instalar no município:

Julius Arp consegue a concessão da exploração de energia para trazer suas indústrias para cá. Em 1911, provavelmente, além das facilidades que chamaram a atenção dele, havia a colônia alemã, que ainda preservava a língua e os hábitos. Outro ponto era a estrada de ferro, que poderia ser usada para escoar a produção.

O trem chegando a Riograndina, em 1910O trem chegando a Riograndina, em 1910 | Foto: Acervo/Fundação D. João VI de Nova Friburgo

Com a vinda de Julius Arp, outros empresários também se instalaram aqui, formando então um complexo industrial. Mudando a história da cidade e contribuindo para o crescimento local:

O surgimento de bairros operários que vão alimentar essas indústrias, como Olaria, que cresceu muito por conta da Rendas Arp, e o Perissê, por causa da Sinimbu e da Ypu. Já o Lagoinha, em relação à Filó. Eles foram vários bairros operários que cresceram por conta desses pioneiros.

Fábrica de Rendas Arp, em 1910Fábrica de Rendas Arp, em 1910 | Foto: Acervo/Fundação D. João VI de Nova Friburgo

Não só as indústrias, mas as áreas educacional e esportiva também foram muito beneficiadas com a chegada desses estrangeiros:

Teve uma escola alemã que funcionava perto do viaduto e, mais tarde, também teve o Cêfel, uma instituição ligada à Igreja Luterana. No esporte, foi introduzido o bolão, que é um esporte alemão.

A Sociedade Esportiva Friburguense (SEF) e o Centro Excursionista Friburguense (CEF) também foram formados por diretores de fábricas, que começaram justamente a institucionalizar as trilhas. O que desenvolveu o montanhismo na cidade, sendo hoje um dos centros de excursionistas mais antigos do Brasil.

A produção de cerveja também foi um fator trazido pelos alemães. A sua tradição segue até hoje na cidade.

Bicentenário da Colonização Alemã

No próximo ano, a Colônia Alemã de Nova Friburgo vai comemorar os 200 anos da primeira imigração Alemã ao Brasil e, para isso, os dias já estão sendo contados em um relógio que foi instalado no Espaço Arp, um dos marcos da colonização na cidade.

Relógio está no Espaço Arp, no centro de FriburgoRelógio está no Espaço Arp, no centro de Friburgo | Foto: Reprodução/Redes Sociais

O atual presidente da colônia e do Centro Cultural Teuto Friburguense, Edmilson Schneider, falou com a reportagem sobre a importância dessa comemoração:

É fundamental divulgar a total importância da primeira imigração Alemã no Brasil. Com a resistência e perseverança dos alemães que chegaram na Vila de Nova Friburgo, no início do século passado. Empreendedores alemães escolherem a Serra Fluminense para trazer o desenvolvimento, trazer a energia elétrica para transformar a cidade em polo industrial, desde 1911. Hoje, somos a capital da moda íntima, polo metal mecânico, polo de produção de flores e também polo cervejeiro! Trazendo também a primeira Igreja Luterana do Brasil e da América Latina. Nos orgulhemos de tanto empenho e determinação! Nova Friburgo Teuto! Bicentenário! Bicentenário!

Outras Colônias

Além da vinda dos alemães, Nova Friburgo também comemora nesses 205 anos a chegada de outros povos importantes para a sua formação.

A 'Praça das Colônias' foi criada para homenagear e reunir as principais nações formadoras da cidade. São elas: Pan-Africana, Suíça, Alemanha, Áustria, Espanha, Hungria, Itália, Japão, Líbano e Portugal.

Praça das Colônias fica no Suspiro, no centro de Friburgo Praça das Colônias fica no Suspiro, no centro de Friburgo | Foto: Reprodução/Portal Multiplix

O local possui uma grande diversidade cultural e oferece um gostinho da gastronomia de cada país, com danças e festas típicas, oficinas e cursos que mostram um pouco de como a diversidade foi importante para o desenvolvimento do município.

Vale a pena conhecer um pouco de cada característica desses países, também tão presentes aqui em Friburgo.

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