Academia Brasileira de Ciências pede maiores investimentos para o setor
Instituição enviou carta aos candidatos à Presidência, defendendo a aplicação de 2% do valor do PIB para ciência
A Academia Brasileira de Ciências (ABC) lançou, nesta quinta-feira, 23, o documento “A importância da ciência como política de Estado para o desenvolvimento do Brasil”, destinado aos candidatos à Presidência da República. Na carta, a ABC defende a aplicação de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em investimentos na área da ciência e a adoção de uma política de Estado para o desenvolvimento do setor.
Para a presidente da instituição, a biomédica e pesquisadora Helena Nader, a meta de aplicar 2% do PIB em investimento em Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) nos próximos quatro anos é “extremamente factível”. Atualmente, menos de 1% do valor do PIB nacional é destinado a pesquisas científicas.
Ela lembrou ainda que países vizinhos aumentaram esse patamar, significativamente, em prazos ainda menores. A presidente citou, também, que a média de investimentos entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 2,6% e que algumas nações, como Coreia do Sul e Israel, por exemplo, investem ainda mais: 4,5% do PIB.
“Educação e Ciência e Tecnologia são o futuro. O mundo está investindo cada vez mais nessas áreas. Há 40 anos, Coreia e China estavam atrás do Brasil. Olhem como estão hoje”, disse.
O documento, que será enviado aos candidatos à Presidência, aos governos estaduais e a cargos no Legislativo, está estruturado como uma plataforma de propostas para os próximos anos. Para a ABC, as principais delas são:
Formar pessoal qualificado
De 1985 para cá, a participação do país avançou de 0,5% para 3,2% na produção científica mundial. Apesar dessa evolução, o quadro ainda é de falta de cientistas. O Brasil possui 900 pesquisadores a cada milhão de habitantes – taxa inferior não só ao de países desenvolvidos, como também a de alguns latino-americanos. Para a Academia, o Brasil deve ter por meta chegar o marco de 2 mil pesquisadores por milhão em 10 anos.
Revolucionar a educação
Desde 2010, a ABC reitera que uma revolução na educação deve ser prioridade máxima do país. As políticas públicas e as soluções pedagógicas para o setor devem ser baseadas em evidências científicas. É preciso, portanto, estimular a pesquisa científica para pensar os problemas da educação, em especial no ensino público.
Financiar a ciência de maneira robusta e sustentável
A Academia Brasileira de Ciências propõe novos modelos de financiamento da ciência, por meio de recursos do fundo social do Pré-Sal e incentivos fiscais para doações a instituições de CT&I. Incentiva a criação de chamadas públicas para fomentar projetos capazes de solucionar grandes desafios, como a violência urbana, a falta de saneamento, precariedade do transporte, entre tantos outros. Na saúde, a ABC destaca a necessidade de estruturar um complexo industrial, com governo, empresas e academia, a fim de estimular uma inovação na indústria farmacêutica, visando à soberania brasileira no setor.
Ciência para o avanço digital do Brasil
A ABC considera este segmento como a chave para o futuro do país, pois tem implicações para todas as áreas do conhecimento, como agricultura, indústria, energia, meio ambiente, saúde, educação e para o desenvolvimento da própria ciência.
A partir disso, a Academia recomenda direcionar os investimentos em:
Ampliar a capacidade, velocidade e cobertura das redes de computadores que interligam as instituições de pesquisa e de ensino (incluindo as escolas);
Ampliar a capacidade de supercomputação instalada no país, em particular os sistemas dos institutos e laboratórios nacionais;
Criar uma infraestrutura de armazenamento de dados em larga escala no Brasil, em que as informações fiquem armazenadas em segurança sob o controle do país;
Investir em pesquisas e formação de pessoal em áreas críticas, como inteligência artificial e robótica, entre outras.
Para ler a íntegra do documento, clique aqui.
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