Sociedades médicas passam a enquadrar pressão de 12 por 8 como pré-hipertensão
Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial de 2025 foi apresentada no 80° Congresso Brasileiro de Cardiologia

Na última semana, três sociedades médicas divulgaram a "Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial - 2025" (DBHA 2025), com novas condutas a respeito da doença. Agora, é recomendado classificar como pré-hipertesão valores iguais ou acima de 12 por 8 (120-139 e/ou 80-89 mmHg).
O estudo manteve o diagnóstico de pressão alta para valores iguais ou superiores a 140 e/ou 90 mmHG, confirmados em duas aferições.
Em ambos os casos, são considerados resultados em consultórios.
O documento, que possui 154 páginas, foi apresentado no 80° Congresso Brasileiro de Cardiologia e elaborado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH).
Ao Portal Multiplix, o presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão, dr. Nelson Dinamarco, falou sobre a importância dessa diretriz:
A ciência tem evoluído muito, necessitando sempre reavaliar as descobertas e os implementos que poderão ser incorporados ao nosso dia a dia. A compilação de novos dados e as suas incorporações à atual Diretriz 2025 é uma prova de que a ciência evolui e, com isso, a nossa Ciência, no Brasil, está permanentemente alinhada, atual e em conformidade com o mundo científico.
A DBHA 2025 busca orientar os profissionais de saúde no tratamento aos pacientes com hipertensão arterial. Um dos pontos abordados no documento são os cuidados a serem tomados em cada diagnóstico.
Enquanto que para os pré-hipertensos a recomendação inicial é de medidas não medicamentosas, como atividade física regular e dieta DASH, para os hipertensos, já é indicada a inclusão de remédios.
Nos casos de pacientes com pressão entre 13 por 8 e 13,9 por 8,9, se a mudança para hábitos mais saudáveis não alterar o quadro, também é recomendado o uso de medicamentos.
O dr. Nelson Dinamarco, que é professor titular de cardiologia da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), explicou um pouco sobre as atitudes a serem tomadas:
As pessoas, inicialmente devem adotar o que chamamos na diretriz de 'mudança de estilo de vida', visando diminuir os valores pressóricos e reduzir o risco cardiovascular. Lembrando que o valor para se considerar o paciente hipertenso é 140 x 90 mmHg em medidas consecutivas e não apenas uma medida.
O estudo ainda esclarece o que deve ser feito em situações específicas, quando a pessoa a ser tratada já possui outras condições clínicas, como doença renal crônica, diabetes mellitus, obesidade, Covid-19, doença artéria coronariana, pós-acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca.
Ou seja, o tipo de tratamento pode ser mais específico, de acordo com cada paciente.
Os responsáveis pela elaboração do documento destacam ainda que, pela primeira vez, a "diretriz inclui um capítulo inteiramente dedicado às especificidades do manejo da hipertensão no Sistema Único de Saúde (SUS)".
De acordo com o apresentado, isso é de grande relevância, uma vez que cerca de 75% dos pacientes com hipertensão arterial no Brasil são tratados no SUS, especialmente na atenção primária, como nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), os conhecidos postos.
A DBHA 2025 traz os levantamentos sobre a doença no país, derivados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) e da Pesquisa Nacional de Saúde, ambos do Ministério da Saúde:
A análise de dados do Vigitel entre 2006 e 2019 mostrou que a prevalência de HA [hipertensão arterial] em adultos foi de 24,5% em média, mantendo-se estável no período. Após a pandemia de Covid-19, dados do Vigitel 2023 mostraram tendência de crescimento na prevalência de HA, alcançando 27,9% (intervalo de confiança [IC] 95% 26,6 – 29,2). A capital estadual com a menor prevalência foi São Luís (19,2%; IC 95% 15,7– 22,7), e a maior foi Rio de Janeiro (34,4%; IC 95% 29,8 – 39,0).
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, entre 2013 e 2019, houve uma tendência crescente, "de 21,4% (IC 95% 20,8 – 22) em 2013 para 23,9% (IC 95% 23,4–24,4) em 2019".
Medidas não medicamentosas
O tratamento não medicamentoso busca modificar o estilo de vida do paciente e é indicado para todos os casos.
Entre as medidas recomendadas estão:
- não fumar;
- dieta saudável (DASH);
- Índice de Massa Corporal (IMC) 18-24 kg/m²;
- redução da ingestão de sódio;
- aumento da ingestão de potássio dietético;
- atividade física regular;
- baixa ingestão de álcool e
- práticas de espiritualidade e controle de estresse.
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