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A varíola tem algo em comum com o coronavírus, pelo menos no Brasil de 2020

Por Hamilton Werneck
09/11/20 - 15:00

Ouvimos falar da revolta da vacina no Rio de Janeiro no início do século XX, à época do Prefeito Pereira Passos, o mesmo que mudou a região central da capital, abriu a avenida que chamamos, hoje, de Rio Branco, desalojou pobres que subiram os morros, buscando moradia improvisada e obrigou a todos a tomar a vacina contra a varíola.

No Rio de Janeiro havia todo o tipo de peste, embora fosse a capital do país, numa recém república proclamada em 1889. Havia peste bubônica, transmitida por ratos e o governo prometeu e comprou ratos das pessoas que caçavam esses roedores pela cidade. Dizem as narrativas da época que muita gente pegava ratazanas em Niterói para vendê-las no Rio de Janeiro. Foi criado um batalhão de mata mosquitos. Gente que procurava os voadores para matá-los, com a impressão de que eliminariam a febre amarela.

A revolta que deixou mortos, presos e depredou o centro do Rio de Janeiro, viu barricadas e lançamentos de pedras contra a polícia, numa mistura de revolta contra a obrigatoriedade da vacina e o desalojamento de pessoas da região central. Não era só a ignorância, havia uma revolta social que não aparece em nossa história urbana, camuflada pela revolta da vacina. As pessoas estavam enraivecidas pela invasão de seu espaço domiciliar e pela derrubada de construções que, segundo o governo, enfeiava a cidade.

Vivemos uma situação um pouco parecida, onde governantes querem a obrigatoriedade da aplicação da vacina contra a Covid 19 para toda a população e outros querem deixar livre, continuando a disseminar a irresponsabilidade diante de uma pandemia. O negacionismo ignorante continua como se considerássemos uma parte da revolta da vacina, passados mais de 110 anos!

E grupos se dividem e chegam à TV discutindo quem tem ou não autoridade para decidir, quem é médico ou não médico, quem segue a ciência ou a negação dela mesma.

Em algumas situações, só falta ameaçar queimar em praça pública os defensores da vacina e sua obrigatoriedade, o que denota uma irresponsabilidade social enorme, um egoísmo sem medida, dado que uma pessoa pode, perfeitamente, disseminar o coronavírus se não estiver imunizado. Estamos revivendo Galileu Galilei.

Há momentos em que penso estar sonhando ou tendo pesadelos, quando leio sobre medidas que permitem a um instituto comprar vacinas e tecnologias afins e, outro, não. Em tudo isso tenho uma certeza: querem nos fazer de idiotas, essa é a verdade. Pode ter gente nesse miolo de fantasias pensando que seu DNA político será transformado pela Sinovac e, após a vacina, sua ideologia será comunista. Seria uma asneira correspondente à prisão de uma professora na baixada fluminense, lá pelos idos de 1930, quando ela vislumbrou a necessidade de alimentar as crianças na escola, para aprenderem melhor. Foi presa e acusada de comunista por pensar, naquela época, em merenda escolar.

Este é o Brasil que não conseguimos transformar porque deixamos a educação de lado, do lado de fora, procurando por todos os meios tirar alguma coisa do salário dos professores em relação ao piso nacional.

Dizia o poeta: “Ama com fé e orgulho a pátria em que nasceste, criança jamais verás um país como este”.

Ouvi e li, pela primeira vez, na escola primária a fala do poeta. Cresci e andei por longes terras e, de fato, nunca vi um país como este!


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