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FIFA, a Senhora dos Desejos

⁢Mais uma vez, o tema da corrupção entrou em campo junto com a seleção brasileira

Por Conrado Werneck Pimentel
13/07/18 - 13:42

Quando, em 2013, em todo o Brasil, pedíamos saúde, segurança e educação no “padrão FIFA”, era porque acompanhávamos o despejo quase que imensurável de dinheiro – público e privado – nos estádios e em obras de mobilidade urbana nas grandes cidades. O montante de dinheiro investido para que a Copa das Confederações daquele ano e, em seguida, a Copa do Mundo fossem realizadas de acordo com as exigências da FIFA era motivo de revolta e ultrapassou o campo ideológico. Já em 2014, o torcedor arrefeceu frente a todas as notícias de corrupção, por vezes partindo do empresariado, vezes outras da classe política.

Em 2018, não foi muito diferente: uma torcida mais minguada, descrente e que se autoboicotou. A camisa canarinha com o símbolo da CBF causou mais ojeriza do que motivo de orgulho, e o velho clichê do “pão e circo” voltou com força total para desmobilizar todo e qualquer sentido de torcida. Mas nos cabe a pergunta: se não houvesse a Copa do Mundo e todo o envolvimento afetivo que existe na sociedade brasileira com este esporte, haveria menos manobras mesquinhas e tacanhas no nosso Congresso? A Câmara e o Senado Federal iriam parar de atuar a favor dos lobbies que dominam o cenário nacional?A PL do Veneno não seria aprovada ? A sociedade, atônita, se colocaria contra este e tantos outros descalabros e iria às ruas, pararia o país, se não houvesse este evento mundial? Assistindo ou não aos jogos nos bares e nas lajes, lendo ou não livros sofisticados, assistindo ou não a filmes cults do século passado – independente de tudo e qualquer coisa que preferimos fazer, tudo isso continuaria se desenrolando, exceto uma coisa: superar a polaridade na qual estamos imersos e que se tornou um espiral negativo que tragou até mesmo – vejam só – uma paixão, quase um patrimônio imaterial: o futebol e tudo o que ele representa para milhares de pessoas nesse país.

Ser avesso a um esporte capitaneado por uma entidade reconhecidamente corrupta como é a FIFA é compreensível, mas é, também, sucumbir ao poder da corrupção que chega, como última consequência, a não só tirar vidas – algo extremamente revoltante – , mas a nos tirar o que temos de mais íntimo, que são nossas paixões e desejos. O futebol, como qualquer outro esporte, é uma arena de criação e fortalecimento de laços sociais, de identidade social e também política. Deixar que o poder da FIFA nos tire isso é nos deixar abater e nos deixar dominar por uma entidade que pretende ser a representante do esporte no mundo todo, mas, sabemos todos nós, o futebol é muito mais do que o poder corrupto e corruptor da FIFA ou da CBF. Resistir a essa coerção na esfera mais íntima e não se deixar intimidar por essas e quaisquer outras organizações que se julgam detentoras dos nossos desejos; basta o mal que infligem diária e objetivamente. Às vezes, resistir no âmbito subjetivo se faz necessário.


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