Ceia à meia-noite, presentes e árvores de Natal: você sabe o que significam essas tradições?

Por que a ceia no dia 24 de dezembro é depois da meia-noite? Por que existe a missa do galo? Por que as pessoas decoram árvores nessa época? Por que elas dão presentes no Natal?

As perguntas revelam hábitos de gerações e das várias nações, de tempos remotos, que nos levam à origem de tudo e o verdadeiro sentido da festa toda: o nascimento de Jesus.

Apesar de muitas pessoas associarem os presentes à figura do Papai Noel, a simbologia real está no momento de chegada do Três Reis Magos à manjedoura.

Eles levaram presentes para o menino Jesus, que representavam, naquele tempo, as maiores riquezas dos reinos: ouro, mirra e incenso. Cada oferenda, com significados ocultos e que até hoje convidam a uma reflexão.

Os acontecimentos e as tradições que atravessam o tempo são estudados por alguns especialistas. Para o teólogo Gidalti Guedes, “a ideia de Jesus, o filho de Deus, nascer num estábulo é um despojamento, e mostra que ele não precisava mais do que amor e graça”.

Gidalti lembra que os três reis levaram presentes ao Messias, anunciado desde os tempos antigos, e que isso é uma dádiva, 'um sinal de gratidão e que a pessoa estimada está sendo honrada'.

A gente não precisa comprar milhões de coisas para se sentir feliz. A salvação não vem pelos presentes, mas claro que não precisamos deixar isso de lado. O importante é que a espiritualidade, fé e felicidade, devem estar acima das questões materiais.

Para o professor e teólogo Ricardo Lengruber, o Natal pode ter muitas interpretações. Ele explica os motivos em torno da tradição de fazer a ceia de Natal depois de meia-noite, mesmo horário em que a Igreja Católica realiza a Missa do Galo:

A Missa do Galo é uma tradição católica e o horário é a hora que o galo normalmente canta. O galo canta para despertar o dia e cantou para anunciar a chegada do Messias. Lengruber acrescentou que a simbologia do galo também tem origem nas religiões pagãs, associadas ao nascimento do Deus Sol, como uma saudação e incorporado ao cristianismo.

Gidalti Guedes também examina as interpretações desse símbolo:

Lendas e contos, reforçados por uma herança latina cristã, revelam que o galo é aquele anuncia o nascer do sol, a chegada de uma nova oportunidade, de uma nova era. A partir da meia-noite, com a Missa do Galo, é um novo momento, a partir do nascimento do Messias, um resgate dos que sofrem. Assim como o galo anuncia esse novo dia, os cristãos devem cantar e anunciar a vinda de Jesus à Terra.

A ceia nesse horário é para festejar os primeiros momentos de chegada desse marco para a humanidade, a passagem de Jesus pela Terra trazendo fé, verdade, amor e esperança para as pessoas.

Árvores de Natal estão relacionadas com a cultura europeia | Foto: Dhiógenes Hendrix

A árvore de Natal, que as pessoas enfeitam na véspera do mês de dezembro, também faz parte dessas tradições em torno da celebração.

“Em algum momento, algumas festas ganham simbologias que foram emprestadas de diversas culturas. As árvores estão relacionadas com a cultura europeia, com o frio”, explicou o teólogo Gidalti.

Ele acrescenta que outros elementos foram somados, como a estrela guia, o presépio e as bolas, representando a frutificação. Gidalti afirmou:

Todas as religiões antigas têm referências à árvore da vida, como símbolo da fecundidade e da fertilidade. Na Europa, o pinheiro destacou como árvore representativa do Natal porque é do inverno, permanece verde durante o inverno. A natureza parece 'morrer' nessa estação e, paradoxalmente, é o momento que nasce o Cristo. É o momento em que a vida emerge com sua maior potência. Então a árvore de Natal é uma resistência da vida, frente ao inverno.

Ele contou ainda que tem analisado o valor das festas e dos ritos, como um chamado à reflexão que, “às vezes é tão forte que é mais fácil ignorar”. E ele garante:

O Natal precisa ser resgatado no seu sentido questionador, no sentido que nos ajuda a refletir, de forma mais profunda, sobre a vida.

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