MENU

Fale Conosco

(22) 3512-2020

Anuncie

Contato comercial

Trabalhe conosco

Vagas disponíveis

Presidente da Academia Friburguense de Letras é indiciada por postagens contra judeus

Em entrevista ao Portal Multiplix, Janaína Botelho falou sobre a repercussão do caso e pediu desculpas à comunidade judaica, principalmente a de Nova Friburgo

Por Kessia Coutinho
05/03/24 - 10:47
Presidente da Academia Friburguense de Letras é indiciada por postagens contra judeus Janaína Botelho é a atual presidente da Academia Friburguense de Letras | Foto: Alice Wandrofski

A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância do Rio de Janeiro (Decradi) indiciou na última quinta-feira, 29, a presidente da Academia Friburguense de Letras, professora e historiadora Maria Janaína Botelho Correa, pela prática dos crimes de racismo e intolerância religiosa, após ela fazer postagens sobre judeus nas redes sociais.

As declarações foram publicadas no X (antigo Twitter) entre os meses de janeiro e fevereiro deste ano.

Na última sexta-feira, 1º, a Polícia Civil informou ao Portal Multiplix que a Decradi "concluiu o inquérito e indiciou a autora pelos crimes de racismo e intolerância religiosa. O caso foi encaminhado para a Justiça".

De acordo com a legislação penal brasileira, “crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional” podem ser punidos com pena de prisão de um a três anos, além de multa.

Janaína Botelho é acusada de atacar os judeus em publicações nas redes sociais. Veja uma das postagens abaixo:

Uma das publicações feitas por Janaína Botelho na rede social XUma das publicações feitas por Janaína Botelho na rede social X | Foto: Reprodução/Redes Sociais

Em entrevista concedida ao Portal Multiplix, Janaína Botelho falou sobre a publicação acima e explicou o seu ponto de vista a respeito da guerra Israel-Hamas:

Olho por olho, dente por dente. Isso daí não foi uma apologia a assassinatos. Foi uma provocação que eu fiz ao jornalista que é judeu, Caio Blinder. Foi um comentário que eu fiz em uma postagem dele. E quem conhece geopolítica sabe o que é assassinato seletivo que Israel pratica. Israel simplesmente, através de drone, mata militares de altas patentes da Síria e do Irã. Isso se chama assassinato seletivo. As pessoas estão interpretando que eu estou fazendo apologia a cometer assassinatos de judeus, mas não é nada disso.

Na rede social X, usuários compartilharam e criticaram os comentários de Janaína Na rede social X, usuários compartilharam e criticaram os comentários de Janaína | Foto: Reprodução/Redes Sociais

Janaína Botelho explicou que houve um erro de digitação em uma das suas postagens, por esse motivo, a frase acabou sendo mal interpretada:

Eu não sou antissemita. Houve um erro de digitação que eu não percebi, já que as palavras são similares. Então, ao invés de eu escrever sionista, saiu semita. 'E daí sou antissionista' e saiu antissemita. E eu não percebi esse erro. Foi um comentário que eu já fiz há alguns meses, ficou e eu não vi esse erro. Foi um erro gráfico, um erro material.

Durante a entrevista, Janaína Botelho, também pediu desculpas pelos comentários:

Quem não comete isso aí em comentários? Todos nós temos esses erros. Mas, eu peço desculpas à comunidade judaica de Nova Friburgo. Especificamente, que é onde eu moro. Eu tenho muitos amigos judeus. O meu trabalho fala por mim. Eu tenho inúmeros artigos falando sobre a memória do nazismo em Nova Friburgo. Eu fui a única historiadora que fez pesquisa sobre a existência de um partido nazista na cidade.

Janaína Botelho foi professora na Universidade Candido Mendes nas disciplinas de História Geral do Direito, História do Direito Brasileiro e História da Alimentação. A universidade se manifestou sobre o assunto após a repercussão do caso:

A Universidade Candido Mendes foi surpreendida pela notícia de declarações de cunho antissemita, supostamente publicadas por uma de suas professoras em seu perfil pessoal nas redes sociais, tendo a reitoria, de imediato, determinado a adoção das providências para apuração interna da veracidade dessas declarações e a aplicação das sanções cabíveis. Vale esclarecer que a professora supostamente envolvida com as publicações se encontra afastada do quadro docente da universidade há quatro anos. A Universidade Candido Mendes tem uma tradição de absoluto respeito aos Direitos Humanos e à Liberdade Religiosa, interpretando tais manifestações como incompatíveis com os valores sempre defendidos por esta casa. Manifestamos nossa total solidariedade à Comunidade Judaica ofendida por esta lamentável conduta.

