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Nova Friburgo tem oito ruas que homenageiam grandes escritores brasileiros

Homenagear escritores pode ser um incentivo à leitura

Por Sara Schuabb
19/02/19 - 12:08
Nova Friburgo tem oito ruas que homenageiam grandes escritores brasileiros Rua Machado de Assis, no bairro Perissê, em Nova Friburgo, homenageia escritor brasileiro que publicou mais de 50 obras | Foto: Reprodução/Portal Multiplix

Quem será que mora na Rua Machado de Assis, no Perissê, bairro de Nova Friburgo, Região Serrana do Rio? Será que há alguma mulher com ideias de vanguarda, enigmáticas e com "olhos de ressaca" semelhante a Capitu? Será que também há algum homem tão ciumento quanto Bentinho, sempre desconfiado da mulher? Morar em uma rua que homenageia grandes escritores, além de ser um incentivo a conhecer seus livros, é um convite a entrar no imaginário das obras do autor e a refletir sobre como essas histórias e poesias se relacionam no tempo e no cotidiano de quem mora ou passa por ali.

A reportagem do Portal Multiplix identificou oito ruas em Nova Friburgo que homenageiam escritores brasileiros famosos: Machado de Assis, no Perissê; José de Alencar, no Cordoeira; Álvares de Azevedo, na Ponte da Saudade e em Amparo; Olavo Bilac, no Centro; Cecília Meireles, no Prado; Graciliano Ramos, em Jardinlândia; e Castro Alves, nas Braunes.

Apaixonada por literatura, Heloísa Vianna, que trabalhou 34 anos como bibliotecária e diz ter lido mais de mil livros, afirma que é uma honra morar em uma rua em homenagem a Machado de Assis.

“Morar numa rua com o nome de um dos escritores mais lidos e mais populares do Brasil, que, apesar de ter vivido há mais de século, traduz na sua obra contexto e tema sociais muito atuais, só nos dá honra e inspiração para viajar para outros mundos e imaginar situações inusitadas."

Professora de História da Escola Estadual Dr. João Bazet, que fica próxima à Rua Machado de Assis, Camila Amaduro acredita ser importante que as ruas façam homenagem a escritores, principalmente porque estamos vivendo em um tempo que o hábito da leitura não está sendo muito incentivado.

“Por fazer parte do cotidiano de quem vive na rua, no bairro, pode ser um incentivo para buscarmos mais informações sobre essas personalidades. Gosto muito de Machado de Assis, ainda não consegui ler todas as suas obras, mas li Memórias Póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro, dentre outras. E suas histórias nos ajudam a compreender a mentalidade do séc. XIX. E, para mim, essa compreensão do passado é fundamental para entendermos muito da realidade do nosso presente.”, diz.

A escolha do nome de uma rua

As ruas precisam ter nomes para que possam servir de referência para pessoas e empresas se localizarem e se situarem nas regiões. Essa atribuição fica por conta Câmara de Vereadores de cada município. Ainda que a decisão seja tomada pelos vereadores, as reuniões são abertas para a população participar. E, com maior participação popular, os nomes das ruas podem ter, inclusive, mais sentido para aqueles que nelas transitam e habitam.

Nomes de ruas costumam homenagear pessoas famosas, políticos, personalidades locais, momentos históricos, nomes de flores e árvores e podem estar ligados à história da cidade ou do país ou a algum fato relevante à época, pois essas nomenclaturas costumam ser escolhidas em consequência à alguma situação importante para aquele lugar, município ou país, no momento em que a rua, estrada ou avenida foi criada.

Escritores brasileiros homenageados pelas ruas de Nova Friburgo:

Rua Machado de Assis, no bairro Perissê

Machado de Assis (1839 -1858) nasceu no Rio de Janeiro e produziu mais de 50 obras de quase todos os gêneros literários, com destaque para os romances e contos, entre eles, A Mão e a Luva (1874), Helena (1876), Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), O Alienista (1882), Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1899) e Esaú e Jacó (1904). Machado de Assis faleceu no Rio de Janeiro no dia 29 de setembro de 1908. Relatos históricos apontam que o escritor visitou Nova Friburgo em duas ocasiões. Em uma delas, inclusive, teria dado início a uma de suas obras mais famosas: Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Livros e flores

Teus olhos são meus livros.

Que livro há aí melhor,

Em que melhor se leia

A página do amor? (...)

