Baleias-fin, segunda maior espécie do planeta, são avistadas na costa de Arraial do Cabo

Duas baleias-fin, da espécie Balaenoptera physalus, a segunda maior do planeta, foram avistadas em águas de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos dos Rio, nesse domingo, 18. Uma delas apresentava sinais de emalhamento, quando o animal fica preso em apetrechos de pesca.

O alerta do aparecimento partiu do sistema de monitoramento do Projeto Mar de Baleias, iniciativa da Prefeitura de Arraial do Cabo, por meio da Fundação de Meio Ambiente (Funtec), dedicada à proteção e observação de cetáceos na região.

Uma das baleias apresentava um cabo com grande acúmulo de incrustações preso à cabeça e à boca, comprometendo seus movimentos e colocando sua vida em risco. O material, possivelmente descartado ou perdido por embarcações de pesca, ficou enroscado de forma crítica no animal, segundo o governo municipal.

Diante da gravidade da situação, foi montada uma força-tarefa emergencial com participação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Grupamento Operacional Ambiental e Marítimo e da equipe técnica do próprio projeto de monitoramento.

Uma embarcação do ICMBio foi enviada para o acompanhamento marítimo, enquanto observadores em terra usaram binóculos e drones para rastrear os deslocamentos do animal por ar e solo. A baleia seguiu em direção ao norte, saindo das águas de Arraial do Cabo.

Uma baleia apresentava um cabo com grande acúmulo de incrustações preso à cabeça e à boca | Foto: Reprodução/Felipe Peixoto (Pref. Arraial do Cabo)

O governo cabista destacou que o tipo de cabo preso ao animal não é compatível com os materiais utilizados na pesca artesanal típica da região:

O caso reforça a importância da conservação dos oceanos e da adoção de medidas eficazes para reduzir a presença de resíduos no ambiente marinho. Preservar a vida nos mares é essencial para o equilíbrio do planeta.

Aparecimento de orcas

Também neste mês de maio, dois machos adultos de orca, Orcinus orca, foram avistados caçando nas águas de Arraial. O registro foi feito por uma equipe do Laboratório de Ecologia e Conservação Marinha da UFRJ (ECoMAR-UFRJ), que há 15 anos estuda a presença de cetáceos na região.

Os pesquisadores utilizam uma balestra para coletar material para a biópsia. O instrumento é uma espécie de arma adaptada, parecida com uma besta, que lança um dardo especialmente projetado para retirar um pequeno fragmento da pele ou gordura de animais marinhos sem causar danos graves.

O Laboratório ECoMAR, com apoio do CNPq e da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), monitora espécies de baleias e golfinhos, investigando quais delas utilizam a região e por quê.

As orcas, por exemplo, costumam visitar esse trecho do litoral em busca de alimento. No mar de Arraial, encontram peixes em cardumes, raias e até outros mamíferos marinhos.

Temporada de baleias

No geral, de junho a agosto, baleias de várias espécies, principalmente a jubarte, Megaptera novaeangliae, aproveitam o mar cabista como uma rota migratória. Estudos mais recentes apontam ainda que elas utilizam esse caminho também para a reprodução.

Dados de 2021 estimam que mais de 20 mil desses mamíferos passaram pelo mar do "Caribe brasileiro". Durante todo esse período de avistamento, é possível admirar os saltos, esguichos de água e nados em grupo desses animais marinhos.

Segundo o projeto Baleia Jubarte, graças à localização geográfica privilegiada, Arraial está se consolidando como um dos principais pontos de avistamento de baleias no Brasil, já que é possível vê-las diretamente da costa, especialmente na Praia Grande.

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