Inflação no Arraiá: preços de alimentos típicos de festa junina disparam nos mercados

Há alguns anos, promover uma festa junina era tarefa simples e divertida. Bastavam alguns enfeites característicos, comidas típicas e um forró animado pro “arraiá” começar. Mas agora, a alta dos preços de alguns produtos está tornando a festa um tanto desafiadora para aqueles que costumam promover o evento.

Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que o preço médio dos ingredientes juninos subiu 13,12%.

De acordo com a pesquisa, pratos típicos, como o caldo verde, por exemplo, subiu consideravelmente. A batata-inglesa, ingrediente principal, subiu 71,35% nos últimos doze meses, sendo considerada a maior alta desses alimentos.

Outra elevação de preço está na couve, que registrou um aumento de 29,34%. Também teve alta no preço a tradicional maçã do amor, já que produtos como açúcar refinado, maçã e o açúcar cristal subiram 42,02%, 28,68% e 26,8%, respectivamente.

Outros produtos pesquisados pela instituição, que são comumente usados em junho, e tiveram um aumento de preço importante foram o milho de pipoca (20,95%), leite (18,03%), farinha de trigo (16,78%), aipim (16,03%), fubá de milho (15,63%), ovos (15,1%), batata-doce (13,83%), milho em conserva (12,08%), queijo minas (11,23%), leite condensado (10,67%) e linguiça (10,1%).

Batata-inglesa teve alta de mais de 70% em um ano | Foto: Banco de Imagem

O consultor financeiro, Gabriel Alves, considera que o principal motivo para a alta desses produtos seja uma velha conhecida dos brasileiros, a inflação. Segundo ele, desde o início da pandemia, quando o mundo parou, houve um choque de ofertas, que já era o primeiro passo para uma crise inflacionária. Depois veio um outro problema:

Para agravar a questão, ainda temos a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que são grandes produtores de commodities, como é o caso do trigo, por exemplo. A Ucrânia é a maior produtora deste cereal no planeta e essa crise impacta no cenário econômico global. O mundo inteiro está em uma forte tendência inflacionária.

Gabriel diz, no entanto, que não é preciso deixar o lazer de lado. Para driblar a situação, ele sugere que a festa junina, por exemplo, não seja bancada por um único anfitrião, mas que tenha os custos compartilhados entre os demais participantes:

As pessoas que vão estar na festa podem levar, cada uma, uma coisa diferente. Isso vai diluir os custos pra cada um dos bolsos.

Dica que já está sendo seguida pelo atendente bancário, Rafael Toledo. Tradicionalmente, ele realiza uma festa junina particular para um grupo de amigos no sítio da família em Nova Friburgo, na Região Serrana. Para manter as atividades este ano, foi preciso mudar a estratégia orçamentária.

Ele conta que nas primeiras edições, cada um levava um prato e a bebida. Em outras, ele estipulava um valor e com o dinheiro arrecadado comprava os itens necessários. Mas no final, acabava absorvendo os custos com a compra de lenha, gás e luz. Até então, isso era aceitável:

Agora, como tudo aumentou muito, está inviável. Então, este ano, além do prato, o participante vai contribuir também com uma quantia em dinheiro. E o grupo entende isso, sabe o momento que estamos passando e foca no nosso objetivo, que é a diversão.

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