Baleias são confundidas com tubarões ao encalharem em praia de Arraial do Cabo; veja vídeo

Banhistas que estavam na Prainha, em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio, levaram um grande susto após três peixes de grande porte encalharem na praia. Quem estava na areia e na água, pensou que se tratava de um ataque de tubarão a outros animais marinhos. O caso aconteceu no sábado, 31.

No vídeo abaixo que circula nas redes socais, é possível ouvir os gritos dos banhistas. As pessoas saíram correndo sem entender o que realmente estava acontecendo. Outras, ao perceberem a agonia dos animais se debatendo, tentaram ajudar. Ninguém se feriu durante o tumulto.

O pânico aumentou quando uma mancha escura e avermelhada começou a tomar conta da água, o que parecia ser sangue. Uma equipe da Fundação do Meio Ambiente (Funtec) do município foi acionada até o local, para verificar o caso, mas não chegou a tempo de ver os animais marinhos na beira do mar.

Alguns frequentadores da praia chegaram a pensar que fosse um cação em busca de sua presa, mas a Prefeitura de Arraial do Cabo informou que os agentes da Funtec identificaram que os animais que encalharam eram três 'cetáceos odontocetos', que são espécies de baleias menores.

Segundo o biólogo especialista em cetáceos, Marcelo Tardelli, “é muito provável que a espécie seja a Cachalote Anão”. Se confirmada, é a primeira vez que essa baleia, considerada rara, aparece na cidade, sendo um importante registro para a ciência.

As equipes já estão apurando o que levou os animais ao encalhe.

“A Funtec informa ainda sobre a importância de não se aproximar dos animais encalhados e não tocar neles, para evitar acidentes e manter a segurança de todos. Nesse caso, o mais aconselhável é aguardar a chegada de equipes especializadas para ajudar o animal”, ressaltou a fundação.

Fundação do Meio Ambiente acredita que a espécie seja a Cachalote Anão | Foto: Divulgação/Funtec

Sobre a mancha vermelha, o motivo não foi explicado na nota, mas de acordo com o especialista em Cachalotes, Gabriel Leandro Gomes, essa espécie tem um mecanismo parecido com o de lulas e polvos, só que em vez de tinta ela solta restos fecais.

Ele afirma que dentro das suas diversas características particulares, possuem no final do intestino uma bolsa que armazena fezes de aspecto amarronzado e, quando assustados, liberam essa nuvem escura para fugir ou desorientar possíveis predadores.

“O gênero possui duas espécies, o cachalote-pigmeu (Kogia breviceps) e o cachalote-anão (Kogia simas), como o nome sugere são parentes das Cachalotes-gigantes, porém bem menores. São espécies de hábitos profundos, comportamento discreto e avistagens raras. Morfologicamente, elas são muito parecidas e é difícil de identificar a espécie exata pelo vídeo. Em algumas notícias, pesquisadores entrevistados dizem ser um cachalote-anão, mas eu não afirmo nada, visto as imagens ruins do animal", explicou Gabriel.

Pescadores artesanais já pescaram cações em praias de Arraial do Cabo | Foto: Marcos Júnior

O que é um cação?

Segundo informações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a regionalidade muda a forma pela qual o animal é classificado. Em alguns locais, é apontado que cação é o filhote de tubarão, em outros, que a partir de determinado tamanho, ele já considerado um tubarão.

De acordo com um site especializado em pesca, o cação é uma das espécies de peixes no mar mais procuradas. Podendo chegar a 40kg e com um tamanho superior a 1 metro, a espécie é apreciada por causa do sabor diferenciado sua carne.

Dados apontam que a melhor época para a pesca do cação é durante o verão. Nesta época, o animal se aproxima da costa buscando a reprodução, momento em que se formam cardumes.

O peixe é comum na Região dos Lagos. Não há registros de ataques.

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