Agosto Lilás: crescem registros de estupro contra mulheres na Deam de Nova Friburgo

O mês de Agosto é marcado pela conscientização sobre a violência contra a mulher.

Conhecido como Agosto Lilás, ele também celebra os 19 anos da Lei Maria da Penha.

Em Nova Friburgo, Região Serrana do Rio, números divulgados pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) revelam um cenário preocupante.

Dados registrados pela instituição apontam que, embora não tenha ocorrência de feminicídio na cidade, até o momento em 2025, a quantidade de denúncias de estupros cresceu em relação a todo o ano anterior.

Segundo a Deam, durante o ano de 2024, foram contabilizados 20 estupros, 406 casos de lesão corporal e 411 ameaças contra mulheres, somente na delegacia especializada.

No ano de 2025, até o mês de agosto, os números de estupros chegaram a 24, além de 317 lesões corporais e 335 ameaças.

A comparação mostra um aumento proporcional nos casos de estupro e manutenção de patamares elevados nas demais ocorrências, mesmo quatro meses antes do encerramento do ano.

Dados do ISP

Já os números consolidados pelo Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP) mostram uma realidade ainda mais preocupante.

Segundo o ISP, a diferença entre os números divulgados pela instituição e os apresentados pela Deam ocorre porque os casos em Nova Friburgo (assim como em outra cidade) podem ser registrados em qualquer delegacia do estado.

São essas ocorrências, independentemente do local onde foram formalizadas, que entram na contagem do ISP.

Em 2024, segundo a entidade, foram registrados 61 casos de estupro contra mulheres na cidade.

Sendo que em 28,6% desses, as vítimas tinham relação com os próprios abusadores, como pai/mãe ou padrasto/madrasta.

Ainda segundo o ISP, o número de lesões corporais contra mulheres foi ainda maior do que os registrados pela Deam, neste mesmo ano.

Um total de 499 casos, sendo que 256 teriam sido cometidos por companheiros das vítimas e 112 por ex-companheiros.

E o número de ameaças contra mulheres, apontado pelo instituto, também é bem mais expressivo do que o registrado pela Deam: 609 casos.

Deste total, 147 teriam sido feitas por companheiros e 152 por ex-companheiros.

O número de feminicídio no município neste período é o mesmo que o divulgado pela delegacia: um caso de grande repercussão, o assassinato da analista do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Karen Mancini, na época com 39 anos, teria sido morta pelo companheiro, Clodoaldo Queiroz, de 41 anos, no distrito de Lumiar, em abril.

Os dados de 2025 ainda não foram divulgados pelo ISP.

Posicionamento da Deam

A delegada titular da Delegacia Especialidade de Atendimento à Mulher (Deam) de Nova Friburgo, Mariana Thomé, conversou com o Portal Multiplix sobre a violência contra a mulher na cidade e fez uma avaliação sobre as estatísticas:

Os números vêm apresentando um aumento gradual, o que reflete uma maior conscientização das vítimas acerca da necessidade e da importância da denúncia. Este crescimento é interpretado como uma redução na subnotificação dos crimes, uma vez que, com a maior conscientização, as mulheres ganham coragem e força para denunciar.

Somente até agosto de 2025, a Deam de Nova Friburgo já contabilizou 335 ameaças e 24 estupros | Foto: Reprodução/Polícia Civil

Para a delegada, a luta contra a violência de gênero não é responsabilidade exclusiva das vítimas ou da polícia:

Um dos maiores desafios é a conscientização de que a luta contra a violência contra mulheres é de toda a sociedade. Sendo certo que esta e outras instituições podem colaborar com o trabalho da Deam, fortalecendo e servindo de rede de apoio para essas mulheres, bem como denunciando violências que eventualmente presenciem.

Ela finaliza a conversa com um alerta.

A mensagem é que as mulheres não tenham medo de denunciar e que o façam ao menor sinal de violência.

Patrulha Maria da Penha completa seis anos

Criado para combater a violência contra a mulher, o programa Patrulha Maria da Penha – Guardiões da Vida, da Secretaria de Estado de Polícia Militar do Rio de Janeiro (SEPM), completa seis anos de atuação este mês, com números expressivos: 105.969 mulheres atendidas em todo o estado, sendo que, deste número, 88.800 passaram a receber acompanhamento permanente no âmbito do programa preventivo.

Os dados reforçam a dimensão do problema: a violência contra a mulher e a violência doméstica ocupam a segunda posição no ranking de chamadas para a Central 190 da Polícia Militar, representando mais de 10% dos acionamentos de viaturas em todo o estado.

Patrulha Maria da Penha completa seis anos neste mês com mais de 100 mil mulheres atendidas | Foto: Reprodução/PMERJ

Segundo o gestor da Secretaria de Estado de Polícia Militar no Rio de Janeiro, o coronel Marcelo de Menezes Nogueira, a violência contra a mulher é atualmente um dos principais desafios da segurança pública:

Apesar dos esforços, a incidência desses crimes ainda exige atenção especial de toda a sociedade, não apenas das forças de segurança. A Patrulha Maria da Penha da Polícia Militar tem feito a sua parte e é um exemplo a ser seguido em todo o país. Basta dizer que mais de 100 mil mulheres passaram por nossa rede de proteção.

Onde procurar ajuda em casos de violência contra a mulher em Nova Friburgo

Mulheres em situação de violência em Nova Friburgo, Região Serrana, contam com diferentes canais de atendimento e acolhimento.

Veja quais são:

Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam)

A unidade funciona na avenida Presidente Costa e Silva, nº 1.501, 3º andar, no Centro.

Secretaria da Mulher de Nova Friburgo

O órgão oferece serviços de orientação e apoio às vítimas.

O atendimento acontece na avenida Alberto Braune, nº 224, sala 213 (antigo prédio da Oi).

Tecle Mulher

Organização da sociedade civil com atuação nacional e internacional.

O serviço é totalmente virtual e oferece orientação e suporte em casos de violência e em questões relacionadas aos direitos das mulheres.

O atendimento é anônimo e totalmente confidencial e pode ser feito aqui.

190

O 190 para acionar a Polícia Militar em casos de emergência.

180

O 180 para acionar a Rede de Atendimento à Mulher em situação de violência.

100

O Disque 100 para denúncias de violação de Direitos Humanos.

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