O que Papai Noel representa no imaginário infantil?
“Brincar, esperar o Papai Noel, se identificar com princesas e super-heróis são formas de se expressar e organizar o mundo interno”
24/12/18 - 09:34
A imagem do senhor de barba branca, risonho, de roupa vermelha, que vem visitar as casas de trenó, puxado por renas e duendes na noite de Natal para presentear as crianças, costuma passear no imaginário infantil nesta época do ano. E toda essa magia é nutrida por luzes coloridas, propagandas comerciais e pela promessa de ganhar o presente desejado, a recompensa tão esperada pelo bom comportamento e boas notas na escola durante o ano. Mas qual é a importância do Papai Noel para as crianças?
Hanne Schwab, mãe do Leonardo, de seis anos, diz que ele acredita em tudo: em Papai Noel, Coelho da Páscoa, etc. “Acho importante a ludicidade, incentivar a imaginação na criança. O Léo já escreveu a cartinha, pendurou a meia e também costuma separar um pratinho com comida e suco na Noite de Natal para o bom velhinho matar a fome quando vier trazer o presente”, diz.
A psicologia infantil afirma que figuras imaginárias podem auxiliar no desenvolvimento cognitivo das crianças, facilitando, assim, o entendimento de conceitos como solidariedade, bondade, e caridade, que estão relacionadas ao espírito de Natal.
Segunda a psicóloga infantil Ágatha Abraão de Oliveira, a fantasia e o brincar são importantes na infância, pois são aspectos estruturantes para o desenvolvimento infantil.
“O brincar e a fantasia são formas da criança, que ainda não dispõe de recursos emocionais e cognitivos totalmente desenvolvidos, expressar suas emoções e desejos. Um adulto consegue, na maioria das vezes, lidar com a linguagem para expressar seu mundo interno. A criança, nem tanto. Brincar, esperar o Papai Noel, identificar-se com princesas e super-heróis são formas de se expressar e organizar o mundo interno”, diz.
Sobre deixar de acreditar em Papai Noel, Ágatha diz que acontece em um processo gradativo de amadurecimento, conforme elas vão conseguindo se expressar, nomear o que sentem e desejam expressar suas emoções, seus medos. “Elas vão, gradativamente, abandonando suas fantasias e deixando de acreditar no bom velhinho, no coelho na páscoa, no velho do saco”, complementa.
A psicóloga chama atenção para a importância dos pais não interromperem a fantasia dos pequenos.“Acho que forçar a criança a deixar de fantasiar invade o curso de desenvolvimento deles. O papel dos pais seria incentivar e respeitar a fantasia, porque é uma expressão dos desejos. O desenvolvimento da criança deve ser observado e, quando estiverem maduras, aí sim os pais podem dizer que Papai Noel não existe, antes disso, é invasivo”.
São Nicolau
Conforme a lenda popular, o Papai Noel mora no Polo Norte, na Finlândia, e vive com sua esposa Mamãe Noel. Mas ele foi inspirado em São Nicolau, arcebispo da Turquia, no século IV, que ajudava, anonimamente, pessoas com dificuldade financeiras, entrando nas chaminés das casas e deixando um saco de moedas de outro. Entre 1931 a 1964, o Papai Noel, vestido de vermelho, ganhou uma conotação consumista com a publicidade da Coca-Cola.