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O pior anúncio de todos os tempos

Por JC do RH
26/11/19 - 12:06

Imagine que, buscando oportunidades de trabalho, você se deparasse com o seguinte anúncio:

“PROCURAM-SE HOMENS para uma viagem perigosa. Pequenos salários, frio intenso, longos meses de completa escuridão, constante perigo, retorno seguro duvidoso. Honra e reconhecimento em caso de sucesso.”

Diferente, não? Pois esse anúncio inusitado, quase um alerta a dizer: “não venham!” de fato existiu. Sir Ernest Shackleton, aventureiro britânico, por meio dele recrutava candidatos para a tripulação que iria acompanhá-lo em uma expedição que pretendia cruzar a Antártida a pé, um feito inédito. Era o ano de 1914 e, com esse anúncio, uma comunicação precisa e contundente do que teriam que enfrentar, iniciava-se uma das mais emocionantes aventuras do século XX, envolvendo um líder extraordinário e sua equipe. Uma jornada que, hoje, é tema de inúmeros treinamentos sobre liderança.

Por mais incrível que pareça, cerca de 5 mil pessoas fizeram filas por uma vaga. E os salários eram quase simbólicos: em média, US$ 500 por ano. Shackleton dizia que participar da viagem era um privilégio, especialmente para os cientistas. E foi então que, durante o dificílimo processo de entrevistas para fazer a seleção, o grande líder Shackleton começou a se revelar. Sim, ele levava em conta o conhecimento técnico dos candidatos; mas também, e principalmente, a personalidade e o caráter.

Eis o relato do que, afinal, ocorreu com a expedição: “Mal eles partiram e o navio que os levaria até o ponto de desembarque na Antártida, o Endurance, se viu preso nas placas de gelo do mar de Weddell. O barco acabaria triturado pela gigantesca pressão exercida pelo gelo. Os homens ficariam à deriva por quase dois anos, vivendo sobre o gelo flutuante e se alimentando de focas. Estavam além de qualquer resgate possível. Não tinham comunicação com o resto do mundo. Os equipamentos e as roupas eram tão precários quanto se poderia esperar de uma aventura do início do século passado. Ainda assim, Shackleton traria o grupo de volta em 30 de agosto de 1916 – com todos os 28 homens vivos.”

A pergunta é: como ele conseguiu liderar esse grupo em situação tão extrema? Além de sua natural vocação para a liderança e de sua admirável experiência em outras situações críticas - obtida em expedições polares anteriores -, eu arriscaria apontar dois outros fatores decisivos para esse sucesso. O primeiro deles: o rigoroso processo seletivo, já mencionado, executado pelo próprio Shackleton. Ele buscou formar um grupo equilibrado e heterogêneo, no qual as habilidades de uns pudessem compensar as fragilidades de outros. Ele, muito inteligentemente, não buscou apenas ter gente experimentada, competente, leal, disciplinada e/ou obediente. Buscou, para além disso, ter muita diversidade, com perfis complementares; e muitas pessoas que o desafiassem, constantemente, a ser um líder cada vez melhor.

O segundo fator, e provavelmente o mais importante, foi o profundo conhecimento que Shackleton desenvolveu, rapidamente, sobre cada indivíduo de sua equipe. Por meio de observação minuciosa e precisa, diálogo constante e propondo desafios que fizessem a equipe se superar um pouco a cada dia, ele passou a conhecer a fundo o coração e a mente de cada um. Sabia quanto – e quando – podia exigir a mais daqueles que conseguiriam dar mais; e quando – e o quanto - poupar os que estivessem momentaneamente fragilizados. Por fim, legitimou definitivamente a sua liderança ao se expor a mais perigos do que a maioria dos seus comandados, enfrentando muitos dias no mar, em um pequeno bote, e em meio a fortes tempestades, para ir em busca de resgate. O que foi, como sabemos, conseguido.

É esse o tipo de liderança que de fato vale a pena registrar, e que fica como exemplo para sempre.


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