Sem gotinha ou marca no braço: cobertura vacinal está em queda em Nova Friburgo
Além de boatos e informações falsas, medo provocado pela pandemia afasta muita gente dos postos de saúde
21/02/22 - 09:52
A redução na cobertura vacinal, que é o percentual de vacinados dentro do total de pessoas que precisam ser imunizadas, é uma tendência em todo o país, agravada pela pandemia. O Portal Multiplix fez um levantamento com base em dados disponíveis no DataSUS. Embora tenha oscilado em anos anteriores, é nítida a queda sucessiva de imunização desde 2018. Naquele ano, a taxa era de 77,1% e chegou a 60,7% em 2021.
Essa realidade também ocorre em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio. A plataforma de dados do SUS indica que, à exceção de 2016, nos últimos dez anos, a cobertura vacinal na cidade esteve acima de 70%, mas ficou abaixo desse número desde 2019. No ano passado, chegou a somente 57,9%.
Por trás desse fenômeno está, principalmente, a desinformação em relação aos imunizantes. Nos últimos anos, boatos ou informações falsas também tentam descredibilizar a eficácia ou potencializar os riscos, especialmente para crianças, como já reconhecido publicamente pelo Ministério da Saúde.
Sem vacinação, doenças podem voltar
O calendário básico de vacinação do SUS prevê a aplicação de 20 imunizantes, dos quais 18 são destinados aos menores de idade, como as vacinas contra a rubéola e a poliomielite. Doenças que foram erradicadas ou controladas no país, graças às campanhas nacionais de vacinação, cujo símbolo maior é a mascote Zé Gotinha.
Entretanto, o Brasil voltou a figurar entre os países com alto risco de volta da poliomielite, por exemplo, segundo informes divulgados pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) ao longo do segundo semestre de 2021, devido à diminuição de crianças que recebem o imunizante.
Pais fazem fila para vacinar crianças contra o sarampo em março de 2020, antes da pandemia | Foto: Reprodução/Portal Multiplix
Outra doença que voltou recentemente é o sarampo. Em 2020, foram registrados casos em Nova Friburgo, o que provocou, na ocasião, uma corrida ao posto de vacinação.
Efeitos da pandemia
Aline Lima Abreu, coordenadora de imunização do município de Nova Friburgo, destaca que se vacinar é importante para reforçar o sistema imunológico e garantir proteção contra doenças preveníveis, mas admite que a procura também diminuiu devido à Covid-19.
Com a pandemia, muitos pais, com receio e medo de expor as suas crianças nas salas de vacina, postergaram as vacinas aprazadas.
A recomendação é para que pais ou responsáveis não deixem de imunizar os pequenos. No caso das crianças maiores de 5 anos e que já tenham recebido a vacina contra a Covid, a orientação é para que seja aguardado o prazo de 15 dias para a aplicação de outro imunizante.
Cada imunizante tem o tempo exato para agir na produção de anticorpos específicos, com isso, as vacinas tem o tempo certo de aplicação para evitar a exposição com as doenças imunopreveníveis.
Segurança dos imunizantes
De acordo com o Ministério da Saúde, as vacinas disponíveis pelo SUS são seguras e aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo a pasta, os benefícios da imunização são muito maiores do que eventuais reações temporárias, como febre e dor local.
A jornalista e empresária Priscilla Franco sabe bem disso. Quando a filha dela tinha apenas dois meses, teve uma reação muito forte à vacina do rotavírus, com febre e dor abdominal. Mas, mesmo assim, Priscilla decidiu levá-la para receber as outras duas doses previstas desse imunizante.
Sempre vi esse efeito colateral como um mal necessário. Meu pensamento é: se a reação da vacina é tão ruim, imagina sofrer da doença propriamente dita? Vai ser muito pior.
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