Fiocruz alerta para aumento de 309% dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave em crianças

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) emitiu um boletim com o alerta sobre o aumento no número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças.

De acordo com os dados da fundação, apesar do cenário de queda nos casos de SRAG em todas as faixas etárias da população adulta, as crianças de 5 a 11 anos apresentaram crescimento de aproximadamente 309%. Já o grupo de 0 a 4 anos teve um aumento de cerca de 110% em todo país.

No estado do Rio, a taxa de transmissão comunitária da SRAG foi identificada como ‘nível alto’.

Os dados são do período de 20 a 26 de março de 2022, e a análise teve como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até 28 de março.

Fiocruz analisou o nível de casos semanais em todo país | Arte: Reprodução/Boletim InfoGripe (Fiocruz)

A pediatra de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, Renata Salgado, confirmou essa disparada de casos de gripe na cidade.

“Houve aumento dos quadros virais das crianças e, principalmente, por causa do retorno às aulas. As crianças ficaram reclusas por dois anos, agora, com o retorno às aulas, os vírus voltaram a circular e muitas crianças tiveram sintomas de doenças respiratórias”, afirma.

A médica explica ainda o que é a SRAG e quais são os seus principais sintomas:

“A síndrome respiratória aguda grave é um conjunto de sinais e sintomas que a gente pode encontrar em algumas doenças. Na verdade, ela não é uma doença específica, ela é um conjunto de sinais e sintomas, como: febre, tosse, falta de ar, nariz entupido e dor de garganta. Esses sintomas podem estar presentes na pneumonia e em algumas doenças virais e/ou bacterianas pulmonares."

O documento da Fiocruz indica ainda que, na faixa etária de 0 a 4 anos, os dados laboratoriais preliminares sugerem que o crescimento expressivo, a partir desse período, possa estar relacionado a um aumento nos casos associados ao vírus sincicial respiratório (VSR).

Já no grupo de 5 a 11 anos, os números sugerem interrupção de queda nos resultados positivos para Sars-CoV-2 (Covid-19) em fevereiro e aumento na detecção de outros vírus respiratórios em março.

“O vírus sincicial acomete as crianças, e ele é grave nos menores de um ano, principalmente abaixo de seis meses. Ele é o principal causador da bronquiolite. A gente tem visto muitas crianças com esse quadro agora, justamente porque os vírus voltaram a circular. Nas crianças menores, ele pode causar falta de ar, respiração mais acelerada, febre e, em alguns casos, existe até a necessidade de internação para acompanhamento e com a necessidade de oxigênio”, explica a pediatra.

A médica Renata faz um alerta para os pais, já que nessa época do ano a queda das temperaturas pode aumentar a circulação desses vírus.

“No outono e no inverno, em especial no outono, já que a amplitude térmica é imensa, a gente se depara com muitas crianças com quadros virais, principalmente aquelas que têm mais tendência para alergia respiratória, asma e rinite. O ar frio e seco da nossa região, que é o principal fator irritante da via aérea, começa agora no outono/inverno, então as exacerbações de asma e de alergia respiratória começam agora e junto com esses quadros virais acabam piorando”, ressalta.

É importante manter a vacinação das crianças em dia para prevenir doenças | Foto: Reprodução/Portal Multiplix

Por isso, é importante que os pais estejam sempre atentos aos sintomas para prevenir as crianças:

“É preciso manter uma alimentação saudável, a hidratação e o controle das doenças de base, como alergias respiratórias. Também é importante estar com a caderneta de vacinação em dia, como a da gripe, para aquelas que estão na fase de receberem o imunizante. Isso é muito importante”, reforça a pediatra.

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