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Queridinha dos 'hermanos': Búzios celebra Dia da Amizade Brasil-Argentina

Atualmente, mais de 5.000 argentinos vivem no balneário; conheça algumas dessas histórias

Por Vinícius Pereira
30/11/21 - 17:04
Queridinha dos 'hermanos': Búzios celebra Dia da Amizade Brasil-Argentina Brasileiros e argentinos guardam histórias de amor e muita amizade em Búzios | Foto: Reprodução/Portal Multiplix

Eles estão por todo o canto do balneário. É difícil andar pelas ruas de Armação dos Búzios, na Região dos Lagos do Rio, e não esbarrar com um argentino. Neste dia 30 de novembro é comemorado o Dia da Amizade Brasil-Argentina, data criada em 2018 para dar mais visibilidade e importância às relações entre os dois países.

Atualmente, de acordo com números do Convention Bureau de Búzios, dos 34.000 habitantes, 5.500 são argentinos, e dos 60% dos grupos que compõem o total de turistas estrangeiros, 70% é historicamente composto pelos hermanos.

União entre famílias brasileiras e argentinas - Da esquerda para direita: Eduardo (pai), Natália (mãe do Martin), Cecilia (irmã), Felipe (sobrinho), Olga (mãe), Jorge Sorrentino, Laura (irmã) e Juanita (sobrinha)União entre famílias brasileiras e argentinas - Da esquerda para direita: Eduardo (pai), Natália (mãe do Martin), Cecilia (irmã), Felipe (sobrinho), Olga (mãe), Jorge Sorrentino, Laura (irmã) e Juanita (sobrinha) | Foto: Jorge Sorrentino

Essa união entre Brasil e Argentina, que ultrapassou as fronteiras, trouxe o argentino Jorge Sorrentino para terras buzianas. Hoje, ele faz parte da comunidade argentina que reside na cidade e a família possui uma pousada no balneário.

“Estive em Búzios pela primeira vez em 1995, de férias. Em 98, eu voltei. Quando viajamos de volta para a Argentina, meu pai disse que o sonho dele era comprar um terreno por aqui. O que conseguimos realizar em 99. Ficamos muito felizes”, contou Jorge.

Uma paixão de pai e filho: o futebol! Jorge e Martin são frutos dessa união entre os países Uma paixão de pai e filho: o futebol! Jorge e Martin são frutos dessa união entre os países | Foto: Jorge Sorrentino

A família morava em Miramar, na província de Buenos Aires, na Costa Atlântica. Em 2001, seus irmãos conseguiram se mudar para o Brasil, onde estão até hoje. Morando a mais de 16 anos na cidade, Jorge criou vínculos, tendo a alegria de ter nos braços quem ele chama de “primeiro amigo”, além de ter criado outros laços que vai levar para a vida toda.

“Vim para cá em 2005, com 18 anos, um pouco depois deles. Morávamos em um lugar parecido. É como se fosse a Região dos Lagos de lá. Essa cidade bela, aconchegante e segura nos chamou atenção. Aqui tive o meu filho, Martin, que é o meu primeiro amigo. Hoje, ele está com 10 anos. Fiz muitos amigos, criei vínculos e já considero Búzios como minha segunda casa”, afirmou o argentino.

Jorge ainda relatou que a família é uma grande impulsionadora do turismo local, recebendo os visitantes como eles foram recebidos no passado, de braços abertos. Agora, o argentino-brasileiro, só vai a Buenos Aires para visitar a mãe.

Amigos da comunidade Argentina reunidos em BúziosAmigos da comunidade Argentina reunidos em Búzios | Foto: Jorge Sorrentino!

Mulheres argentinas em Búzios

A guia de turismo Gabriela Alejandra Torres também escolheu Búzios para trabalhar e criar sua filha. Na família, já são quatro gerações respirando ares buzianos. Ela, a mãe e a filha, não pensam em voltar para a Argentina. Como muitos conterrâneos moram em Búzios, elas se sentem em casa.

“Cheguei aqui em 2002, quando minha filha tinha 8 anos. Éramos só eu e ela. Um amigo de Puerto Iguazú me falou muito bem de Búzios e eu queria arriscar morar num lugar perto do mar. Inicialmente trabalhei como garçonete na Praia da Tartaruga e depois fui ser fotógrafa nos passeios de barco. Quando minha neta nasceu, minha mãe veio morar conosco”, contou Gabriela.

Na pandemia, assim como outros empreendedores, Gabriela enfrentou grandes dificuldades.

“Tive que vender a van e fechar nossa agência por causa da pandemia e tive dificuldades para ajudar a minha filha a pagar a faculdade de direito. Hoje, ela está empregada e mora com minha linda neta e seu esposo e eu continuo fazendo o que sei de melhor, guiando os turistas por esse paraíso”, ressaltou.

As guerreiras não pensam em voltar para o país de origem. Donas de nomes imponentes, Julieta Torres (filha), Graciela Lomonte (mãe) e Sofia Torres Costa (neta) já se consideram “brasileñas”.

“Não voltaria para Argentina. Eu me sinto muito bem aqui. Até consegui fazer minha casa própria. Amo essa paisagem que nunca canso de olhar e agradecer”, disse Gabriela.

Gabriela Alejandra escolheu o balneário para viver com a família - Da esquerda para direita: Graciela Lomonte (mãe), Gabriela Alejandra Torres, Julieta Torres (filha) e Sofia Torres Costa (neta)Gabriela Alejandra escolheu o balneário para viver com a família - Da esquerda para direita: Graciela Lomonte (mãe), Gabriela Alejandra Torres, Julieta Torres (filha) e Sofia Torres Costa (neta) | Foto: Gabriela Alejandra

Rivalidade e amizade no esporte

O futebol é uma grande paixão tanto dos brasileiros, quanto dos argentinos. Em Búzios, a comunidade argentina costuma se reunir toda vez que um clássico entre os dois países é realizado. Sejam jogos da seleção ou da Libertadores da América.

A cidade possui até uma Filial River Plate.

Registro dos argentinos reunidos, torcendo pelo River Plate em Búzios Registro dos argentinos reunidos, torcendo pelo River Plate em Búzios | Foto: Gustavo Garcia

Celebração pela amizade

Hoje, o Brasil possui aproximadamente 72.963 argentino-brasileiros, que são aqueles brasileiros de completa ou parcial ancestralidade argentina, ou um argentino residente no país.

Para alguns, essa celebração da Amizade Brasil-Argentina pode até ser uma contradição, tendo vista a rivalidade histórica, mas, para muitos, essa se tornou uma grande amizade de respeito e que está gerando muitos frutos.

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