Judeus celebram e destacam importância do Dia Nacional da Imigração Judaica

Parte fundamental da identidade e da cultura brasileira, com importância em áreas como a economia, a comunidade judaica celebra nesta quinta-feira, dia 18 de março, o Dia Nacional da Imigração Judaica.

O projeto para celebrar a data é de autoria do ex-deputado federal Marcelo Itagiba (RJ) e a lei foi sancionada em 2009 pelo então vice-presidente José Alencar.

Para conhecer um pouco desta rica história, a reportagem do Portal Multiplix, conversou com dois judeus e empresários, a friburguense de coração Fany Kliger Zissu e o carioca Patrick Marco Argalji.

Vale lembrar que o judaísmo está no Brasil desde a época do descobrimento e que o país foi palco da primeira comunidade judaica na América.

“Muitos dos grandes navegadores que saíram pelos mares eram de origem judaica. Os portugueses, espanhóis ou italianos fugindo das perseguições da Inquisição preferiram mudar seus nomes e assim esconder suas origens. Em seus navios haviam muitas pessoas nessas mesmas condições”, conta Fany.

Ela também lembra que os judeus se estabeleceram em diversas regiões do país e que após os horrores vividos no Holocausto (durante a Segunda Guerra Mundial e promovidos pelo nazismo de Adolf Hitler), o Brasil foi escolhido como destino de muitas pessoas judias.

“O Brasil sempre foi uma terra acolhedora de diversos imigrantes que aqui encontraram espaço e oportunidades para criar suas famílias com dignidade. A colaboração foi mútua, o Brasil acolhendo e os judeus devolvendo com trabalho e dedicação. Os judeus têm, em sua tradição, o estudo. Sempre a formação, a leitura e a dedicação para o trabalho”, afirma a empresária.

Este acolhimento brasileiro também chamou a atenção e trouxe a família do empresário Patrick Argalji ao país sul-americano.

“Os meus avós maternos chegaram ao Brasil antes da Segunda Guerra, nos anos 30, pouco depois do fim do Império Otomano. Eles se estabeleceram aqui e tiveram muita liberdade. E eu vejo que a religião judaica possui uma liberdade de crenças muito grande até no aspecto empresarial. Os primeiros economistas e analistas financeiros eram judeus. Os judeus negociavam especiarias no mundo árabe e trouxeram essa expertise, contribuindo com a economia brasileira”, destaca Patrick.

Com a adaptação e as raízes estabelecidas no Brasil, o judaísmo se expandiu e os adeptos da religião possuíam liberdade para praticarem sua religião e colaborar nos segmentos mais importantes da sociedade brasileira.

“Depois de 1948, quando foi criado o Estado de Israel, os judeus de todo mundo se sentiram apoiados e seguros de seu status como povo. Hoje, todos nós estamos perfeitamente adaptados à sociedade brasileira. Conseguimos praticar nossa religião com liberdade e cultivar as tradições milenares”, declara Fany.

Sobre o preconceito ao judaísmo, Patrick relata que o antissemitismo diminuiu muito no Brasil.

“Em relação ao antissemitismo, eu vejo que isso diminuiu muito. Antigamente esse preconceito era muito mais forte. Hoje em dia eu não vejo quase nada contrário à religião judaica. Pelo contrário, atualmente, existem diversos monumentos e homenagens à cultura judaica no Rio de Janeiro e em todo o Brasil”, destaca.

Fany, por sua vez, faz um alerta: o preconceito ainda existe e precisa ser combatido.

“A ameaça do antissemitismo ainda ronda o mundo todo e envergonha as pessoas de bem. É um grande desafio para a humanidade modificar preconceitos e radicalismos de todas as cores, formas e bandeiras”, ressalta.

Por fim, os brasileiros de origem judaica comemoraram o fato de existir uma data para celebrar a história do judaísmo em terras tupiniquins.

“Comemorar a imigração judaica no Brasil é uma forma de reconhecer a grandeza desse país e agradecer pela oportunidade de participar dessa sociedade colaborando para seu crescimento”, afirma Fany.

“Eu acho que é sempre válido a gente comemorar algo positivo e que una os povos. Ainda mais nesse momento de divisão mundial de nações. Então, comemorar o dia da imigração, esse convívio com o estado de Israel e a cultura liberal da religião judaica que contribuiu muito com o Brasil e, mais ainda, com a criação do Estado de Israel. Então, acho fundamental celebrar o Dia da Imigração Judaica’, conclui Patrick.

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