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Aqueles fantasmas

Por George dos Santos Pacheco
05/11/25 - 09:39

"A nossa imaginação gera fantasmas que nos espantam durante toda a nossa vida." (Marquês de Maricá)

Os Caça-fantasmas, o filme de 1984, foi um sucesso imediato, transformando-se em um verdadeiro fenômeno cultural. Com uma narrativa envolvente e efeitos visuais surpreendentemente realísticos, não foi muito complicado conquistar o público. O que muitos ignoram é que, além da série de filmes, a produção deu origem também a uma rede de serviços, espalhada por diversos cantos do planeta.

O quê? Sério. Cerca de um ano depois a franquia selecionou especialistas em parapsicologia em várias localidades do mundo, e (adivinha?) a vila do Morro Queimado estava entre elas. Friburgo, cara! Dá pra acreditar? Eu era criança, mas me recordo muito bem daquela Caravan branca resfolegando pela Alberto Braune e redondezas, do centro urbano até os rincões mais afastados de nossa mui amada Nova Friburgo, com a missão de enfrentar as assombrosas entidades sobrenaturais que tanto atormentavam os moradores locais.

Entretanto, meu pai até hoje insiste, não sem minha mãe se escangalhar de rir, que a tal Caravan era, na verdade, uma Veraneio branca, da antiga companhia elétrica municipal, equipada com escadas de alumínio no teto e outros instrumentos técnicos, visual que teria alimentado essas patranhas mentais, excessivamente cinematográficas, é verdade. Tudo fruto da minha fértil imaginação. Omne ignotum pro magnifi-co.

Pois vou dizer-lhe o que eu acho, meu senhor. Os Caça-fantasmas tinham um potencial de mercado enorme no Brasil, especialmente aqui em Nova Friburgo. Dispomos de um vasto catálogo de almas penadas, bruxas (no creo, pero que las hay, las hay), cucas, curupiras, damas da noite, gnomos, lobisomens, loiras do banheiro, mulas-sem-cabeça e até sacis. Há quem afirme com convicção que já topou por aí com, pelo menos, um deles. Contudo, choveram ligações para os nossos aguerridos heróis friburguenses da paranormalidade resolverem questões não com esses, mas com aqueles fantasmas menos ortodoxos, os que de fato, tiram o sono dos mortais: o fantasma do desemprego, do trânsito ruim, da falta de vagas para estacionar o carro, do transporte público precário, do hospital abandonado, das vias esburacadas (e até de barro), da coleta de lixo, da segurança urbana, enfim, questões que nem mesmo o Chapolin, a Liga da Justiça, os Vingadores ou o Zorro conseguiram resolver. Até porque, se resolvessem, quem se elegeria depois? A cidade ficaria desprefeitada e desvereada, a população caminhando acéfala até o fim dos tempos. E isso, ninguém quer, não é mesmo?

A verdade é que os Caça-fantasmas friburguenses provavelmente acumularam meia dúzia ou mais de processos judiciais, sendo forçados a fechar as portas e meter o pé da cidade, talvez até do país, mudando de ramo e quem sabe, de nome.

Foi isso o que aconteceu, claro que foi. Imaginação de criança, cousa nenhuma. O Brasil não é para amadores, meu senhor. Aqui, os fantasmas se divertem.


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