Técnica de enfermagem é a 1ª vítima da área da saúde, em Teresópolis, devido ao covid-19

Após gravar um áudio em que relatava as dificuldades que tinha ao respirar e a tosse constante, a técnica de enfermagem Monique Magalhães, de 34 anos, que estava trabalhando como voluntária na linha de frente do combate ao novo coronavírus em Teresópolis, na Região Serrana do Rio, acabou falecendo por complicações da doença.

No áudio enviado para um grupo de trabalho, Monique avisava que não poderia ir trabalhar por estar se sentindo muito mal. A técnica de enfermagem chegou a comparecer à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) quatro vezes, mas sem realizar o teste do novo coronavírus. No áudio da jovem, ela também relatou a dificuldade no atendimento.

“Eu tô muito mal em casa. Tô com todos os sintomas da covid. Já fui na UPA quatro vezes, fiz exame de urina e de sangue e eles me mandam voltar pra casa. Tirei raio-X do pulmão, diz que está tudo bem. Eu não aguento de falta de ar, já tem uma semana que eu tô de cama e duas semanas que vem vindo estas dores no corpo”, disse Monique.

Monique era moradora do bairro dos Pinheiros e tinha uma filha de sete anos. Nas redes sociais, amigos da técnica de enfermagem acreditam que houve negligência por parte da prefeitura.

O que diz a prefeitura

Em nota, o Executivo lamentou a morta da jovem e confirmou que ela foi atendida na UPA e no Centro de Atendimento 24H Contra o Coronavírus, no Pedrão.

“A paciente deu entrada na UPA Teresópolis no dia 6 de maio de 2020 com queixa de mialgia (dor muscular), sem febre. Conforme protocolo, a paciente estava assintomática para covid-19 e foi encaminhada para a residência, orientada a retornar caso tivesse outros sintomas”, explicou a prefeitura.

Já no dia 12 de maio, Monique foi até o Centro de Atendimento no Pedrão, passando por análise clínica, e foi encaminhada à UPA mais uma vez. No local, segundo o Executivo teresopolitano, ela relatou dor lombar e tosse, negando náusea, febre, vômitos e outros sintomas associados.

“Foram realizados o exame de sangue e raio-X e todos estavam normais. A paciente foi medicada para dor, liberada e orientada para retorno caso houvesse sintomas agravados”, destacou a nota.

Ainda segundo informou a prefeitura, a paciente não foi testada para covid-19 porque para o teste ter resultado confiável seria preciso ter pelo menos sete dias de sintomas.

De acordo com o Executivo teresopolitano, no dia 17 de maio, por volta das 22h, o Serviço de Atenção Domiciliar recebeu um áudio da paciente, dizendo que não estava se sentindo bem.

“No dia 18, a equipe foi à residência da paciente onde encontrou familiares já levando a paciente para a UPA, onde ela chegou com parada cardiorrespiratória e veio a óbito”, frisou a prefeitura.

A Prefeitura de Teresópolis ainda destacou estar à disposição da família da Monique para esclarecimentos, disponibilizando prontuário e laudos dos exames.

Prefeito promete investigação

O prefeito Vinicius Claussen, através das redes sociais, disse que o Executivo abriu um processo administrativo para apurar com rigor os acontecimentos até o óbito da jovem.

“Junto à Secretaria de Saúde vamos apurar com rigor os fatos para entender o que pode ter acontecido à paciente, uma vez que em nenhum momento faltou estrutura, testes ou leitos no município. Neste momento, o Serviço de Atenção Domiciliar está mapeando todas as pessoas que tiveram contato recente com a paciente e testando para covid-19. Além disso, solicitei à Secretaria de Desenvolvimento Social todo o suporte à família, em especial à filha da Monique, disponibilizando total apoio psicológico e social”, finalizou.