Mantendo a tradição: há 62 anos, a primeira Kombi brasileira saía às ruas

Há 62 anos, no dia 2 de setembro de 1957, a primeira Kombi brasileira saía da fábrica de montagem da Volkswagen, no município de São Bernardo do Campo, em São Paulo, a caminho do sucesso popular.

Kombinationsfahrzeug é o nome original do automóvel que, em alemão, significa “veículo combinado”. O veículo se tornou tradicional por sua funcionalidade, sendo o primeiro fabricado no país com função de transporte de carga de materiais ou de locomoção de pessoas, e hoje em dia é material de coleção de adoradores de automóveis em todo o mundo.

Foi em 2013, após aprovação de uma lei que tornou obrigatório o uso de airbags e freios ABS nos automóveis, que as Kombis saíram de linha e pararam de ser produzidas no Brasil. O fato de não serem produzidas não diminuiu a adoração dos brasileiros pelos veículos, que ainda são exibidos pelos donos orgulhosos.

É o caso do Celso DaKombi, como é chamado o músico de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio de Janeiro. Após alcançar a aposentadoria, ele decidiu investir em um sonho de juventude e unir a paixão pelas Kombis com o amor pelo rock’n’roll, e criou o projeto Rock na Kombi, que apresenta canções tradicionais do rock nacional e internacional, de forma itinerante, viajando numa Kombi.

“Quando eu tinha uns 7 anos de idade, o meu avô tinha uma kombi quebrada e deixava a gente brincar lá dentro. Então, a gente viajava o mundo, com a imaginação, naquela Kombi. Mais tarde, já adolescente, eu sonhava em comprar uma Kombi para tocar o meu rock’n’roll pra cima e para baixo, pelas estradas. A primeira oportunidade que eu tive de fazer isso, depois de aposentado, eu segurei e assim tenho feito”, conta Celso, que procura manter vivas as memórias através de seu projeto.

Celso utiliza a Kombi para fazer shows de rock na região. | Foto: Pedro Bessa

Por mais que as lembranças da infância e o sonho de juventude sejam fortes motivos, foi a esposa de Celso, a Belinha, o maior incentivo para adquirir o automóvel. Ela é artista de rua e, para realizar as apresentações, assim como Celso com a música, precisava de um transporte e de espaço para guardar os utensílios do show. E foi assim que Dona Binha, como foi batizada a Kombi 94, começou a fazer parte da família. Mas o amor pelo veículo não parou por aí.

Chegou num momento em que a jornada tava ficando dupla, tripla para a Kombi. O Rock na Kombi começou a ganhar maior proporção, e a Belinha também estava com muitas apresentações. Decidimos comprar uma segunda Kombi, que é agora a que eu uso nos meus shows. A minha Kombi, apesar de ser mais nova na família, é de 1977, um modelo mais antigo que a nossa primeira, finaliza Celso DaKombi.

Assim como Celso, que usa o veículo para o rock’n’roll, e a Belinha, que a usa para espalhar palhaçadas, a criatividade das pessoas para dar funções para a Kombi é sem limites. As Kombis ultrapassaram o status de veículo e, hoje, podem ser, também, potenciais lojas itinerantes das mais diversas qualidades.