Também solicitamos um posicionamento da Academia Friburguense de Letras, que tem como presidente a historiadora. A própria Janaína Botelho respondeu à reportagem, porque, segundo ela, não há nenhum cargo acima da presidência, dentro da hierarquia da entidade, que poderia falar sobre o assunto:

Eu continuo presidente, todos os acadêmicos estão me apoiando, porque sabem que houve um erro material, um erro de interpretação da minha fala, conhecem a minha índole, o meu trabalho. Então, eu tenho total apoio da Academia Friburguense de Letras, prova disso é que eu continuo no cargo.

Confira na íntegra a nota encaminhada à imprensa:

"Eu, Maria Janaína Botelho Corrêa, venho a público esclarecer que em relação a meus comentários em postagens no X (Twitter), a exemplo de 'Mentiras, Mentiras e mentiras dos judeus genocidas' (12/02/24) e 'Judeus canalhas!' (fevereiro 2024), que houve erro material neste texto, devido a uma falha na digitação que suprimiu a palavra 'sionista'. A minha intenção era apenas externar minha posição crítica ao sionismo e à extrema-direita que governa o Estado de Israel, no contexto dos bombardeios de Gaza. Reafirmo que meus comentários tinham como alvo o sionismo enquanto corrente política-ideológica e jamais o povo judeu, mas a publicação suprimiu uma palavra que faz toda diferença, o que não aconteceu em outras citações: 'Judeus sionistas genocidas!' (09/01/24) e 'Santo Deus. Que covardia. Malditos Judeus sionistas.' (24/01/24).

No que concerne à frase 'E também sou antissemita. E daí?' (04/01/24), houve igualmente erro material na digitação, pois minha intenção era escrever 'antissionista'. Infelizmente não percebi, no momento, esta lamentável substituição de palavra pelo sistema, sendo sabedora de que é crime a intolerância religiosa. A minha responsabilidade e confiança dos meus pares, como presidente da Academia Friburguense de Letras, honrosa instituição no qual estou no segundo mandato consecutivo, me impediria de fazer tão execrável comentário, além de me prejudicar nos canais de comunicação em que presto serviços.

Com relação à frase 'Está na hora do olho por olho, dente por dente, e fazer assassinatos seletivos de judeus sionistas' (fevereiro 2024), trata-se de uma frase no qual eu me arrependo profundamente, estando ligada a um contexto de assassinatos seletivos de opositores, militares de alta patente, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Na realidade, não foi uma afirmação, mas uma 'PROVOCAÇÃO', uma indagação a uma postagem. Insisto, foi um comentário infeliz, porque não comungo de violência mesmo em uma situação de guerra.

Registro ainda que tenho o maior respeito pelo povo judeu e que repudio veementemente o antissemitismo, que tanto horror, perseguição e morte já causou, motivo pelo qual entendo que este incidente está devidamente superado.

Na qualidade de historiadora, sempre zelei pela memória da perseguição à comunidade judaica de minha cidade, Nova Friburgo (RJ), com alguns artigos publicados em minha coluna nos jornais A Voz da Serra e Serra News, informando sobre a existência no passado de um partido nazista neste município, no qual até então se desconhecia. Além de artigos, produzi um longa-metragem trazendo novamente a memória da perseguição de judeus em minha cidade, disponível na plataforma do YouTube. Peço, desde já, a compreensão e desculpas pelo transtorno causado à comunidade judaica que goza de meu apreço e carinho."

Receba as notícias das regiões Serrana e dos Lagos no Rio direto no WhatsApp. Clique aqui e inscreva-se no nosso canal!


É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos do Portal Multiplix, por qualquer meio, salvo prévia autorização por escrito.
TV Multiplix
TV Multiplix Comunicado de manutenção TV Multiplix Comunicado de manutenção
A TV Multiplix conta com conteúdos exclusivos sobre o interior do estado do Rio de Janeiro. São filmes, séries, reportagens, programas e muito mais, para assistir quando e onde quiser.