Manta
A velha rendeira sentada no banco Me olha de baixo cerzindo seu pano. Seu olho de sábia nem gosta ou estranha: Somente observa quem para e quem anda.
Eu olho a velha com olho estrangeiro E sinto por ela um amor sem tamanho. Queria poder lhe ninar em meu peito E beijar do seu rosto os fundos arranhos.
O fio que ela alinhava nas mãos Se funde em meu corpo e em meu coração. Eu sou a costura do mar com a areia. Eu sou a sereia bordada na espuma.
Essa manta branca que nunca termina Sou eu, é minha vida, é doce ventura... E cada ponto que é dado nunca é desfeito, É só transformado, bordado, no peito.
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