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Carmo adota protocolo de combate ao coronavírus com medicamento não recomendado pela Anvisa

Vermífugo vem sendo receitado após consulta e prescrição médica. Veja opinião de especialista sobre o caso

Por Matheus Oliveira
20/07/20 - 09:45
Carmo adota protocolo de combate ao coronavírus com medicamento não recomendado pela Anvisa Medicamentos como a ivermectina são usados no combate ao coronavírus no Carmo | Foto: Reprodução/Agência Brasil

Desde o início do surto de covid-19, a busca por um tratamento contra a doença no Brasil e no mundo vem sendo buscada. Apesar de nenhum modelo ter sido confirmado cientificamente como o ideal, a prefeitura da cidade do Carmo, na Região Serrana, por meio de seu Centro de Triagem e após prescrição médica, vem adotando um protocolo com receitas de medicamentos como ivermectina para os pacientes com a doença.

O vermífugo passou a ganhar destaque após diversas cidades passarem a distribuir o medicamento e muitas pessoas buscarem o remédio para tratamento da doença depois de um estudo preliminar de cientistas australianos.

No Carmo, segundo a ex-secretária de saúde e atual presidente do Gabinete de Crise, Élida Passos, o setor de saúde da cidade serrana adotou esse protocolo de medicamentos desde o mês de março.

Além do vermífugo, outros medicamentos como a hidroxicloroquina e a azitromicina também são oferecidos aos moradores.

Ela explica que o protocolo possui médicos no centro de triagem, que são as referências para o tratamento no município. Assim, os pacientes fazem testes e agendam consultas para realizar a avaliação clínica.

“A avaliação clínica é realizada e o medicamento é receitado sob prescrição médica. Os médicos prescrevem de acordo com a necessidade de cada paciente. Não tivemos até agora nenhum episódio de efeito colateral em quem tomou o vermífugo. Existe faixa etária para tomar e quadros clínicos em que não é recomendado prescrever o medicamento”, declara.

Élida disse que a experiência tem sido satisfatória, pois não tem ocorrido agravamento, e que alguns pacientes, que são apenas casos suspeitos, tomam apenas a invermectina.

“Com a confirmação, o protocolo indica que se tome o remédio e outros medicamentos”, explica.

A presidente do Gabinete de Crise reforça que o Carmo possui apenas duas mortes por covid-19 e nenhum agravamento.

“O mérito do tratamento estar dando resultado é de todo o procedimento e não apenas de um remédio”, explica.

Nos últimos, ela explica que o remédio está em falta e o laboratório responsável pela produção do vermífugo está com uma grande demanda e pediu 40 dias para a entrega.

Élida também explica que o prefeito Paulo César Gonçalves quer montar uma força-tarefa para aumentar essa distribuição de remédios, sempre com prescrição médica. Ela também aponta que municípios vizinhos e hospitais da rede privada têm adotado o mesmo protocolo.

O Portal Multiplix questionou a prefeitura sobre a quantidade de remédios e o valor gasto pelos medicamentos no município e aguarda respostas.

Resposta da SES

A reportagem do Portal Multiplix questionou a Secretaria de Estado de Saúde (SES) se a pasta autorizou a utilização deste protocolo e por email, a SES informou apenas que “os municípios têm autonomia para definir protocolos próprios sobre uso de medicamentos e que não há protocolo estadual sobre prescrição de ivermectina para tratamento de covid.”

Opinião de infectologista

A infectologista de Nova Friburgo, Doutora Délia Engel informou que não existe comprovação científica para eficácia do medicamento no tratamento ao novo coronavírus.

“Não há nenhuma evidência científica que corrobore o uso da ivermectina para tratamento para covid-19. É uma droga que foi testada em laboratório in vitro para alguns vírus como a zika, febre amarela ou influenza. A dose para a possível utilização em covid seria mais de 300 vezes a dose máxima para humanos, o que teria gravíssimos efeitos colaterais, principalmente relacionados ao sistema nervoso’, explica, antes de completar.

“O kit que está sendo distribuído por algumas prefeituras, parecendo sacolinhas de Cosme e Damião, como bem disse a Dra. Margareth Dalcomo, é uma forma inaceitável de enganar a população com falsos tratamentos”, relata.

Anvisa

No último dia 10 de julho, frente ao aumento da procura pelo medicamento, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou um comunicado descartando o uso do medicamento no combate à covid-19.

Diante das notícias veiculadas sobre medicamentos que contêm ivermectina para o tratamento da Covid-19, a Anvisa esclarece que:

"Inicialmente, é preciso deixar claro que não existem estudos conclusivos que comprovem o uso desse medicamento para o tratamento da Covid-19, bem como não existem estudos que refutem esse uso. Até o momento, não existem medicamentos aprovados para prevenção ou tratamento da Covid-19 no Brasil. Nesse sentido, as indicações aprovadas para a ivermectina são aquelas constantes da bula do medicamento. Cabe ressaltar que o uso do medicamento para indicações não previstas na bula é de escolha e responsabilidade do médico prescritor".

Ivermectina

A ivermectina é um fármaco usado no tratamento de vários tipos de infestações por parasitas como piolho e sarna.

Ela foi descoberta em 1961 e possui poucos efeitos colaterais. Mas é contra-indicada para grupo como gestantes, portadores de problemas hepáticos e renais, além de pessoas com HIV.


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