Operação do MPRJ prende ex-PM, esposa e enteada por rede de agiotagem e extorsão em Nova Friburgo
GAECO/MPRJ aponta que grupo cobrava juros de até 20% ao mês e usava instrumentos de tortura para cobrar dívidas de vítimas

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (GAECO/MPRJ), com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), cumpriu, na manhã desta sexta-feira, 15, mandados de prisão e de busca e apreensão contra um ex-policial militar, a esposa e a enteada em Nova Friburgo, Região Serrana do Rio.
Segundo o Ministério Público, eles teriam montado uma rede de extorsão e agiotagem na cidade, se valendo da prática de espancamentos e outros crimes.
Ainda de acordo com a denúncia, Luis Alexandre Silva, conhecido como Tenório, e sua companheira, Flavia, possuem um comércio destinado à venda de cestas básicas e veículos usados, onde também trabalha Emille, filha de Flavia.
Nos fundos do negócio, no entanto, as investigações apontam a existência de um esquema de empréstimos ilegais de dinheiro a juros abusivos.
No local da prisão, foram encontrados um soco inglês e um porrete com a inscrição "direitos humanos" que seriam usados pelos acusados para cobrança de dívidas.
Também foram encontrados pelos agentes notas promissórias, cheques, dinheiro em espécie (quantia não revelada), máquina de cartão e chaves de carro.
Além de armas e uma motosserra.
Os acusados foram presos e responderão por associação criminosa, roubo, extorsão e usura pecuniária.
Como parte do material apreendido estavam, armas, um soco inglês e chaves de carros de vítimas | Foto: Reprodução/MPRJ
Sobre as investigações
Ainda segundo a denúncia, os alvos do grupo criminoso eram pessoas de baixo poder aquisitivo, que frequentemente não conseguiam quitar os pagamentos em dia e se viam obrigadas a enfrentar juros compostos excessivos, chegando a 20% ao mês.
Como resultado, as dívidas tornavam-se impagáveis e passavam a ser cobradas mediante violência, constrangimento e ameaças de morte.
As ações, na maioria das vezes, eram feitas com uso de armas de fogo.
Segundo apuração do GAECO/MPRJ, muitos dos carros colocados à venda na loja dos denunciados teriam sido entregues por vítimas que não conseguiram arcar com os compromissos assumidos.
A denúncia também descreve diversos episódios em que Tenório utilizou arma de fogo para agredir e ameaçar as vítimas, exigindo o pagamento das dívidas ou a entrega de bens, inclusive imóveis.
Há registros de entrega de veículos, notebooks, celulares e outros itens como parte de pagamento.
A denúncia destaca que os crimes de extorsão e ameaça cometidos por Luis Alexandre contaram com o auxílio de Flavia, que atuava na captação de clientes e realizava os contratos de confissão de dívida.
Já Emille, embora sem participação direta nos outros crimes, era notoriamente associada aos denunciados, tendo pleno conhecimento do funcionamento do "negócio" da família.
Os mandados foram expedidos pela 2ª Vara Criminal de Nova Friburgo
A reportagem tenta contato com a defesa dos envolvidos.
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