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Como uma lâmpada definiu o modo de consumo de toda uma sociedade

Prática comum desde os anos 20, obsolescência programada dos produtos faz o homem consumir cada vez mais

Por Ana Blue
12/06/18 - 17:08
Como uma lâmpada definiu o modo de consumo de toda uma sociedade Obsolescencia Programada. | Banco de imagens

Você pode não conhecê-lo, mas o espanhol Benito Muros luta pelo seu interesse econômico. Foi numa viagem de férias, em 1999, que o engenheiro descobriu uma lâmpada ativa desde – pasmem! – 1901. Classificada como a mais antiga lâmpada do mundo pelo Guiness, atualmente ela está instalada na sede do Corpo de Bombeiros da cidade de Livermore, Califórnia, EUA, e funciona perfeitamente. Surpreso, Benito notou que se aquela lâmpada ainda funciona é porque, na época em que foi fabricada, existia algum tipo de tecnologia que lhe permitia essa durabilidade. E se perguntou: se havia essa tecnologia já naquela época, por que hoje os produtos duram tão pouco?

Foi aí que o espanhol descobriu o conceito de obsolescência programada. Predeterminar o tempo de duração de um produto é uma prática comum da indústria, adotada desde 1920 nos EUA. E ganhou força com a recessão de 1930, sob a ótica de que incentivar o consumo naquele momento era essencial para a economia, afinal, um produto que não se desgasta é uma tragédia para o comércio. Através de um pacto velado entre os fabricantes, as lâmpadas, naquele momento com 2.500 horas de vida aproximadamente, passaram a ser fabricadas para durar, no máximo, mil horas. Foi contra esse estado de coisas que Muros lançou um movimento, o Sem Obsolescência Programada (SOP) e, pior, deu um golpe final nos concorrentes: criou a lâmpada OEP Eletrics, com garantia de 25 anos – ou 219 mil horas de funcionamento contínuo.

De ofertas milionárias a ameaças de morte, a indústria já tentou de tudo para calar Benito Muros. Claro, não é só por causa de uma lâmpada. Quantos produtos tecnológicos há disponíveis, hoje, com essa mesma vida limitada? Se a obsolescência programada cair por terra, o consumo cai também. O mercado de celulares é um dos maiores exemplos. Os fabricantes lançam produtos periodicamente, dando a entender que os que foram lançados antes já estão ultrapassados, velhos. Chegam a integrar melhorias e otimizar sistemas apenas dos modelos novos, para que os antigos pareçam inúteis. E parecem. Por que, no fim, a gente compra mesmo tudo novo. O preço do conserto não compensa.

Lixo eletrônico: o mal do século

Com tantos descartes de produtos eletrônicos como celulares, televisores, lâmpadas de LED, baterias e pilhas, que possuem componentes com elementos nocivos (como cádmio, chumbo, mercúrio, berílio), estes devem ser descartados em locais apropriados, não no lixo comum, evitando assim poluir o meio ambiente.

Mas, para desespero dos ambientalistas e decepção de Benito Muros, o homem cultiva a cultura da substituição imediata. Troca-se o iPhone 5 pelo 6, o 6 pelo 6s, o 6s pelo 7 e o 7 pelo 8, a TV comum por uma digital, uma grande por uma enorme que, às vezes, nem condiz com o tamanho da sala...

E agora, o que fazer com o lixo eletrônico que fica para trás, se não pode ser jogado no lixo comum? De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a responsabilidade é dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes. É preciso que eles encarem a luta pelos aterros industriais especiais para resíduos químicos perigosos. Os celulares, por exemplo, devem ser devolvidos às lojas, que repassam aos fabricantes. As pilhas e baterias podem ser descartadas em pontos de coleta.

De acordo com relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2015, o Brasil é o país em desenvolvimento que mais gera lixo eletrônico por pessoa. Se descartado incorretamente, esse resíduo cria um sério problema ao meio ambiente. Porém, no país existem apenas 15 empresas licenciadas para esse tipo de descarte.


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