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Mais um filhote de anta é registrado dentro de área de preservação em Cachoeiras de Macacu

Mas ambientalistas estão preocupados com a presença de caçadores armados na região

Por Redação Multiplix
09/08/22 - 16:28 | Atualizada em 10/08/22 - 11:13
Mais um filhote de anta é registrado dentro de área de preservação em Cachoeiras de Macacu A população de antas está voltando a crescer no estado do Rio de Janeiro | Fotos: Reprodução/Armadilha Fotográfica do Projeto Guapiaçu (Petrobras)

Um equipamento, chamado de armadilha fotográfica, instalado na Reserva Ecológica de Guapiaçu, em Cachoeiras de Macacu, registrou o quarto filhote de anta livre na natureza. O registro foi feito pelas equipes dos projetos Refauna e ANTologia.

A notícia de que a população de antas está voltando a crescer no estado do Rio foi comemorada, porque o animal era considerado extinto há 100 anos. O filhote visto no início do mês é o segundo nascido neste ano. Ele tem entre quatro e cinco meses de idade.

O último registro oficial de anta no estado foi em 1914. Em 2016, o trabalho de reintrodução começou a ser planejado. No ano seguinte, chegaram as primeiras antas à região para serem soltas no início de 2018. A gestação dura 13 meses para o nascimento de um único filhote que, depois de nascer, acompanha a mãe por cerca de um ano e meio.

“As pessoas acham que quando soltamos um bicho na natureza significa que ele deixou de ser extinto. Mas não é assim. Para considerarmos que a população foi restabelecida, precisamos de um tamanho populacional mínimo. Consideramos que a população já foi restabelecida com sucesso com aproximadamente 50 indivíduos", explica o coordenador do Projeto Refauna, Maron Galliez.

Romenique Schimidt, coordenador do Parque Estadual Três Picos - área vizinha à reserva, reforça a informação:

“Ela foi extinta de forma natural devido alguns motivos como falta de habitat e caça, mas hoje ela está presente na região, por causa desse trabalho de reintrodução dessa espécie. Hoje ela foi trazida de um outro local, de um criadouro e, está novamente no habitat que há anos passados era dela.”

A importância da anta na natureza é destacada pelo coordenador do Projeto Refauna:

A anta é o maior mamífero terrestre nativo do Brasil e é fundamental para o funcionamento dos ecossistemas, para a dispersão das sementes, para aumentar a biodiversidade vegetal de uma floresta.

Ainda de acordo com Maron Galliez, sem anta as sementes de grandes tamanhos caem das árvores e não tem outro animal para dispersar. Essas sementes apodrecem e no futuro essa floresta não consegue se regenerar. A reintrodução das antas, como explica ele, tem um foco no reestabelecimento das interações ecológicas que esse animal faz.

População

Atualmente, são 12 antas vivendo soltas, graças aos esforços para trazer de volta esse animal às matas fluminenses. Desse total, quatro nasceram em liberdade.

O trabalho é feito também junto à população do entorno, para que os animais sejam bem recebidos. Em setembro próximo, chegará mais um casal e, até o final de dezembro, é esperado um outro.

Preocupação

O nascimento de mais um filhote de anta é motivo de preocupação. Em entrevista para a Agência Brasil, a bióloga Joana Macedo, coordenadora do Projeto ANTologia, informou que as armadilhas fotográficas também têm registrado a presença de caçadores armados na área. Isso ocorreu na mesma trilha e no mesmo dia em que o filhote passou com sua mãe. A coordenadora alerta:

Pelas fotos, a impressão que a gente tem é que está vindo gente de fora para caçar por ali.

Segundo Joana Macedo, normalmente o monitoramento detecta gente passando pelas trilhas, em sua maioria turistas ou pescadores que usam os lagos da região para pescar à noite. Mas tem sido frequente encontrar pessoas andando armadas na floresta, com roupas camufladas.

Isso tem aumentado e está bem preocupante.

Armas de fogo

Para os pesquisadores, é reflexo da política de flexibilização de licenças para armas de fogo, que fez aumentar em 474% o número de registro de caçador, atirador e colecionador (CAC) nos últimos anos, de acordo com o Anuário de Segurança Pública. O fato foi denunciado ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea), que tem contato direto com a Polícia Ambiental e pode realizar as ações pertinentes.

Segundo a coordenadora do Projeto ANTologia, um dos problemas do aumento expressivo do acesso às armas de fogo é pôr em risco a fauna local, incluindo as espécies ameaçadas de extinção, além da equipe que trabalha em campo.

É triste para os que trabalham pela conservação da biodiversidade, mas seguimos nessa luta, torcendo pela segurança desse filhote de anta e de todos os animais silvestres que enriquecem nossas florestas.

Até hoje, não foi registrada nenhuma anta perdida para caça. Joana admitiu, contudo, que há animais que migram para fora da área monitorada e a reserva perde suas informações. A preocupação é grande porque o trabalho e a reintrodução dos animais na natureza têm custos elevados, requerem muito planejamento e exigem uma equipe grande de profissionais.

Meta

A meta dos pesquisadores é estabelecer uma população de 50 antas vivendo em todo o maciço florestal que forma o mosaico central da Mata Atlântica fluminense, que reúne várias unidades de conservação contíguas, incluindo animais adultos e nascimentos.

Esse é o número mágico que a gente quer alcançar. É um trabalho de longo prazo.

Todos os animais são microchipados e levam um colar de monitoramento com GPS e rádio. A reintrodução das antas é uma iniciativa dos Projetos Refauna e ANTologia, com financiamento de Furnas, parceria da Reserva Ecológica de Guapiaçu e apoio da Secretaria de Educação de Cachoeiras de Macacu.

O Projeto Refauna tem o objetivo geral de restaurar a Mata Atlântica do Rio de Janeiro, sua fauna de mamíferos e as interações ecológicas. Já o Projeto ANTologia faz parte do Plano de Ação Nacional para Conservação de Ungulados, que são animais de cascos ímpares, como antas, rinocerontes, cavalos, burros, zebras.

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