Rua Álvarez de Azevedo, no distrito de Amparo e no bairro Ponte de Saudade

Manoel Antônio Álvares de Azevedo (1831-1852) foi escritor, contista, dramaturgo, poeta e ensaísta brasileiro, autor da famosa “A Noite na Taverna”. É considerado um nome importante do Ultra Romantismo, que são os poetas que passaram a falar do mundo interior em vez de falar de temas nacionalistas e indigenistas. Seus poemas falam de tédio, frustrações amorosas e do sentimento de morte. A figura da mulher aparece em seus versos como um ser platônico. Deixou como legado, além de dezenas de poesia, as obras: Macário, 1850; Lira dos Vinte Anos, 1853 (poesia); A Noite na Taverna, 1855 (prosa); e Conde Lopo, 1866 (poesia).

Invejo as flores que murchando morrem,

E as aves que desmaiam-se cantando

E expiram sem sofrer...

Rua Olavo Bilac, no Centro

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (1865-1918), nascido no Rio de Janeiro, foi jornalista, contista, cronista e autêntico poeta brasileiro, tido como o principal representante do parnasianismo no país. Foi considerado um dos maiores poetas líricos com suas poesias de amor e sensualidade em versos vibrantes. Publicou: Poesias, Via Láctea e Sarças de Fogo, em 1888; Crônicas e Novelas, 1894; O Caçador de Esmeraldas, 1902; As Viagens, 1902; Alma Inquieta, 1902; Poesias Infantis, 1904; Crítica e Fantasia, 1904; Tratado de Versificação, 1905; Conferências Literárias, 1906; Ironia e Piedade, crônicas, 1916; e Tarde, 1919 (obra póstuma). Também é o autor do Hino à Bandeira.

Dormes…

Dormes… Mas que sussurro a umedecida

Terra desperta? Que rumor enleva

As estrelas, que no alto a Noite leva

Presas, luzindo, à túnica estendida?

São meus versos! Palpita a minha vida (...)

Rua Cecília Meireles, no bairro Prado

Cecília Benevides de Carvalho Meireles (1901 – 1964) nasceu no Rio de Janeiro, foi jornalista, pintora, poetisa e professora brasileira. Cronologicamente vinculada a segunda fase do modernismo brasileiro, sua obra também traz influências simbolistas, românticas barrocas e parnasianas. Publicou mais de 60 livros, dentre os quais destacam-se: Nunca Mais (1923), Poema dos Poemas (1923), Baladas para El-Rei (1925), Viagem (1939), Vaga Música (1942), Mar Absoluto e Outros Poemas (1945), Retrato Natural (1949), Doze Noturnos da Holanda (1952), Poemas Escritos na Índia (1950), Metal Rosicler (1960) e Solombra (1963).

Motivo

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta. (...)

Rua José de Alencar, no bairro Cordoeira

José de Alencar (1829-1877) nasceu em Messejana, no Ceará. Foi romancista, dramaturgo, jornalista, advogado e político brasileiro. É considerado um dos maiores representantes da corrente literária indianista, famoso pela obra “O Guarani”. Publicou mais de 20 livros, dentre eles: Cinco Minutos, romance, 1856; Cartas Sobre a Confederação dos Tamoios, crítica, 1856; O Guarani, romance, 1857; Verso e Reverso, teatro, 1857; A Viuvinha, romance, 1860; Lucíola, romance, 1862.

O amor, porém, é contagioso, com especialidade na solidão, onde a alma tem necessidade de uma companheira, e quando de todo não a encontra, divide-se ela própria para ser duas: uma, esperança; outra, saudade.

Rua Graciliano Ramos, no bairro Jardinlândia

Graciliano Ramos de Oliveira, nasceu em Quebrângulo, em Alagoas. Foi romancista, cronista, contista, jornalista, político e memorialista brasileiro do século XX. Uma de suas obras que se tornou clássico da literatura brasileira é o romance “Vidas Secas”. Algumas de suas obras de destaque: São Bernardo - romance - 1934; Angústia - romance, 1936; Vidas Secas - romance, 1938; A Terra dos Meninos Pelados - contos infanto-juvenis, 1939; Histórias de Alexandre - contos infanto-juvenis, 1944; Insônia - contos, 1947; Memórias do Cárcere -1953; (obra póstuma).

Cartas de amor a Heloísa

Dizes que brevemente serás a metade de minha alma. A metade? Brevemente? Não: já agora és, não a metade, mas toda. Dou-te a minha alma inteira, deixe-me apenas uma pequena parte para que eu possa existir por algum tempo e adorar-te.

Rua Castro Alves, no bairro Braunes

Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871) nasceu em Salvador e é autor de clássicos como Espumas Flutuantes e Hinos do Equador. Foi considerado "poeta nacional social, humano e humanitário”.

As duas flores

“São duas flores unidas

São duas rosas nascidas

Talvez do mesmo arrebol,

Vivendo no mesmo galho,

Da mesma gota de orvalho,

Do mesmo raio de sol.”(...)


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