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Afinal, o que justifica o poder? II

Por Hamilton Werneck
22/06/20 - 09:21

Expostos os poderes árquico e télico e suas justificativas, vamos explicar e questionar o poder TECTÔNICO. A palavra é colhida na geografia, onde os movimentos de profundidade da crosta terrestre, chamados tectônicos, provocam mudanças na superfície, como o surgimento dos Andes, dos Apeninos, da cordilheira do Himalaia, dos Alpes e muitas outras elevações do período terciário.

Um movimento lento, constante, com raízes profundas e marcadamente orgânico, onde todas as ações são relacionadas entre si e com uma ideologia maior que empresta ao poder uma roupagem própria.

As ditaduras, os movimentos nacionalistas, sobretudo aqueles que chegam aos limites do fascismo e do nazismo, são TECTÔNICOS. Eles se baseiam numa engrenagem, onde um movimento provoca o outro, eles são visivelmente uniformes, marciais, especialistas em usar símbolos marcantes, palavras de ordem, elitistas, segregacionistas, têm preferência por parte da população e suas etnias, detestam dividir o poder, imaginam uma pátria acima de tudo e os poderes de cada estado ou província submetidos ao poder central.

Encontramos em movimentos comunistas muita coisa parecida porque ambos prezam o ESTADO e fazem com que os cidadãos vivam para este ESTADO TOTALITÁRIO. A diferença está na existência da propriedade particular numa ideologia e a abolição da propriedade dos bens de produção em outra.

Uma das perguntas é como fica a população pobre num e noutro sistema, se ambos são TECTÔNICOS?

Temos de imaginar uma criança na frente de uma vitrine, desejando comprar brinquedos. No capitalismo de Estado, dentro do tectonismo como justificativa de poder há uma elite, uma classe social abastada. Fora dela, entre os pobres, não há dinheiro para comprar brinquedos. Nesse caso específico, os brinquedos estão nas vitrines, mas a criança pobre não pode comprá-los.

Se formos para o outro modelo que vigorou por décadas no leste Europeu, a mais valia dos produtos não vai para as elites e, sim, para o Estado. Os pobres nesse tipo de regime político, social e econômico, tem um pouco mais de recursos que nas economias elitistas estatizantes. As crianças pobres também ficam diante das vitrines, poderiam ter dinheiro para comprar brinquedos mais baratos, no entanto, não conseguem porque não há brinquedos, estes regimes não produziam supérfluos.

Num e noutro caso a pessoa desaparece diante do Estado, por sua vez liderado e governado por um “GUIA”. Não importa o nome que se lhe atribua, em todas as circunstâncias o indivíduo cede lugar ao ESTADO.

A justificativa está nessa ordem orgânica, na obediência cega, nos decretos e também nos partidos únicos e centralização do poder.

E o que vem a ser a quarta justificativa do poder, ou poder TÓPICO, aquele que ocorre num lugar e não ocorre noutro, dentro do mesmo espaço geográfico. Ocorre numa rua e não noutra. Existe numa praia ou bairro, não existem nas demais localidades semelhantes. Ocorre hoje e não ocorre amanhã, não tem horário, aparentemente não tem liderança. O que justifica o poder TÓPICO é o momento, a oportunidade, a vontade do indivíduo, desprezando totalmente a lei. Por vezes, estes movimentos momentâneos ocorrem por erro ou alguma estupidez do sistema vigente ou de alguém, dentro do sistema. A topicidade é anárquica. Caracteriza-se naquele fato do aluno que saiu de casa para a escola com um caderno e uma prancha de surfe. De repente ele vai à escola; se o sol estiver bom e as ondas também, ele vai surfar. As circunstâncias determinam o comportamento e as ações. Não há uma obediência a uma lei ou ordem estabelecidas, não há a consideração às leis votadas e consentidas. Para o praticante deste tipo de poder, não pode haver poder, lembrando Roland Barthes em sua Aula ao assumir uma cadeira na Sorbonne na década de setenta: “nós não invadimos a Universidade de Paris para tomar o poder, mas para derrubar o poder”.

Fora destas quatro justificativas só encontramos anacronismo. Pessoas que querem votar e, depois, serem governadas por um ditador ou arremedo dele. São situações anacrônicas, típicas de falta de cultura ou educação. É o poder do oportunismo!


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