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A voz (da nova geração) friburguense na luta antirracista

Conheça Bruna Bento que, com apenas 17 anos, já impressiona com letras autorais que trazem dores e reflexões sobre poder e mudanças

Por Paula Winter
29/06/20 - 10:13
A voz (da nova geração) friburguense na luta antirracista A friburguense Bruna Bento, com sua música, vem chamando a atenção nas redes sociais | Foto: Arquivo Pessoal/Bruna Bento

Ao longo do mês de junho, a luta antirracista vem arrastando multidões por diversos cantos do planeta. No Brasil, também houve protesto nas ruas e nas redes sociais. Um país de uma diversidade enorme, que possui mais da metade de sua população composta por pessoas não brancas (autodeclarados pretos e pardos são 55,6% dos brasileiros, de acordo com o IBGE), mas que ainda tem o racismo presente no dia a dia, o que se reflete nos números de escolaridade, emprego e renda dessa população.

Diante dessa realidade, fica a pergunta: como tornar a sociedade mais igualitária quando o racismo é estrutural? Como levantar, mais uma vez, esse debate e fazer algo a respeito?

Dizem que os jovens são o futuro do país. Ultimamente, essa geração vem fazendo pela causa, tentando espaço nessa transformação social e ainda mais voz nesse diálogo. Como é o caso da friburguense Bruna Bento. Por meio da voz, a artista quer deixar sua marca nesse (novo) mundo.

Com apenas 17 anos, ela vem ganhando destaque nas redes sociais com um instrumento vocal poderoso. Suas letras autorais trazem dores e reflexões sobre poder e mudanças. A interpretação é carregada de sentimentos e de desabafos.

Com autorização da mãe, Bruna conversou com o Portal Multiplix. Ela começou com a música aos sete anos de idade, na igreja, e atualmente teve a ideia de gravar vídeos, que estão em alta na internet.

“A ideia veio quando eu tive o entendimento que a minha voz e as minhas letras podiam tocar outra pessoa”, comenta.

E todo esse talento tem sido reconhecido, não só pelos amigos. “Não só os amigos como também pessoas conceituadas no meio artístico. As mensagens que recebo têm me mostrado que, sim, tenho tocado as pessoas”, diz.

Na descrição de seu Instagram, Bruna afirma que é resistência. E uma menor de idade deveria se preocupar em resistir? Infelizmente, sim, já que, ainda de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um negro tem 2,7 vezes mais chances do que brancos de ser vítima de assassinato no Brasil, por exemplo. Simplesmente pela cor de sua pele.

As pesquisas do IBGE revelam ainda severas desvantagens nos indicadores do mercado de trabalho, distribuição de renda, condições de moradia, educação e representação política.

"Sinto que como mulher negra e jovem muitas coisas ainda estão mascaradas""Sinto que como mulher negra e jovem muitas coisas ainda estão mascaradas" | Foto: Arquivo Pessoal/Bruna Bento

E como essa realidade é sentida por meninas jovens e negras, como a Bruna? Ela comenta como se sente na sua cidade, em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio.

“Sinto que de algum modo é indiferente, que só existo. Ao longo dos anos muita coisa em Nova Friburgo pode ter mudado, mas sinto que como mulher negra e jovem muitas coisas ainda estão mascaradas com o racismo, o machismo e a falta de investimento no jovem”.

Questionada se isso vai impedi-la de seguir na carreira cultural e musical, Bruna não hesita. Definitivamente, o sentimento de apenas existir não será opção. Daqui para frente, ela quer que sua arte seja mais visível, abrangente, permitindo que milhares também possam expor os seus talentos e ocupar cada vez mais esses e tantos outros lugares. E que esses lugares tenham cada vez mais representatividade.

“Para mim, como parte da população afrodescendente, a visibilidade é de suma importância, pois não adianta ter voz e não ter quem a ouça. Quanto à representatividade, temos sim que assumir quem somos, aceitar quem somos e principalmente entender quem somos!”, frisa.

Pretendo sempre me expressar a favor da cultura. Trabalhar bastante para crescer profissionalmente fazendo o que amo, que é cantar e com minha voz atingir a vida das pessoas.

Para esse cenário, voltamos ao assunto da luta antirracista. Um movimento que precisa de aliados, que entendam o propósito. De acordo com a Bruna, pessoas que saibam de quem é o protagonismo da causa e que somem na qualidade, não na quantidade.

“Primeiro ponto: compreender realmente sobre o que estamos falando, pelo o que estamos lutando e porquê! Por trás de toda a nossa história, há uma luta e resistência que todos deveriam conhecer. Nós não precisamos de número no movimento, precisamos de quem faça a diferença!”, explica Bruna.

Manifestações contra o racismo

A luta antirracista voltou à pauta social com o assassinato do ex-segurança norte-americano George Floyd, que era preto, por um policial branco, no dia 25 de maio, em Minnesota, nos Estados Unidos.

O oficial se ajoelhou na cabeça de Floyd que, repetidamente, dizia “eu não consigo respirar”. O vídeo que foi gravado durante a abordagem policial causou indignação.

Há um mês, protestos diários vêm acontecendo e se espalhando pelo mundo. Países como EUA, Brasil, Canadá, Espanha, França, Holanda, Reino Unido, Tailândia, Austrália, entre outros, registraram manifestações.

No Brasil, a morte do menino João Pedro, de 14 anos, morto dentro de casa durante uma operação policial no Complexo do Salgueiro, no Rio de Janeiro, e do pequeno Miguel, de 5 anos, que caiu de uma altura de 35 metros de um prédio em Pernambuco, também foram representadas nos atos.

Assim como as mortes de tantas outras crianças, jovens, pais, mães e famílias negras que se esbarram diariamente com as balas perdidas, com as operações, com a indiferença, nesses caminhos traçados pela desigualdade racial.


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