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Guerra e psicanálise

Por Paula Werneck
23/03/22 - 09:05

Em uma carta de 1932, Albert Einstein escreve para Sigmund Freud lhe perguntando sobre os caminhos para livrar o homem da ameaça de guerra. O texto com a pergunta do pai da física e a reposta do pai da psicanálise foi publicado sob o título de “Por que a guerra?”. Freud em sua resposta traz uma explicação sobre as causas psicológicas da violência: os instintos humanos de destruição e aniquilamento, que permitiriam o poder para uma destruição total dos povos.

Einstein, expondo suas ideias sobre a guerra ser consequência de questões políticas, culturais, econômicas e também psicológicas, pensava que por Freud ser um profundo conhecedor do psiquismo poderia elucidar métodos educacionais que impossibilitassem os conflitos armados. Freud segue o mesmo caminho de Albert Einstein sobre as causas, mas vai além, elucidando o importante ponto de que a violência é inerente à biologia do ser humano, desde o processo mais remoto de socialização.

Segundo o ponto de vista discutido, o interesse daqueles que detêm o poder se coloca acima das leis e faz uso da violência para o aumento ou manutenção desse poder, enquanto os dominados buscam igualdade de justiça, e a consequência são os conflitos, rebeliões e guerras civis, desde a mais remota existência da humanidade. A violência e a guerra reproduzem em maior escala os conflitos que acontecem entre pequenos grupos.

Freud nos alerta que o caminho possível seria o domínio do intelecto sobre os instintos, e, principalmente para os líderes natos, a possibilidade estaria na indignação ativa contra a guerra. A esperança reside em que o grito da injustiça, a dor e o sofrimento dos civis, encontrem eco e identificação por parte dos povos.

É necessário neste contexto Rússia x Ucrânia, que os líderes de outras nações assumam um lugar de oposição aos conflitos e de sensatez de que cada pessoa tem direito a sua própria vida.

A guerra vem aumentando expressivamente o número de refugiados ucranianos no mundo, pessoas que deixaram suas casas sem um destino certo para fugir do horror da guerra. Claro que o primeiro ponto é a garantia da sobrevivência, da integridade física, mas também devemos pensar no sofrimento que vai além das perdas materiais de deixar um lar, mas principalmente da ruptura de vida, separação de família, perdas de entes queridos.

A banalização da violência dirigida ao outro e da morte afeta o aparelho psíquico, num excesso pulsional difícil de assimilar, e deixa o sujeito submergido no trauma, refém da repetição da situação danosa. Situações de crise como as de guerra, podem provocar traumas e danos à saúde mental por um longo prazo.

Desejemos que os refugiados ucranianos não apenas possam encontrar o seu lugar no mundo, mas um acolhimento de outros povos e respeito à sua dor, e desse modo terem ao menos um mínimo para os curativos das cicatrizes psíquicas. Que o intelecto, o conhecimento, a racionalidade possam dominar os instintos de pulsão de morte mais imaturos do ser humano.


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