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Você acredita nisso mesmo?

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Por George dos Santos Pacheco
01/03/23 - 10:43

Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay.” (Ditado espanhol)

“Você vai ver, cara. Isso vai ser notícia em tudo que é canal hoje”, comentou o sujeito, a voz carregada de um tom enigmático, embora assertivo.

Eu estava no quintal de casa, instalando uns ganchos de rede que havia prometido à Dona Maria, quando os fragmentos de uma entusiástica conversa numa construção em frente chamou minha atenção.

Era uma segunda-feira. No fim de semana, os norte-americanos haviam abatido três objetos voadores que sobrevoavam seu território, ocorrência envolta numa atmosfera de mistério, digna de filmes de espionagem.

A mídia do mundo inteiro cobria o caso, que era investigado por militares, FBI e também (por que não?) os funcionários de uma obra em plena Nova Friburgo.

– Mercúrio. Mercúrio é o planeta mais próximo do sol. – afirmou categoricamente um deles, enquanto batiam de maneira coordenada as marretas num concreto firme, a voz ligeiramente ofegante.

– Eles nem sabem o que é ainda, cara. Estão recolhendo os destroços no mar para identificarem. Acham que pode ser balões chineses ou alienígenas. – asseverou o outro, também arfando, num breve intervalo das pancadas.

– Mas você acredita nisso mesmo? Digo, nos extraterrestres? – perguntou o segundo, incrédulo e desconfiado. Mais duas marretadas no concreto e o interlocutor parou o que estava fazendo para responder, a voz se deslocou para o fundo da obra e retornou.

– Teve uma vez, cara… eu morava lá nos Peões, em Lumiar. Eu saí do trabalho, passei em casa, tomei um banho rapidinho e fui e jogar uma sinuca com os colegas para distrair, beber uma cerveja… Ninguém é de ferro, não é? Aí, quando eu fui embora, era para lá de onze horas. O caminho para minha casa era uma rua de chão batido, incrivelmente deserta, naquela hora.

Era uma noite sem lua, estava um breu danado e não dava para enxergar nada, nadinha. De repente, meu amigo... surgiram na minha frente, (bem lá na frente) duas luzinhas zanzando para um lado e para o outro, e vinham crescendo e crescendo na minha direção. Zé, eu comecei a rezar.

As luzes aumentavam cada vez mais de tamanho até que ficaram uma pertinho da outra e aceleraram o deslocamento… – explanou ele, a voz trêmula e ofegante. Bateu no concreto outra vez e o som indicou uma rachadura na pedra.

– Deus me livre… – disse o outro no intervalo da palestra.

– Pois é. Aí eu ouvi chamarem meu nome. “Tião… Tião…”, repetia uma voz de timbre rouco, carregada de uma raiva, que só você ouvindo para acreditar. Te esconjuro!

– Peraí, o seu nome?

– Isso mesmo. “Tião, seu canalha!”, xingou a voz mais bonitinha, um tanto chorosa. “Eu não te falei, minha filha? Ele disse que ia pro bar, mas aposto que estava com outra. Ele não presta e eu te avisei! Eu te avisei!”, esbravejou minha sogra numa reprimenda, jogando o facho da lanterna na minha cara. Você acredita que ela havia convencido a minha esposa a ir me buscar no bar? Agora, tem cabimento um negócio desses? – arguiu ele, cheio de indignação.

– Não entendi. O que a sua sogra tem a ver com os alienígenas? – perguntou o outro, confuso.

– Zé, você não conhece a caninana que é minha sogra. Se aquela criatura existe, qualquer coisa pode existir. Conspirações chinesas, gnomos, mula sem cabeça, saci e inclusive alienígenas. Existem sim, claro que existem. – concluiu, e permaneceram em silêncio por algum tempo. – Será que se eu ligar para a NASA, eles vêm buscá-la?


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