Friburgo: CPI da Saúde colhe depoimento de ex-secretário de Saúde, Christiano Huguenin

A CPI da Saúde, instaurada desde setembro de 2018 na Câmara de Vereadores de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, está em sua fase de oitivas e teve um capítulo importante na última quarta-feira, dia 17 de abril: contou com o depoimento do ex-secretário de Saúde do município, o vereador Christiano Huguenin (MDB), em testemunho que durou cerca de quatro horas.

Huguenin foi secretário de Saúde na época da celebração dos contratos emergenciais entre a prefeitura e a Global Trade Indústria de Alimentação, que são investigados pela comissão parlamentar. De acordo com o relator da CPI, vereador Zezinho do Caminhão (PSB), o antigo comandante da pasta da Saúde trouxe informações importantes para os vereadores.

“Ele falou sobre os contratos e esclareceu pontos importantes. Por outro lado, teve dificuldades com alguns questionamentos e acabou se esquivando de muitas perguntas. Mas em resumo, ele trouxe informações importantes para seguirmos com as investigações”, declara o parlamentar.

As oitivas da CPI seguirão na próxima semana, no dia 24 de abril, a partir das 9h, com os depoimentos do proprietário da Global, Ricardo Mora, da ex-diretora geral do Hospital Raul Sertã, Letícia Kubner, e de proprietários de empresa de alimentação, que, segundo o relator da CPI, enviaram em todas as cotações de preço para a celebração dos contratos, orçamentos mais caros que os da Global.

Zezinho fala ainda que os trabalhos dos vereadores friburguenses podem ser acompanhados pelo público: “as oitivas serão abertas à comunidade com o intuito de dar mais transparência ao nosso trabalho. Assim, se evitam manobras para que os trabalhos fiquem travados. Disse desde o começo que esta CPI não acabará em pizza”, afirma.

Na última quarta-feira, 10, a convocada para depor foi a funcionária da Prefeitura de Nova Friburgo, Giovana Maria Damasceno Donadio, que, segundo o relator da CPI, emitiu um despacho autorizando a emissão de uma nota de empenho para a concretização de um contrato emergencial na Saúde, o que não caberia a ela.

CPI

Vale lembrar que a comissão investiga os contratos assinados com dispensa de licitação pela pasta da Saúde com a empresa Global Trade Indústria de Alimentação. No fim de agosto, a Secretaria de Saúde de Nova Friburgo já havia se tornado alvo de uma investigação do Ministério Público Federal (MPF) pelo mesmo motivo. De acordo com o órgão fiscalizador, a firma do município da Região Serrana do Rio foi contratada em caráter emergencial e sem licitação.

Segundo o MPF, em 2018, a Global foi contratada em duas ocasiões. A primeira, em janeiro, quando recebeu da prefeitura R$ 3,3 milhões, além de um aditivo de R$ 164 mil, para o fornecimento de alimentação para pacientes, acompanhantes e funcionários do Hospital Municipal Raul Sertã. A segunda vez, no último dia 6 de agosto, quando a prefeitura realizou outro contrato com dispensa de licitação no valor de R$ 2,9 milhões.

Vale destacar que a empresa foi contratada da mesma forma e com o mesmo propósito, sem licitação, também em 2017, quando recebeu do Executivo municipal R$ 2,1 milhões com acréscimo de R$ 733 mil no contrato.