Nova Friburgo tem protesto após caso de mulheres queimadas por homem
Dezenas de pessoas se reuniram no final da tarde de quinta-feira, 10, no distrito de São Pedro da Serra e saíram em ato pacífico pela principal rua da localidade
Cerca de 70 pessoas se reuniram no final da tarde desta quinta-feira, 10, na quadra do distrito de São Pedro da Serra, em Nova Friburgo, Região Serrana do Rio, para um protesto após o caso de duas mulheres queimadas por um homem (ex-namorado de uma das vítimas), que as trancou na residência de uma delas e pôs fogo.
O ato, convocado por amigos das vítimas, teve início por volta das 17h. Estavam presentes, crianças, adultos e idosos. Os manifestantes produziram cartazes com dizeres como “Parem de nos matar”, “Diga não ao feminicídio”, “Daniela Mousinho presente” e “Lute pela igualdade, as mulheres merecem”.
Crianças e adultos participam de confecção de cartazes antes de protesto, em São Pedro da Serra | Foto: Isadora Jaron
Para a autônoma Juliana Benachaya, o principal objetivo do protesto foi conscientizar a população com relação à violência contra a mulher. Para ela, o caso chocou a localidade. "Olha, a questão do impacto foi muito grande. Primeiro, porque foi um crime bárbaro. Segundo, pelo motivo de ter sido com pessoas próximas e isso obviamente choca a todas, mas principalmente por ser uma coisa corriqueira. Não foi uma exceção. A gente vê violência contra mulher cotidianamente de várias formas", disse.
“É um crime muito chocante. De alguma maneira, aqui na região, tem um histórico de muita violência contra a mulher. São duas meninas queridas e a gente agora tem que fazer valer a voz. Fale. Não se cale!”, afirmou a profissional da saúde, Romina Carvalho.
Já o tatuador Bernardo ressaltou a importância da união das pessoas em lutar contra a violência a mulher: “Esse movimento é criado por mulheres e que prega a união. Mas não é um movimento só para elas. Estamos em um novo século, em um novo mundo e nós temos que unir nossas mãos e dizer não à violência contra mulher”.
Crianças seguram cartazes durante ato na rua Rodrigues Alves, no Centro de São Pedro da Serra | Foto: Isadora Jaron
Após a concentração, o grupo fez um minuto de silêncio em memória de Daniela. Em seguida, o ato seguiu de forma pacífica pela rua Rodrigues Alves, principal do distrito. Às 18h, todos pararam e, em homenagem as duas vítimas, cantaram uma música. O protesto terminou por volta das 18h30.
Protesto pediu justiça para o caso e o fim da violência contra às mulheres | Foto: Isadora Jaron
Sobre o caso
O caso aconteceu na noite da última segunda-feira, 7, e teve ampla repercussão em Nova Friburgo e região. Rodrigo Alves Maroti (30 anos), ex-namorado de Alessandra Vaz (47 anos), foi à casa da ex, em um condomínio na RJ-142, para, segundo depoimento do homem à polícia civil, cobrar a parte dele em um negócio em que seria sócio de Alessandra e que não estaria sendo cumprida.
Ainda de acordo com a polícia civil, no relato Rodrigo afirmou que teria perdido a cabeça e, por volta das 22h30, trancado a ex-namorada e uma amiga, Daniela Mousinho (47 anos), que também estava na residência, no banheiro. Em seguida, o homem colocou fogo na casa e fugiu.
As duas vítimas foram retiradas do imóvel pelos vizinhos que ouviram os pedidos de socorro. Daniela teve 90% do corpo queimado, foi levada para o Hospital Municipal Raul Sertã e transferida, no dia seguinte, para uma unidade especializada em vítimas de incêndio, em Nilópolis, na Baixada Fluminense, mas não resistiu, vindo a óbito na quarta-feira. Já Alessandra, que teve cerca de 80% do corpo queimado, segue internada em estado gravíssimo em um hospital particular de Nova Friburgo.
O acusado foi preso e, segundo informações da Polícia Civil, enquanto esteve na 151ª DP, não demonstrou emoção ou remorso pelo crime. De acordo com o chefe da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Nova Friburgo, Leopoldo Goulart, Rodrigo se mostrou tranquilo e respondia apenas o que lhe perguntavam. Ele foi encaminhado para o presídio de Benfica, no Rio de Janeiro, e vai responder por feminicídio.