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Um ano de Pandemia: o que aprendemos?

O “novo normal” exige responsabilidade da população e ação objetiva das prefeituras

Por Conrado Werneck Pimentel
10/03/21 - 15:25

Já se acumula um ano de experiência com a pandemia da Covid-19 no planeta inteiro; no país, a pilha de cadáveres aumenta a cada dia. Até o fim deste dia, provavelmente atingiremos a marca de 270 mil óbitos. Enquanto isso, a esperança que tínhamos da vacinação em massa parece derreter. O Governo Federal faz de tudo para que não haja compras da vacina – seja ela qual for. O real motivo ultrapassa o negacionismo do Presidente da República – que beira, sim, à catástrofe genocida – talvez, só talvez, seja o medo de que, vacinadas, as pessoas possam, finalmente, se encontrar nas ruas e pedir seu impeachment – ou sua cabeça.

Um ano depois do início da pandemia, vivemos como se não houvesse uma única novidade nas formas de prevenção e redução de riscos. Continuamos a dar banhos e mais banhos de álcool 70% nas compras, nos calçados, nas roupas. A falsa sensação de segurança ao andarmos com um pote de álcool a tiracolo e os totens de álcool em gel nas lojas, a medição de temperatura no pulso – resultado de uma bem fadada fake news; continuamos a usar máscaras de pano compradas nos camelôs de qualquer cidade brasileira para podermos trabalhar, encontrar amigos e familiares ou em momentos de lazer. Continuamos a criticar de forma visceral as praias e parques lotadas – e esquecemos de tentar entender por que os ônibus, metrôs e trens estão lotados diariamente e não são passíveis de serem criticados pelas altas autoridades ou por figuras públicas nas redes sociais.

Pelo visto, faz parte do jogo a alimentação da ignorância e do projeto de que “alguns terão que morrer” para que a economia não pare. A mão invisível do mercado continua a ignorar o grande número de mortos, contanto que a roda não pare de girar. Já passou da hora de utilizarmos as evidências científicas acumuladas ao longo deste longo e interminável ano a favor da vida e da redução de riscos. Máscaras de pano foram uma salvaguarda de enorme importância no início da pandemia. Mas já se sabe que as máscaras com filtros PFF (peça semifacial filtrante) são as mais seguras, principalmente em ambientes fechados, com pouca ventilação e lotados – como os transportes públicos – mais conhecidos Brasil afora como “latas de sardinha”; já se sabe que espaços que tem maior ventilação são os que têm menor risco de contaminação; já se sabe que a principal via de contaminação é pelo ar; que o vírus tem peso; que o distanciamento físico é fundamental para que haja a redução de contaminação por carga viral; e que distanciamento social, de forma ampla, só é possível com ajuda financeira do governo – seja ele o auxílio emergencial, seja ele a renda básica universal – ignorados e negligenciados pelo Governo Federal.

Mas para a grande maioria da população, que não pode se utilizar da máxima contra a possibilidade de contaminação, o que resta? Um país onde parte da população não consegue viver em espaços bem ventilados, com possibilidade de distanciamento físico, com dificuldade de acesso à água potável e tratamento de esgoto e impossibilidade de evitar aglomerações em transportes públicos, qual é o mínimo que haveria de ser feito há, pelo menos, 1 ano? Produção e distribuição em massa de máscaras com qualidade certificada; projetos de redução de risco através de divulgação do conhecimento científico acumulado até então – ventilação, circulação de ar, etc; aprimorar a política de transporte público; articular de forma centralizada a comunicação do que se pode ou não fazer; o que fazer, como fazer, o que não fazer sob hipótese alguma; políticas inteligentes de fechamento e abertura de atividades econômicas (diferenciando fechamento de lockdown) – são incontáveis as formas de se comunicar o que há de ser feito para que haja a minimização dos riscos que milhares de pessoas correm todos os dias.

Reforço e repito: há um ano temos um acúmulo de conhecimento científico, que deveria estar pautando a ação de governantes locais; quanto ao governo federal – se houvesse um – caberia a uniformização da comunicação e da compra e distribuição maciça de vacinas, ao invés de busca de remédios milagrosos para a situação na qual vivemos. O desafio, a situação crítica, o problema, estão postos há tempo suficiente para agirmos: se assim é, o que fazer? O novo normal exige responsabilidade da população e a adoção de práticas objetivas de proteção à população por parte das prefeituras e do Estado. Quanto ao Governo Federal, simplesmente não há esperanças. Enquanto Jair Bolsonaro ocupar o cargo do qual não faz questão nenhuma de fazer jus ou de respeitar a população brasileira, continuaremos a contar os mortos e a viver sob a falsa expectativa de que, em breve, isso tudo irá acabar.


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