Polícia e Governo do Rio de Janeiro realizam operação histórica contra o tráfico de animais silvestres
Ao todo, 45 mandados de prisão e 275 de busca e apreensão são cumpridos em diferentes regiões do estado

Na manhã desta terça-feira, 16, a Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ) realiza a Operação São Francisco e a classifica como a maior ação da corporação contra o tráfico de animais silvestres e armas.
Mais de mil policiais cumprem 45 mandados de prisão e 275 de busca e apreensão na capital, regiões Metropolitana, Serrana, dos Lagos e Baixada Fluminense e também nos estados de São Paulo e Minas Gerais.
Ao final da ação, a PCERJ confirmou que 47 pessoas foram presas e mais de 800 animais foram resgatados.
Essa é uma força-tarefa do governo estadual, coordenada pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), com apoio da Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (Seas).
Até a manhã desta terça-feira, 16, a Polícia Civil confirmou a prisão de 32 pessoas na operação | Fotos: Reprodução/Carlos Magno e PCERJ
Ainda segundo a polícia, 145 envolvidos foram identificados durante as investigações, que duraram um ano e revelaram a maior organização criminosa do Rio de Janeiro, além das suas conexões com facções de outros estados.
O grupo, de acordo com o informado pela corporação, explorava há décadas o tráfico de animais silvestres em território fluminense, sendo o principal responsável pela venda em feiras clandestinas.
O secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, explicou um pouco sobre a atuação da organização:
Por meio de uma investigação profunda e meticulosa, conseguimos comprovar a ligação dessa organização criminosa com as facções que todos os dias atacam a liberdade da nossa população. Além do crime ambiental, que é gravíssimo, esse grupo ainda comercializava armas e munições, que eram usadas para a prática de diversos outros delitos.
O governo estadual informou que as investigações apontaram para uma atuação de forma armada e estruturalmente organizada, por meio de diversos núcleos com funções específicas, incluindo o de caçadores.
No esquema, segundo a polícia, eles eram os responsáveis pela caça em larga escala nos habitats naturais.
Após serem retirados da natureza, os animais eram transportados de forma cruel pelo núcleo de atravessadores, que tinham a função de entregar os bichos nos centros urbanos para a comercialização.
Segundo a polícia, a organização explorava o tráfico de animais no estado do Rio de Janeiro há décadas | Fotos: Reprodução/Carlos Magno e PCERJ
A corporação, junto ao estado, conta ainda que havia também um núcleo especializado em primatas, que caçava, dopava e vendia macacos para outros integrantes do grupo. Muitos deles eram retirados das matas fluminenses, como o Parque Nacional da Tijuca e o Horto.
O Inea informou que, para dar apoio à operação, foi montada na Cidade da Polícia uma base para onde os animais serão encaminhados. Lá, receberão atendimento médico-veterinário por profissionais voluntários e serão avaliados por peritos criminais.
Em seguida, serão levados para centros de triagem, a fim de garantir a reintrodução na natureza.
O secretário estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi, comentou sobre o tráfico de animais no estado:
É um verdadeiro extermínio silencioso da nossa fauna, um crime que destrói ecossistemas e ameaça diretamente a biodiversidade do Brasil. Esse tráfico de animais não é apenas crueldade: é um corredor da morte, já que muitos morrem antes mesmo de chegarem à venda. Isso mostra a brutalidade desse comércio.
A ação também conta com o apoio de delegacias dos Departamentos-Gerais de Polícia Especializada (DGPE), da Capital (DGPC), da Baixada (DGPB) e do Interior (DGPI), da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e da Subsecretaria de Inteligência (Ssinte), do Ministério Público, com colaboração do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e do Ibama.
Outros núcleos
A Polícia Civil também confirma outras frentes de atuação do grupo, como os falsificadores. Esses vendiam anilhas, selos públicos, chips e documentos falsos, que eram usados para mascarar a origem ilícita dos animais.
Outro núcleo apontado foi o de armas, que seria responsável pelo fornecimento de armamento e munições para a organização.
Além disso, os investigadores identificaram diversos consumidores finais, que adquiriram animais silvestres de forma ilegal.
De acordo com a polícia, o inquérito aponta ainda que os traficantes de animais se utilizam de relações próximas com as facções criminosas para garantir, assim, a venda em feiras clandestinas realizadas em áreas exploradas pelo tráfico de drogas.
O Portal Multiplix aguarda mais detalhes sobre a operação, solicitados à Polícia Civil, governo estadual, Seas e Inea.
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