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Recuperação da Lagoa de Araruama é exemplo de revitalização em conferência da Glocal Experience no Rio

Evento recebe personalidades que debatem os temas: água, clima, energia e resíduos. Intenção é alcançar objetivos da ONU até 2030

Por Déborah Carvalho
15/07/22 - 15:04
Recuperação da Lagoa de Araruama é exemplo de revitalização em conferência internacional no Rio Evento conta com diversos experimentos imersivos para chamar a atenção do público para os problemas climáticos | Foto: Divulgação/Glocal Experience

Nesta semana, a Lagoa de Araruama, na Região dos Lagos do Rio, foi exemplo de revitalização durante a Conferência Glocal Experience, na Marina da Glória, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

O evento gratuito, que começou no último sábado, dia 9, e segue até este domingo, 17 de julho, conta com um espaço para troca de experiências e análises em que lideranças brasileiras e globais debatem soluções de desenvolvimento sustentável e o futuro do planeta Terra.

A conferência discute quatro pilares: água, clima, energia e resíduos. A intenção é alcançar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) indicados da Organização das Nações Unidas (ONU) para 2030.

O tema “Baías e lagoas de todos nós” foi debatido na quinta-feira, 14, e teve a Lagoa de Araruama como um exemplo de projeto de recuperação de corpos hídricos.

No espaço de discussão sobre baías e lagoas, o evento recebeu o biólogo, ambientalista e professor de engenharia ambiental da Universidade Veiga de Almeida do Campus Cabo Frio, Eduardo Pimenta, coordenador do Projeto Imersão, que monitora a qualidade da água da Lagoa de Araruama desde o ano passado.

Nesses últimos dois anos, a Lagoa de Araruama tem se mostrado em plena recuperação, em pleno processo de melhoria das condições de balneabilidade. Isso reflete diretamente na produção pesqueira, nas atividades náuticas, esportivas e no turismo de forma benéfica.

Mas Eduardo Pimenta alerta que o tratamento de esgoto precisa melhorar ainda mais:

Percebemos que os índices, principalmente de fósforo, ainda estão muito elevados, o que sugere que possa ser melhorada a eficiência das estações de tratamento de esgoto ao nível terciário.

O biólogo também comemorou a participação na conferência: “Foi uma experiência enriquecedora. O evento tem como eixo central os cases de sucesso. Quando a gente consegue propagar o case de sucesso da recuperação da Lagoa de Araruama, na mesma mesa de debate junto ao case de sucesso da Baía de Sidney e, também, envolvendo a comunidade da Associação de Pescadores da Baía de Guanabara, a gente consegue trocar experiências, enriquecer e aprender com os casos que foram apresentados. Eu fiquei muito feliz de ter a oportunidade de divulgar a ciência em prol da sustentabilidade ambiental, do equilíbrio social e da eficiência econômica".

A Lagoa de Araruama

A maior laguna hipersalina em estado permanente do mundo sofreu um colapso em 1999, ficando totalmente eutrofizada, ou seja, houve o aumento da matéria orgânica e a diminuição dos níveis de oxigênio dissolvido na água, impedindo a sobrevivência de várias espécies de animais e plantas, causado pelo descarte irregular de esgoto in natura.

A Lagoa de Araruama, na verdade, é uma laguna, pois possui ligação com a água do marA Lagoa de Araruama, na verdade, é uma laguna, pois possui ligação com a água do mar | Foto: Divulgação/Prolagos

Os impactos provocados pela degradação ambiental naquela época são lembrados pela secretária executiva do Consórcio Intermunicipal Lagos São João, órgão que atua pela proteção da Lagoa de Araruama. Adriana Saad explica que as algas surgiram por causa do lançamento de esgoto bruto, gerando uma grande mancha negra que nunca mais saiu da laguna:

A Lagoa deixou de ser cristalina e virou verde musgo, devido às microalgas que se estabeleceram na massa de água.

Em 2002, o estado de saúde do principal ponto turístico de municípios como Araruama, Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia era precária, afetando o turismo, a pesca e o comércio local. Em certos pontos, havia a transmissão de hepatite. As regiões banhadas pela Lagoa de Araruama tiveram os imóveis desvalorizados e os pescadores precisaram mudar para subempregos.

Os turistas decidiram ir para as praias oceânicas em vez de ficar nos municípios cercados pela Lagoa de Araruama, contribuindo para o aumento de visitantes em Arraial do Cabo, Búzios e Cabo Frio, conta Saad:

Esses locais ficaram estupidamente cheios com várias construções irregulares, invasão, praias super lotadas, turismo de baixa qualidade e degradação ambiental.

A pressão da sociedade civil organizada para revitalizar a laguna fez com que medidas fossem tomadas, como a mudança do sistema de coleta de esgoto adotado na região.

Inicialmente, os contratos de concessão previam o modelo separador absoluto, com a construção de redes coletoras a partir do décimo ano de concessão. Para antecipar os investimentos e acelerar os resultados, foi adotado o modelo de coleta em tempo seco, que desvia o esgoto que corre pela drenagem pluvial por meio de coletores e encaminha para as estações de tratamento.

O sistema, que já era usado na Europa, foi fundamental para a recuperação da laguna. Hoje, 80% do esgoto é coletado e 100% do esgoto coletado é tratado, segundo dados da Prolagos, concessionária responsável pela distribuição de água potável e tratamento de efluentes da Região dos Lagos.

“Como operadores do saneamento, nossa meta é levar mais saúde, qualidade de vida e desenvolvimento para os municípios onde atuamos. Nos próximos cinco anos, serão feitos investimentos para universalizar o acesso à água tratada e, principalmente, ampliar a coleta de esgoto com a implantação de redes separativas. Além disso, já neste mês, será iniciada a última fase da construção de um cinturão no entorno da Lagoa de Araruama, protegendo ainda mais este importante ecossistema”, explica Pedro Freitas, diretor-presidente da Prolagos.

Outra medida recente que vai ajudar a melhorar a balneabilidade e a renovação de água na Lagoa de Araruama é a obra de dragagem, lançado pelo governo estadual, no Canal do Itajuru, único ponto de ligação da laguna com o mar. A previsão de término das obras é até janeiro de 2023. O custo do procedimento será cerca de R$ 22 milhões, com recursos do Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano (Fecam).

As iniciativas adotadas para salvar a Lagoa de Araruama serviram de exemplo para salvar a Baía de Guanabara, sendo debatido na conferência da Glocal Experience. O evento também contou com a presença de Jeremy Dawkins, professor de gestão urbana da Universidade de Camberra (Austrália), Nicola Cotugno, líder do processo de transição energética para modelo mais sustentável da Enel Brasil, Alaildo Malafaia, condutor de ecoturismo e presidente da Cooperativa Manguezal Fluminense.

Veja outras notícias das Regiões Serrana e dos Lagos do Rio no Portal Multiplix.


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